sábado, 29 de dezembro de 2007

Calor Lazarento

Fim de Ano! Aew! O Inominativo chega para o fim do feliz ano de 2007, com um balanço positivo! Ié ié! O blog é repleto de pessoas ilustres visitando (vocês, naturalmente) e boas impressões dos visitantes. Já que é assim, eu me esforço e posto de novo, certo?
Certo!

Eu tinha algumas idéias boas. Só que duas delas já venceram, porque eram sobre o Natal e o Natal já se foi faz 4 dias - isso é muito tempo. E as outras eram ótimas candidatas para a postagem de hoje, mas eu acordei com outro problema na cabeça. Um problema grandão. É o problema que dá título ao post de hoje, o último do ano.

CALOR LAZARENTO
Quando o Tempo É Bom Demais

Viver em São Paulo é o máximo, claro que é. Vocês sabem que eu adoro essa cidade (e se você não sabe, deveria ler este post), que acho ela fantástica, maravilhosa, sensacional, um luxo.
O caso da cidade paulistana, entretanto, é que o "máximo" da primeira frase é levado a sério, e em diversas situações diferentes. O máximo de grandeza, de gente, de bagunça, de sujeira... Tudo aqui é no superlativo.

E esse "máximo" não falha quando falamos do clima. Vejam vocês, por exemplo, o Verão. Uma estação agradável, com muito sol, sorvete e roupas de banho. Mas a agradável Paulicéia surpreende sempre os moradores, e liga o termostato ao máximo, cabra! Quando você menos percebe, está um calor de 33º nas ruas, pessoas morrendo carbonificadas nas ruas, gente em pânico.
E quando chega o Infer... perdão, o Inverno, aqui também é o máximo da friaca. Tudo fica ainda ainda mais cinzento e mórbido na cidade que já é bastante conhecida por ser cinzenta e mórbida. O vento vem terrivelmente gelado e cortante, e nenhum lugar parece ser quente o suficiente pra compensar. Nem ônibus lotado de sexta-feira às 18h00 dá cabo do frio.
Isso pra não falar de quando chove. Esse nem precisa de explicação direito, precisa? Dois minutos de chuva são suficientes pra acabar com o trânsito tão pacífico, mas quem disse que só chovem 2 minutos em São Paulo? Ficamos três semanas sem nem olhar uma nuvem de chuva, e quando a chuva vem, mata quem estiver na rua afogado. As favelas vêm abaixo (de novo), todo mundo redescobre os guarda-chuvas a cinco reais. :P

O negócio da cidade é que a metrópole está em cima da famigerada Linha de Capricórnio. Manja, aquela linha que separa o que é Zona Tropical de Zona Temperada? Onde o sol bate em cima quando é verão, e onde ele passa looonge quando é inverno? Essa mesma. Então, a cidade paulistana está em cima dela (teoricamente falando, a linha passa acima da mancha urbana por alguns quilômetros, mas isso não faz a menor diferença em termos de clima, faz?), e a gente nunca sabe se a cidade está em Zona Tropical ou Zona Temperada. E a gente fica com o pior dos dois casos! Quando faz frio aqui, esfria tanto quando as nobres cidades do Sul brasileiro, e quando esquenta, é um calor lazarento dos infernos, porque a poluição ajuda a aumentar a temperatura no verão.

Haverá os que dirão para mim (porque sempre há) que aqui nem é tão quente assim, que no Nordeste ou no Centro-Oeste as temperaturas são ainda mais desagradáveis e destruidoras - o Norte não vale, a Amazônia alivia pro lado deles - do que as daqui. Ao que lhes respondo: acabamos de sair de um frio miserável no Inverno! Houve, em Julho, um dia em que chovia e ventava terrivelmente. Eu estava tentando instalar uma placa nova no computador que ora uso para atualizar meu blog, quando a temperatura baixou tão miseravelmente que eu sentei no sofá, agarrei os três edredons mais próximos e me fechei dentro deles, tremendo de frio. Quando eu dei por mim, todo mundo em casa também tinha se enfiado em algum lugar pra tentar vencer o frio, e ninguém conseguia fazer nada de útil. Um sábado gostoso de férias, e ninguém podia fazer nada, por causa do frio!
É nesta mesma sala, 6 meses depois, que entro depois de sair do meu quarto, e me deparo com todo mundo jogado em um colchão improvisado nada sala, porque ninguém aguentava ficar sentado no sofá. Eu, com a camiseta grudada de suor, minha mãe com a testa oleosa, meu irmão semi-dormindo, e todo mundo com o cérebro babaca. Eu acho que não saberia fazer uma conta de soma se me perguntassem.
Interessante, porque o calor meio que te impede de fazer as coisas. Você não consegue pensar em um calor infernal. Você olha para as coisas e tudo adquire um blur, um fosco. Você fica com preguiça de fazer qualquer coisa que envolva movimentar músculos, e isso incluir falar com clareza. Então você também tem dificuldades de ouvir o que os outros falam. E o raciocínio fica lesado, a preguiça aumenta, você fica devagar... Mais um típico dia de verão.

E aí, que muitos comemoram, e muitos reclamam. Há os que acham que é odioso viver nesse calor, derretendo, morrendo, sofrendo. Toda roupa que eles usam gruda neles, eles têm que usar litros de desodorante pra dar conta do cecê lascado, ficam com mau-humor e irritados... E há os que adoram o verão, querem usar menos roupas, pular em piscinas e praias, beber cerveja até cair, tomar sorvete...
É o melhor a se fazer, mesmo. Acordar mais cedo, partir para algum lugar legal com amigos e invadir uma sorveteria, aproveitar a praia, exibir para o mundo a sua felicidade brasileira :D
Agora, se você for um pobre lascado que nem eu, o melhor mesmo mesmo a se fazer é passar calor em casa, ligar um ventilador ao máximo e pedir piedade aos céus. Tente não desanimar e acabar com a sua vida, entrementes porque, como eu canso de falar, isso é coisa de emo. Aliás, até me pergunto como andam os emos, vestidos todos de preto nesse calorzão bão de Deus. Bah, isso é problema deles, não meu. O meu problema é raciocinar nesse mormaço infeliz.

Inda bem que já já chove. Se tem uma coisa que eu tenho certeza sobre o tempo paulistano é: quando o céu está bonito, logo logo vai chover.
Eu sei, nada aqui faz sentido. Nem a cidade, nem os moradores. :D

Aproveitem a festa do Ano Novo, macacada. A gente se vê só no ano que vem, agora. :D
Adeus, Ano Velho! o/

Ouvindo:
Under Pressure
Queen & David Bowie
Hot Space (1982)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Deus

Noite, cambada! Como vai a bagunça nossa de cada dia? :B

Estava a minha pessoa a jogar conversa fora, como há muito tempo não fazia, nA PIOR COMUNIDADE DO MUNDO (sim, em letras capitais). Uma comunidade do orkut, assim, como todas as outras. Típica, pacífica, amiga de todos e de tudo. Seria mais uma comunidade qualquer, não fosse o fato de eu ter conhecido lá uma pá de gente boa! E eu passo algumas horas lá jogando conversa fora, sempre que posso.
Seja como for, estava na PCDM (que é como chamamos a comunidade), a conversar com os seres humanos que por lá vagavam. Quando surgiu um assunto em que eu usei de minha criatividade - que, vocês sabem, é fraquíssima - e acabei falando do Mano que Manda, sabe? É, o TP, o Todo Poderoso. Então, embalado, decidi que ficaria um post legal. Ou, pelo menos, uma tentativa legal de post.

Mas, depois, pensei: não acharão pedante demais? Não acharão impáfia minha? Blasfêmia, talvez? Então receei. Mas pensei "Bah, que bagulhos, este é um país livre. Posso falar da divindade que bem entender e nada de ruim vai me acontecer". E é isso aí.
Bom, enquanto eu estiver vivo, acho que nada me acontece. Quando eu morrer as contas serão acertadas (hohoho), mas enquanto eu devo, não nego e pago quando puder...

DEUS
A visão de um leigo


Costumam falar que Deus é um velho chato. Um cara ranzinza e ranhento, que obriga a todos e a tudo a adorá-lo incondicionalmente, como se ele fosse Hugo Chávez e nós fôssemos os revolucionários otár... eeeerm, simpatizantes. Só porque ele criou o Universo sem o nosso consentimento, a gente é obrigado a viver em dívida com o vovô chatão, que ainda tem a pachorra de não nos dar a menor prova da existência dele, só porque, um dia, uma tal de Eva lá viu uma maçã vermelhinha, vermelhinha, e deu uma dentada. Daí baixou o espírito de Chávez de novo no velho chato, ele expulsou pra sempre os humanos do Paraíso (também conhecido como Principado de Mônaco). Só pra ele ficar sozinho comendo as maçãs dele.
Conclusão: Deus é um velho caquético e gagá, que criou o mundo e acha que tem que ser eternamente agradecido por isso, mesmo que a gente ache que tenha sido uma péssima idéia, a dele. E ele não gosta de ser contrariado, quer ditar nossa moda, nos dizer o que fazer e quando. Realmente, ele parece um ditador latino-americano, hein?

Mas, meu, pensar assim do Deus Todo-Poderoso, pra mim, é muito broxante. Qual é a graça em viver feliz se temos um cara gagá com poderes ilimitados em cima de nossas cabeças, e que pode decidir a qualquer instante em que buraco vai nos mandar? Se fizermos algo de errado, ele vai nos fazer queimar eternamente no Inferno!, ouvindo Fresno e NX Zero, e essas coisas que qualquer ser humano decente tende a odiar. Viveremos sempre chateados e receosos, esperando pelo pior, a qualquer momento. Credo, não foi à toa que todo mundo se lembra com pesar da Idade Média quando, em geral, era assim mesmo que as pessoas viviam.
Eu, entretanto, sou decididamente otimista, vocês devem ter notado. Eu sempre preferi achar que tudo tem jeito, que a vida é feliz e legal e essas coisas. E, digamos, esse tipo de visão não é compatível com um mundo em que temos um ditador abusivo no poder, certo? O bom do Século XXI é que consolidaram a democracia, e isso significa que a gente pode pensar o que bem entender das coisas sem ser preso por isso! É daí que veio a minha inspiração: se Deus realmente existe, quem é esse cara? O ilustre desconhecido, que todo mundo conhece, mas ninguém sabe quem é. Quem? Que mistério...

Na minha leiga opinião (digo leigo porque não sou religioso; eu não sei exatamente o que sou, mas católico praticante eu definitivamente não sou), Deus é um cara legal. Mas, sei lá, não é um cara legal, como qualquer um que você encontra na rua e ele te dá passagem ou te pede desculpa se ele pisa no seu pé. Ele é um vovô muuuuito legal. Um cara velhinho, assim, com jeitão de sábio que conhece de tudo (porque ele, de fato, conhece de tudo), que entende de tudo, que tem todas as respostas.
Ele deve ser um cara bastante hiperativo, e volta e meia deve ficar entediado. Ele ficou entediado antes de criar o tempo-espaço em C# (uma linguagem de programação, pra quem não é nerd), e criou o Universo e o tempo-espaço. Ele gostava de ver coisas explodindo, porque ele gosta de luzes e sons (embora o som não se propague no espaço). Quando se entediou de novo, programou o Universo para que o Sol e a Terra nascesse (calculo que a Lua tenha sido um erro de fórmula) e depois, fez a sopa de bichinhos lá que originou as amebas e a vida em geral. Ê, prêmio de Biologia para o nosso vovô gente fina.
Calculo também que ele ficou radiante quando chegou nos dinossauros. Sabe aquelas crianças que assistem Jurassic Park (que hoje é um filme igualmente jurássico) e ficam tarados por dinossauros? Então, ele deve ter ficado tarado, fazendo lutinhas de dinossauros no nosso planeta, e vendo os dinossauros passearem livres no pedregulho azul. Até que ele achou que não gostava daquilo - os dinossauros não podiam jogar futebol! - e ele arranjou uma pedrinha, jogou no planeta e assassinou os dinos. E inventou a raça humana. Agora, sim, uma raça divertida. Deus ajudou os humanos a serem mais legais inventando o bêbado (lembram-se?), porque ele também queria se divertir com o bêbado.
E depois de ele ter visto que as coisas iam razoavelmente bem na Terra, ele decidiu recostar-se em sua poltrona de couro sintético (Deus não mata animais para esse tipo de coisa) e assistir a vida na Terra. Sim, porque Deus, no fundo, é um noveleiro. Ele criou a gente porque queria assistir uma novela de qualidade (ou um reality show, o que preferirem), e então fez um decente, com bilhões de participantes. E, melhor ainda, é um reality show em que as pessoas não são eliminadas semana a semana - ao contrário, eles se multiplicam! Somos 6 bilhões e meio, e subindo! E agora ele pode assistir ao seu programa em sua poltrona, com seus amigos anjos, seu filhão Jesus "Jeez" Cristo e outros notáveis caras daqui que vivem por lá, com o nosso vovô gente boa.

Ele é um cara tranquilão. Ele prefere não se intrometer na nossa vida, porque isso dá trabalho, e bagunça tudo. Imagina que você comanda, sozinho, um orfanato com quinhentas crianças, e elas começam a brigar entre si. O melhor a fazer é assistir pra ver no que vai dar. É isso que Deus faz. Mas ele tinha isso em mente desde o início! E ele fica realmente feliz em ver que a gente está se divertindo aqui embaixo.
Que mais? Ele gosta de futebol - claro, senão não teria deixado o futebol ser o esporte mais famoso do mundo - e assiste sempre que pode. E ele fica realmente feliz em ver a Copa do Mundo dando certo. Aliás, acredito que ele esteja feliz em ver que a Copa de 2014 seja no Brasil. Ele gosta do Brasil, claro. O Brasil, pra ele, é como um aluno preguiçoso que não tem jeito, não tem futuro, sabe? Todo mundo ri na aula dele, ele faz boas piadas, ele tem potencial, os professores gostam dele. Um cara legal. Mas é um preguiçoso fanfarrão :B
Ele também gosta de golfe, porque é esporte de velho rico (e, cá entre nós, teoricamente falando ele pode ser tão rico quanto quiser ser), e assiste filmes clássicos e filmes hollywoodianos toscos em que todo mundo morre nas mãos do Rambo. Ele se diverte com Lego, que, segundo ele mesmo disse, foi a melhor idéia da humanidade desde a eletricidade, e foi por isso que ele fez da Escandinávia um lugar rico e próspero (se você não sabe, o Lego foi inventado na Dinamarca em 1934, e a Dinamarca faz parte da Escandinávia).

No geral, Deus é um vovô gente boa. Animado, que gosta da maior invenção dele, a simpática raça humana. Ele manja tudo de Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia, Programação, História Geral Mundial, Geologia, Geografia e Geopolítica, e fala aproximadamente todos os idiomas do mundo (ele não entende o Português Carioca; ele não gosta do som chiado). Ele é piadista, gosta de se divertir, tira férias freqüentemente para conhecer o seu planeta, tem uma cidade de Lego em miniatura que ele mesmo fez, gosta de cozinhar e é o único ser inteligente fora dos Estados Unidos que entende o beisebol.
Ele também é muito simpático, gosta de ouvir os filhos dele (nós! \o/) e é bastante tolerante e ponderado. Ele é mais um vovô do que um pai, sabe? E eu não acho que ele tenha feito um Inferno com labaredas e torturas e zás. Ele, no máximo, inventou um lugar que não tem chocolate e vídeo-game, o que é uma tortura muito ruim, a meu ver.

Acho que isso é mais ou menos o que eu acho que Deus, o Todo-Poderoso, é. O cara mais boa-pinta do Universo decidiu sentar-se e criar a novela mais incrementada da História. Fez uma sopa de bichinhos e inventou a vida. E se diverte toda noite assistindo a saga dos macaquinhos pelados, levando a vida deles numa boa. Ele ri do tosco, ainda gosta de explosões e fica orgulhoso sempre que vê um bêbado dando show em algum canto do mundo. Ah, vai, bem mais legal viver em um mundo feito por um cara legal e animado do que por um ditadorzinho latino-americano que acha que aqui é o país dele porque Deus quis - mesmo porque ele é Deus, mesmo.
Não é à toa que as Igrejas vivem perdendo fiéis. Ficam aterrorizando os caras, ensinando eles que Deus é implacável como Chuck Norris.

Agora, se é verdade, e Chuck Norris for mesmo Deus, então ferrou. Desconsiderem essa postagem. :D

Ouvindo:
Everybody Knows You Cried Last Night
The Fratellis
Costello Music (2006)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Minhas Memórias dos Meus Blogs

Festa! Festa! Ritmo de Festa! Aê!!

Olá, gente animada! Hoje é dia 13 de Dezembro! E sabem o que significa? Meu blog acaba de completar um ano de vida! Alegria, alegria! Aêê!
Já que é dia especial, acho justo escrever um post neste dia, pra comemorar (arriba!) e pra atualizar, também. Afinal, hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa! Que cafona :P

Ano II, Postagem #60
Minhas Memórias dos Meus Blogs

Não me lembro direito a primeira vez em que eu pensei "vou criar um blog". Não me lembro, tampouco, do ano, do mês ou do dia. Eu era uma espivetada criança (eu nunca fui espivetado, entretanto, mas eu gosto dessa palavra, de modo que ela fica aí) entre os 14 e os 15 anos. E, na época, era comum as pessoas terem blogs. Ou, melhor dizendo, bligs (blogs do iG). Aliás, me recordo que haviam aqueles que chamavam qualquer blog de blig, inclusive aqueles que não estavam hospedados no iG. É como chamar qualquer refrigerante de Coca-Cola. Mas eu achava revoltante e injusto com os outros serviços de hospedagem de weblogs, tadinhos.
Seja como for, eu estava com alguma macaca azul muito fedida naquele dia, e achei por bem fazer um blog no blig. Há duas coisas a respeito deste blog do blig que me recordo: o nome cafoníssimo de "Ó nóis aki traveiz", ou algo parecido (sim, espantem-se, eu já tive meus momentos de pré-miguxismo); e o conteúdo, que era nada de aproveitável. Eu escrevia bobagens aleatórias. Ah, também lembro do lay-out dele: era do São Paulo FC, com o escudo do Tricolor Mais Querido ao lado. Sempre tive bom-gosto pra esse tipo de coisa. =D
Tão bom era o blog do Blig que eu tinha que eu não me lembro de nada mais detalhado, como o endereço, data da criação, circunstâncias da criação, dia em que eu o abandonei, o que eu escrevia... Nada de nada. Lamentável, não? Bom, talvez não. Talvez seja tão ruim que é melhor ficar no limbo da internet do passado. Eu devia ser um blogueiro bastante ruim, comparado a hoje (como se hoje eu fosse Fernando Pessoa). :P

O que eu me lembro de legal dos blogs daquela época era que era uma novidade e tanto na terra brasilis. E quem acessava este tipo de novidades eram os adolescentes (ou, melhor dizendo, os pré-adolescentes). E foi por causa disso que nasceram os blogs genéricos femininos, que eram abismalmente iguais uns aos outros - perdoe-me se o leitor for uma das autoras da época, mas hoje que você é esclarecida, haverá de concordar comigo. Todos eram rosas, todos eram brilhantes, todos eram fofos e ridículos. Ainda mais para um garoto, como eu. ^^
Lembro que as garotas, invariavelmente, escreviam detalhes suuuuper-emocionantes (woop-dee-doo) dos cotidianos delas. De como elas tinham feito coisas e não tinham feito, e essas coisas. Como naquela época era novidade, não havia a frescura que se vê nos fotologs de hoje de "estou com preguiça de postar, então só posto a foto". Mesmo porque postar uma foto em um blog era coisa para fazer um doutorado. Então os blogs eram razoavelmente iguais entre si, e as postagens de um dia pra outro também eram. Havia também alguns garotos que faziam a mesma coisa. Os assuntos eram diferentes dos femininos, eles escolhiam mais cores, além do rosa e do azul-bebê, mas era sempre tudo a mesma coisa. Parecia suruba de japonês. Hohohoho...
Acho que este sempre foi o motivo de querer fazer um blog diferente. Eu gostava de ser o piadista, e nunca gostei de falar sério. Ainda mais sobre a minha própria vida. Então eu fazia posts sobre nada em especial. Claro, depois de alguns anos viriam blogs profissionais, como os Kibeloco e os Chongas da vida. Mas eu era um pioneiro :P

Seja como for, depois que eu abandonei o blog do Blig (que tem um nome tão cafona que nem gosto de escrevê-lo), fiquei alguns meses fora do mundo dos blogs. Nestes meses ausente eu via pessoas comentando em revistas e jornais e em páginas da internet sobre a revolução dos blogs. E eu visitava blogs e achava legal. Em um belo dia de domingo (eu adoro domingos - talvez por eu ter nascido em um ^^) eu decidi conhecer o Blogger.com.br., e fundei O Mal do Século.
Conforme eu expliquei dezenas de vezes, eu não sei porque eu escolhi este nome, e só me lembrei bem mais tarde que Mal do Século era a tal da geração do Romantismo brasileiro, que tinha um monte de emos querendo espalhar a angústia deles pelo mundo e se matar. O porquê de eu ter pego um nome com este estigma permanece um mistério, mas foi o que fiz. Lembro somente que criei O Mal do Século. Ele era bem melhor que o antecessor do Blig. O blog era mais editável, as opções eram mais amplas, e o autor estava mais maduro - bom, nem tanto. Mas eu me recordo de ter arrancado alguns elogios e risadas, conforme eu mostrava pros meus amigos. Como um ser humano qualquer, eu me irradiava de orgulho ao saber que meu blog era simpático, e eu tratei de postar nele mais vezes.

A história dO Mal do Século foi bem mais diferente, conforme vocês podem notar. Primeiro que, mesmo sendo um nome cafona, eu não tenho vergonha de dizê-lo (ao contrário, é divertido!), e ele ficou mais famoso, mais garboso, mais elegante. Não, não tão elegante, mas estava mais apresentável. Por um breve momento, fiz alguns contatos por causa dele, tornei ele semi-famoso no meu círculo social... Não é a mesma coisa que você faz quando compra um carro novo, é como se você comprasse a coleção inteira de bonecos do Star Wars. Você não sai contando pra todo mundo, com medo de te chamarem de nerd sem vida. Você só conta pros esquisitos como você. E era mais ou menos o que eu fazia. Se saísse dizendo "Oi, eu tenho um blog chamado 'O Mal do Século', quer visitar?", eu muito provavelmente teria uma vida social bastante prejudicada. Parece uma cantada de perdedor :P
Mesmo assim, ele era famoso. Eu, invariavelmente, entrava no meu blog para ver se havia algum comentário novo (naquela época era moda comentar nos blogs que você visitava, também), e naquela época eu até respondia os comentários! Com um outro comentário, logo acima do original! É, era bastante esquisito. Ou, como dizem hoje em dia, era "alternativo". Eu também empurrava amigos para visitar meu blog para lerem e comentarem e me dizerem o que achavam. Eu acho que eu era chato.
Seja como for, cuidei dO Mal do Século por 3 longos anos. Postei textos enormes, imagens divertidas, piadas sem-graça, tive alegrias e frustrações (sniff). Lembro que depois do segundo ano do blog eu fechei ele por algum tempo. Que burrice a minha...

Na época dO Mal do Século (isto é, entre 2003 e 2006), muita coisa aconteceu de diferente na internet. De início, me recordo que o modelo do blog estava em decadência na época, e antes do primeiro ano de vida do meu segundo blog, quase nenhum dos meus amigos tinham blogs. Haviam migrado para os fotologs, ou flogs, que eram substancialmente mais fáceis de se gerir, e ainda tinham fotos! Na minha opinião preconceituosa, entretanto, eu achava os flogs chatos e sem graça, porque as pessoas só iam pra ver as fotos. E eu gostava de ler as coisas. Mas todo mundo tinha preguiça de ler coisas (ainda mais quando eram posts do tipo "Ah, hoje não fiz nada de especial. Fui pra escola, cochilei e fiz minha lição de casa. Amanhã vou no cinema e na sorveteria. Será que o filme que quero ver é bom? Beijos"), e então as pessoas achavam flogs fáceis - só precisa ver a foto e comentar coisas genéricas, como "nossa, como você está bonita!". Fácil pra todo mundo! Mas eu era contra a maré, e mantive meu blog. Lembro que eu dizia aos outros que tinha um blog, e diziam que não gostavam de blogs, porque tinham preguiça de ler textos. Esse é o Brasil do futuro! ==b
Depois da fúria por fotologs, outra mania desembarcou forte no país de chuteiras: o tal do turco louco e seu orkut. O site era uma cruza louca de fóruns com páginas pessoas e álbum de fotografias e etcétera. As pessoas, agora, mantinham sua vida social eletrônica (e ainda mantém, por enquanto) nas comunidades do orkut. Antigamente, eram comunidades comportadas. Hoje em dia, comunidades completamente estapafúrdias e divertidas. O mundo dos blogs foi varrido para a obscuridão, e os flogs eram artigos de luxo - quem tinha flog era porque tinha tanta foto linda que não cabia nas 12 fotos que o turco louco liberava. Foi então que abandonei, por breves instantes, o meu segundo blog.
Após 2005 que os blogs que todos conhecem ficaram famosos, como os que já mencionei. A medida que voltei com o meu, vi que alguns amigos também mantinham os seus, e que blogs famosos ficavam cada vez mais famosos. O mundo dos blogs voltava! E eu voltei com o meu blog. Por mais um ano, aproximadamente.

E aí veio o Blogger.com, do Google. Depois de eu sentir uma pontinha de inveja a respeito dos blogs do Google, frente aos do Globo.com, fechei O Mal do Século, e fundei este, o Inominativo. Há um ano atrás, exatamente. Não sei se vocês sabem - está escrito lá no alto, embaixo do nome do blog - que "Inominativo" veio da minha falta de criatividade. Vejam vocês, eu estava pensando como batizar este blog. O Mal do Século já existia nos blogs do Google. Era um blog inativo, mas já existia, não poderia pegá-lo. Então, olhando para a caixinha do nome do blog vazia, pensei que o blog ficaria inominável. Eu devia estar bêbado de guaraná, porque pensei em Inominativo, gostei do nome e o mantive.
Aliás, explico-lhes, também, o motivo do título do meu primeiro post aqui ser "Três Ponto Zero" (podem ir conferir, pra quem não se lembra). Porque naquele momento eu fundava meu terceiro blog. Começava do zero, novinho, belo, agradável. Assim como na transição do primeiro pro segundo, notei que eu havia amadurecido, que os posts eram melhores escritos, os comentários eram mais pertinentes. Enfim, o blog era, em um certo ponto de vista, melhor.

E hoje o Inominativo completa seu primeiro ano, seu sexagésimo post. Notei que tenho muitas visitas, principalmente de pessoas que fazem buscas no Google e abrem meu blog achando que eu tenha alguma resposta pertinente, e por isso coloquei uma caixa de texto explicando que o Inominativo tem a mesma seriedade de um programa do Casseta e Planeta, com a diferença que eu não tenho uma apresentadora peituda!
Notei, também, que muitos gostam do meu blog. E se não gostam, são ótimos mentirosos, e deveriam considerar a política ou a diplomacia. Seja como for, agradeço pelas respostas positivas. Agradeço inclusive a você, que não leu nenhuma palavra deste blog. Nah, pensando bem, não agradeço não, vá se danar. Mas pra você que está lendo, fique a par - este blog é dedicado a você =)
Por fim, notei que gosto muito de blogar. Me falta tempo, me falta assunto, me falta vontade. Mas quando eu crio um texto e posto ele e anuncio ao mundo que tenho um texto novo, eu fico orgulhoso pra caramba. É uma sensação maravilhosa. Então, no que depender de mim, terei um blog por muitos e muitos anos. Até que eu encha o saco e funde o quarto, talvez. Até lá, finjamos que o Inominativo é eterno. E que esse é o primeiro ano de muitos! Aê!

Feliz Aniversário, Inominativo!

Ouvindo:
For the Girl
the Fratellis
Costello Music (2006)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Os Últimos Chocolates da Caixa

Opa! Daê, galera? Tudo supimpão? :D

Chegamos ao último suspiro do ano de 2007 da Era Comum. Em breve, estaremos comendo doces gostosos junto de pessoas agradáveis, comemorando o Natal e o Ano Novo. Celebrando o ano que chega, torcendo para que ano que vem tudo seja diferente, assim como a gente torceu ano passado. E a gente sabe que nada vai mudar, mas sabe como é, né? Como a Raça Humana é boba... A gente é facilmente enganado. Inclusive por nós mesmos. Nunca vi. :P

Vamos ao trabalho. Por favor, desliguem o celular, o filme está começando.

Contos do Cotidiano
X - Os Últimos Chocolates da Caixa

Sábado. Depois de três dias de nuvens pesadas, o sol saiu no horizonte, tímido. Um cenário comum no fim do inverno. Também era comum nessa época a mãe comprar uma daquelas caixas de chocolates sortidos, que vendem no supermercado, pra família ter alguma glicose para ingerir no fim de semana. Uma caixa de uma marca famosa, com bombons famosos e gostosos e que todos amavam. As crianças estavam felicíssimas, vendo a caixona vermelha em cima da geladeira, sendo armazenada para depois da janta.
A janta veio e a janta foi. Assim que terminaram a janta, o mais velho fez menção de se levantar, rápido como um tiro. O pai o segurou. "Calma, garoto. A caixa não vai fugir. Vá, fique sentado que eu vou pegar a caixa". Educado o pai, não? É nada, ele queria abrir a caixa no meio do caminho e pegar pra ele o bombom recheado que ele mais gostava. Os outros se degladiariam pelos bombons comuns, mas o dele era dele e ninguém tascava.

Meia hora depois, metade da caixa tinha sido esvaziada. Foi-se o bombom recheado com nozes e o com avelã. O de chocolate branco foi pro menorzinho, que adorava. A mãe pegou um com recheio de morango, lá, que todo mundo abominava, menos ela. Os dois irmãos maiores se revezavam pegando bombons aleatórios: um de coco, um com biscoito wafer, um amargo e um doce. Até o de café pegaram, porque era um bombom com embalagem nova, queriam testar pra ver se era bom. Não, não era. O cachorro adorou, entretanto. Tanto que se atreveu a esperar por mais um, que alguém abrisse e não gostasse. Mas isso não voltou a acontecer. Shoot.

Depois de meia hora de festa, a caixa, pela metade, foi recolhida pela mãe, e todos saíram para assistir a um filme na TV. O sábado acabou, o domingo veio. No café da manhã, os filhos assaltaram a caixa de novo. Acharam um pequenininho que era crocante e um duro pra caramba, mas também era ótimo. Quando chegou na hora do almoço que o bicho pegou. Sobraram na caixa 6 chocolates. Que são os chocolates lá do título. "Os últimos chocolates da caixa". *vento tenebroso*
Manja aquele chocolate que tem uma embalagem muito sem-graça? Tão sem-graça que você, sem querer, faz associação preconceituosa? Você não pensa verbalmente - isto é, você não chega a mentalizar as palavras, mas pensa - que se um chocolate tem uma embalagem tão mequetrefe como aquela, ele TEM que ser ruim. Ele deve ter gosto de chocolate de terceira amolecido no bolso daquele seu vizinho gordo nojento. Ele deve ter sido feito com a maior má-vontade do mundo pelos cozinheiros que tomam conta das fornadas de chocolate. O marqueteiro que criou aquela embalagem devia estar sendo chifrado pelo macho dele. O cara que idealizou aquele chocolate devia ter pensado nisso enquanto teve um surto de diarréia. Enfim, um chocolate cheio de histórias desgraçadas e infelizes. Um chocolate que mais parece um boneco de vodu maligno. E você pensou em tudo isso olhando pra uma embalagem. Credo, como você é preconceituoso.

Foi essa associação preconceituosa que todo mundo fez quando olhou para o que sobrou na caixa. Todo mundo fingiu que não queria chocolate depois do almoço, e cada um foi fazer uma coisa - afinal, era domingo. Lá pelas tantas, no meio do jogão de futebol na TV, o paizão se lembra da caixa. Sorrateiro, pula até a cozinha, abre a caixa e se depara com os últimos chocolates da caixa. Credo, que depressão. Tão deprimido ficou que, por um momento, se esqueceu que seu time estava ganhando. Guardou a caixa, e foi curar sua vontade de mastigar um doce ao atacar as bananas. "Trocar um chocolate por bananas... Que azar...", pensou ele, comendo a banana como se fosse um fardo.
O filho do meio acorda da soneca da tarde, a fim de comer chocolate. Também se frustra quando abre a embalagem. E ainda pensa, nervoso: "Mas que diabos, por que ninguém come isso logo? Fica me fazendo passar vontade...". A mãe também acha que alguém deveria comer logo aqueles chocolates, assim ela pode se desfazer da caixa. Mas ninguém comeu.
À noite, o filho mais velho volta do futebol. Vai para a cozinha, toma um copo d'água e se vira maquinalmente para a caixa de chocolates. Chateia-se. Esconde a caixa. Pega, também, uma banana, e vai pro chuveiro tomar banho.

E veio a segunda e veio a terça. O pai levou alguns em sua mala para a empresa, ver se ninguém queria. Ninguém quis. A mãe pensou em dar pro cachorro, mas ele passou mal da última vez que comeu chocolate, melhor não. Aquilo estava se tornando uma crise familiar. Logo logo, uma reunião seria convocada, e eles teriam que tomar uma séria providência. Eles não admitiriam ser desrespeitados em sua própria casa por alguns chocolates sem-graça!
Foi só na sexta-feira que o filho do meio, chegando mais tarde da escola graças a um trabalho, descobre que não sobrou almoço pra ele. Ele disse que esperaria a mãe dele chegar, faltava pouco. Mas ele estava verde de fome. A barriga reclamava como um estudante de esquerda. Ele precisava tapear o estômago. Como?
Olhou para a cozinha, desanimado. E viu a caixa vermelha. Decidiu: levantou-se, pegou a caixa, voltou à sala, ligou a televisão, sentou-se com a caixa no colo e abriu o primeiro. Ele mordeu o chocolate receoso, como se estivesse com medo que o chocolate explodisse. E mastigou... E gostou! "É crocante!". E pegou outro. E pegou um de marca diferente, mas que também tinha embalagem abominável. E também gostou. E treminou os seis chocolates antes dos comerciais terminarem. Estupefato por ter gostado do gosto, e aliviado por ter, enfim, dado cabo da caixa, ele voltou à cozinha e colocou a caixa, amassada, no lixo. Lembrou-se de que deveria contar pra todo mundo que os chocolates não eram ruins! Mas, quando a noite chegou, ele havia esquecido. E todo mundo se esqueceu da caixa. E ele se esqueceu dos bombons.

Tanto que na quinzena seguinte, quando a mãe comprou outra caixa, todo mundo comeu os bombons de sempre. Mas aqueles seis ficaram lá, por uma semana, quase. Êta, coitados. Quem mandou serem feios?

Ouvindo:
Big Day
Tahiti 80
Fosbury (2005)