Buenas, galera! Fim do ano em rumo! Logo chegamos ao tão desejado mês de Dezembro! Claro, naturalmente, o mês mais importante é o de Novembro, quando eu comemoro anos. Mas isso você já sabia =)
Muito bem, galera! Esse blog precisa de uma postagem de continuação. Afinal de contas, nos aproximamos da comemoração do primeiro ano de Inominativo. Pretendo mantê-lo vivo, pelo menos, até lá. O ideal é mantê-lo eternamente, naturalmente. Mas, bah, vocês me entenderam.
Como eu tenho que upar um texto, though, falemos sobre algo importante e atual. A preservação das tartarugas molinares do Paraguai!! \o\
Tá bom, sem bobagens. Vamos ao prato principal de hoje.
Circuito de Tortura Juvenil
O Caminho das Pedras, Versão Hardcore
Todo mundo tem, no fundo, no fundo, vontade de ser um ônus para a sociedade. Sabe, ficar o resto da vida ganhando dinheiro sem trabalhar, de pernas pro ar, comendo e dormindo. A boa vida de Deus. ^^
Acontece que, infelizmente, não é bem assim que a música toca. As pessoas nos lembram constantemente que não podemos viver às custas deles, e temos que tomar jeito, e esse lero-lero todo. Usualmente, essa é a função de nossos pais, que dizem que não irão pagar suas contas eternamente, e que você tem a obrigação de estudar e ser alguém na vida.
Sim, ser alguém na vida. Acordar cedo, trabalhar como um camelo, dormir tarde e fazer disso uma rotina infinita, até que você tenha seus filhos e os ensine a fazer isso por você. Quão maravilhosa é a vida, hein?
Para que sejamos alguém na vida, aqui na maravilhosa terra brasileira, passamos por diversos rituais, desde que nascemos. E um deles, em especial, é bastante importante. Terrivelmente importante, eu diria. Ah, é claro que vocês sabem do que falo - a época dos vestibulares.
Vestibular, tecnicamente falando, é uma prova como todas as outras. Em toda a nossa vida letiva (e além dela, acreditem em mim), recebemos instruções sobre a vida, o universo e essas coisas. Aprendemos informações realmente desimportantes, como a fórmula de energia cinética de um corpo, a equação de Báskhara, o trovadorismo e outros desses atrasos sociais. Depois de um bimestre, um semestre, o que for, recebemos uma simpática folhinha sulfite, cheia de perguntas, e a gente tem que responder essas perguntas.
Primeiro que isso é um tremendo absurdo de tempo livre, na minha opinião. Em vez de todo mundo ser usado em coisas realmente úteis para o progresso da sociedade, ficamos dentro de uma sala respondendo pro professor perguntas as quais ele já sabe a resposta. Se ele já sabe responder, por que pergunta? Por que adular o aluno, humilhá-lo? Que prazer mais sádico. Credo. O professor e os alunos estão na sala somente jogando seus tempos fora, e deveriam fazer coisas mais proveitosas para a Economia do meu Brasil Varonil.
Segundo, depois que o cara ficou dois meses inteiros ouvindo o professor falar lá na frente sobre o que quer que seja, ele tem que dizer pro professor o que ele afixou. Mas aí que está o pulo do gato. Acompanhe comigo: o aluno estuda uma matéria aleatória. Ele entendeu conceitos fundamentais, e entendeu bem algumas partes mais isoladas. Digamos que ele tem conhecimento suficiente para acompanhar um programa de televisão que fale sobre aquilo. Acontece que, na prova, o professor - um cara amargurado pela vida que teve, por ter apanhado dos pais e por ter batido o sorvete de flocos dele na testa - faz perguntas das partes da matéria que ele não sabia (conhecem a Lei de Murphy?). Resultado: ainda que ele saiba a matéria, ele não foi bem. Ele não conseguiu provar pro professor que ele manjava a matéria. Terrible, n'est pas?
É, provas são justas assim. Não importa o seu credo, sua classe social, sua formação ética, sua saúde física, uma prova é sempre uma prova, para um e para todos. E a era dos vestibulares é só mais uma prova. O pulo do gato a respeito delas é que essas provas dão mais do que notas: te dão convites para ser alguém na vida. Lembram-se do início do post?
Vestibulares tentam consertar boa parte dos erros, though. Elaboradas por dezenas de professores competentes, com um embasamento estatístico, blah blah blah, os vestibulares tentam acertar onde as provas convencionais falham, e tentam ser a prova que meça, de fato, tudo o que você sabe. Tentam perguntar sobre o máximo possível de coisas, da melhor maneira possível. Acontece que se, por um lado, o vestibular é melhorzinho, mais justo, mais balanceado, chances iguais e tal, por outro lado ele piora a situação tão terrivelmente que chega a compensar de longe a justiça que haviam feito. Quer dizer, o vestibular seria só mais uma prova, não fosse por um pequeno detalhe: você tem que ir bem nele para estudar em uma faculdade decente.
Até o Ensino Médio, você pode conseguir uma boa escola, somente se comprometendo a pagar a mensalidade em dia. Com as faculdades, cara, não tem choro: existem as que cobram (e bem) e as que não cobram nada, só impostos. Mas você só arranja uma boa faculdade se for bem na merda do vestibular! Tem que fazer aquela prova lá como se fosse a última prova da sua vida!, e se você falhar nela, você acaba de jogar sua vida fora, para todo o sempre. Viverá eternamente trabalhando em uma empresa de atendimento ao consumidor, e vai estar falando gerundismo até seu cérebro se suicidar. Tudo porque você não sabia o que diabos é uma mitocôndria.
Então o vestibular se torna a pior prova que você fez na sua via até agora. É a sua única chance para progredir. Sua última tentativa de embarcar para o próximo vôo. Se você perder esse vôo, só pega o próximo no ano que vem, entende? Que outra prova estudantil que você fez que era tão maldosa assim? É por isso que tem esse medão todo em relação ao vestibular, toda essa atmosfera negativa, todo esse terrorismo. A prova em si, de fato, não é tão medonha, não é tão difícil (e se você discorda comigo e acha a FUVEST dificílima, espere só até você fazer uma prova de faculdade). O negócio é que a prova mobiliza milhares de caras sedentos por uma oportunidade de provar pros pais que eles não são tão imprestáveis! Ou, pelo menos, estão se esforçando para não ser, eh?
Chegamos em uma importante pergunta para a nossa vida: vale mesmo a pena fazer vestibular? Jogar fora nossa vida de vagabundo sugador de dinheiro, passar noites inteiras em claro, devorando livros, esquecer a sociedade e a diversão, e se estourar em uma prova de ambiente tão pesado que parece que tem elefantes sentando em suas costas vale a pena? Compensa passar um domingo inteeeeiro (e para a maior parte de nós, vários domingos inteiros) fechados em uma sala com um fiscal chato, um ventilador barulhento e um sol filhadaputamente belo lá fora? Queremos essa tortura para provar para os outros que somos fodas?
Bom, é óbvio que não vale a pena. Eu preferiria muito mais ter tomado o caminho da preguiça (he), mas me obrigaram a ser alguém na vida. Disseram que eu devo arranjar um bom emprego, receber um bom salário, ser importante para a sociedade, honrar o nome da família, receber condecorações e, no futuro, obrigar meus filhos ao mesmo tipo de pressão. A gente vai atrás, então, né? Alguns de nós até aprendem a gostar da vida sofrida, já que os pais fizeram uma excelente lavagem cerebral. E nos esfolamos, e nos desesperamos. E ficamos sem-graça quando a mãe conta pra um vizinho que você está prestando vestibular, e você responde, sem-graça: "É... vou prestar esse fim de ano...".
E aí? daqui a vinte e cinco anos, rapaz, quando você tiver seu diploma na parede e seu filho terminando o Ensino Médio, você terá entendido, finalmente, porque seus pais te pressionaram tanto, porque eles queriam acabar com sua vida alegre, porque eles queriam te empurrar logo para a universidade, te fazer um cara responsável. Seus pais só queriam que você saísse de casa o quanto antes. E que, claro, daqui a alguns anos você pague a conta deles. Assim como você espera que seu filho fará.
Então é bom fazer bem a sua parte, vestibulando. E fique relaxado. O vestibular é a última prova fácil que vocês farão, afinal de contas. ^^
E aos que fizeram provas esse ano: desejo que tenham ido bem. E espero que tenham tirado muitas fotos da época antes da faculdade - vocês sentirão muita falta dessa época.
Ouvindo:
Extreme Ways
Moby
18 (2002)
Muito bem, galera! Esse blog precisa de uma postagem de continuação. Afinal de contas, nos aproximamos da comemoração do primeiro ano de Inominativo. Pretendo mantê-lo vivo, pelo menos, até lá. O ideal é mantê-lo eternamente, naturalmente. Mas, bah, vocês me entenderam.
Como eu tenho que upar um texto, though, falemos sobre algo importante e atual. A preservação das tartarugas molinares do Paraguai!! \o\
Tá bom, sem bobagens. Vamos ao prato principal de hoje.
Circuito de Tortura Juvenil
O Caminho das Pedras, Versão Hardcore
Todo mundo tem, no fundo, no fundo, vontade de ser um ônus para a sociedade. Sabe, ficar o resto da vida ganhando dinheiro sem trabalhar, de pernas pro ar, comendo e dormindo. A boa vida de Deus. ^^
Acontece que, infelizmente, não é bem assim que a música toca. As pessoas nos lembram constantemente que não podemos viver às custas deles, e temos que tomar jeito, e esse lero-lero todo. Usualmente, essa é a função de nossos pais, que dizem que não irão pagar suas contas eternamente, e que você tem a obrigação de estudar e ser alguém na vida.
Sim, ser alguém na vida. Acordar cedo, trabalhar como um camelo, dormir tarde e fazer disso uma rotina infinita, até que você tenha seus filhos e os ensine a fazer isso por você. Quão maravilhosa é a vida, hein?
Para que sejamos alguém na vida, aqui na maravilhosa terra brasileira, passamos por diversos rituais, desde que nascemos. E um deles, em especial, é bastante importante. Terrivelmente importante, eu diria. Ah, é claro que vocês sabem do que falo - a época dos vestibulares.
Vestibular, tecnicamente falando, é uma prova como todas as outras. Em toda a nossa vida letiva (e além dela, acreditem em mim), recebemos instruções sobre a vida, o universo e essas coisas. Aprendemos informações realmente desimportantes, como a fórmula de energia cinética de um corpo, a equação de Báskhara, o trovadorismo e outros desses atrasos sociais. Depois de um bimestre, um semestre, o que for, recebemos uma simpática folhinha sulfite, cheia de perguntas, e a gente tem que responder essas perguntas.
Primeiro que isso é um tremendo absurdo de tempo livre, na minha opinião. Em vez de todo mundo ser usado em coisas realmente úteis para o progresso da sociedade, ficamos dentro de uma sala respondendo pro professor perguntas as quais ele já sabe a resposta. Se ele já sabe responder, por que pergunta? Por que adular o aluno, humilhá-lo? Que prazer mais sádico. Credo. O professor e os alunos estão na sala somente jogando seus tempos fora, e deveriam fazer coisas mais proveitosas para a Economia do meu Brasil Varonil.
Segundo, depois que o cara ficou dois meses inteiros ouvindo o professor falar lá na frente sobre o que quer que seja, ele tem que dizer pro professor o que ele afixou. Mas aí que está o pulo do gato. Acompanhe comigo: o aluno estuda uma matéria aleatória. Ele entendeu conceitos fundamentais, e entendeu bem algumas partes mais isoladas. Digamos que ele tem conhecimento suficiente para acompanhar um programa de televisão que fale sobre aquilo. Acontece que, na prova, o professor - um cara amargurado pela vida que teve, por ter apanhado dos pais e por ter batido o sorvete de flocos dele na testa - faz perguntas das partes da matéria que ele não sabia (conhecem a Lei de Murphy?). Resultado: ainda que ele saiba a matéria, ele não foi bem. Ele não conseguiu provar pro professor que ele manjava a matéria. Terrible, n'est pas?
É, provas são justas assim. Não importa o seu credo, sua classe social, sua formação ética, sua saúde física, uma prova é sempre uma prova, para um e para todos. E a era dos vestibulares é só mais uma prova. O pulo do gato a respeito delas é que essas provas dão mais do que notas: te dão convites para ser alguém na vida. Lembram-se do início do post?
Vestibulares tentam consertar boa parte dos erros, though. Elaboradas por dezenas de professores competentes, com um embasamento estatístico, blah blah blah, os vestibulares tentam acertar onde as provas convencionais falham, e tentam ser a prova que meça, de fato, tudo o que você sabe. Tentam perguntar sobre o máximo possível de coisas, da melhor maneira possível. Acontece que se, por um lado, o vestibular é melhorzinho, mais justo, mais balanceado, chances iguais e tal, por outro lado ele piora a situação tão terrivelmente que chega a compensar de longe a justiça que haviam feito. Quer dizer, o vestibular seria só mais uma prova, não fosse por um pequeno detalhe: você tem que ir bem nele para estudar em uma faculdade decente.
Até o Ensino Médio, você pode conseguir uma boa escola, somente se comprometendo a pagar a mensalidade em dia. Com as faculdades, cara, não tem choro: existem as que cobram (e bem) e as que não cobram nada, só impostos. Mas você só arranja uma boa faculdade se for bem na merda do vestibular! Tem que fazer aquela prova lá como se fosse a última prova da sua vida!, e se você falhar nela, você acaba de jogar sua vida fora, para todo o sempre. Viverá eternamente trabalhando em uma empresa de atendimento ao consumidor, e vai estar falando gerundismo até seu cérebro se suicidar. Tudo porque você não sabia o que diabos é uma mitocôndria.
Então o vestibular se torna a pior prova que você fez na sua via até agora. É a sua única chance para progredir. Sua última tentativa de embarcar para o próximo vôo. Se você perder esse vôo, só pega o próximo no ano que vem, entende? Que outra prova estudantil que você fez que era tão maldosa assim? É por isso que tem esse medão todo em relação ao vestibular, toda essa atmosfera negativa, todo esse terrorismo. A prova em si, de fato, não é tão medonha, não é tão difícil (e se você discorda comigo e acha a FUVEST dificílima, espere só até você fazer uma prova de faculdade). O negócio é que a prova mobiliza milhares de caras sedentos por uma oportunidade de provar pros pais que eles não são tão imprestáveis! Ou, pelo menos, estão se esforçando para não ser, eh?
Chegamos em uma importante pergunta para a nossa vida: vale mesmo a pena fazer vestibular? Jogar fora nossa vida de vagabundo sugador de dinheiro, passar noites inteiras em claro, devorando livros, esquecer a sociedade e a diversão, e se estourar em uma prova de ambiente tão pesado que parece que tem elefantes sentando em suas costas vale a pena? Compensa passar um domingo inteeeeiro (e para a maior parte de nós, vários domingos inteiros) fechados em uma sala com um fiscal chato, um ventilador barulhento e um sol filhadaputamente belo lá fora? Queremos essa tortura para provar para os outros que somos fodas?
Bom, é óbvio que não vale a pena. Eu preferiria muito mais ter tomado o caminho da preguiça (he), mas me obrigaram a ser alguém na vida. Disseram que eu devo arranjar um bom emprego, receber um bom salário, ser importante para a sociedade, honrar o nome da família, receber condecorações e, no futuro, obrigar meus filhos ao mesmo tipo de pressão. A gente vai atrás, então, né? Alguns de nós até aprendem a gostar da vida sofrida, já que os pais fizeram uma excelente lavagem cerebral. E nos esfolamos, e nos desesperamos. E ficamos sem-graça quando a mãe conta pra um vizinho que você está prestando vestibular, e você responde, sem-graça: "É... vou prestar esse fim de ano...".
E aí? daqui a vinte e cinco anos, rapaz, quando você tiver seu diploma na parede e seu filho terminando o Ensino Médio, você terá entendido, finalmente, porque seus pais te pressionaram tanto, porque eles queriam acabar com sua vida alegre, porque eles queriam te empurrar logo para a universidade, te fazer um cara responsável. Seus pais só queriam que você saísse de casa o quanto antes. E que, claro, daqui a alguns anos você pague a conta deles. Assim como você espera que seu filho fará.
Então é bom fazer bem a sua parte, vestibulando. E fique relaxado. O vestibular é a última prova fácil que vocês farão, afinal de contas. ^^
E aos que fizeram provas esse ano: desejo que tenham ido bem. E espero que tenham tirado muitas fotos da época antes da faculdade - vocês sentirão muita falta dessa época.
Ouvindo:
Extreme Ways
Moby
18 (2002)