terça-feira, 28 de agosto de 2007

A Lei de Murphy Esmiuçada

Eaê, cambada de desocupados! Como estão as coisas? :D

Muito bem! Se vocês acharam que eu viajei geral na última postagem, dessa vez eu vou ser mais pé-no-chão. Fiz uma extensa pesquisa em mais de 95 universidades diferentes ao redor do globo para lhes fornecer dados concretos, concisos e precisos sobre a nova postagem. Wow, hein?
Tá bom, mentira. Quando muito, olhei a Wikipedia anglófona. Yes, como sou culto.

UTILIDADE PÚBLICA
A Lei de Murphy Esmiuçada

Um paradigma moderno. Um muro inexorável. Uma das últimas verdades do Universo. A Lei de Murphy é um impressionante mito erguido no recém-concluído Século XX que, entre outras coisas, viu também eventos e celebridades tão importantes quanto, como, a exemplificar, o cubo mágico - qualquer dia, se for do interesse de vocês (ou não) eu reposto aqui o post que fiz eu sobre o cubo mágico, no meu antigo blog - e o Michael Jackson e o Enéas Carneiro... Todos eles manifestações de seres de outros planetas. Mas a Lei de Murphy não. A Lei de Murphy foi criada no solo deste planeta azulóide em que vivemos. Levantou-se despretenciosamente, e hoje, é um dos adágios mais firmes da Civilização Ocidental. Impressionante, né?
Talvez não seja tão impressionante se você não sabe o que é um adágio. Eu mesmo não sabia e, humildemente, explicarei o que significa a palavra. Um adágio é uma frase que ficou popular, por ser absurda, por ser factual, por ser metódica, por ser cruelmente verdadeira... enfim, por ser notável. Vocês, plebeus, devem conhecer o termo "adágio" como "provérbio", ou "dito popular". Que palavreado mais chulo.
Muito bem! Um dos adágios mais firmes da Civilização Ocidental, bradava eu. Mas pra ser uma lei, ela teve que nascer de algum lugar, não é mesmo? Como esse adágio tem um nome, ficou mais fácil ir atrás do criador dela. Conheçam Edward Aloysius Murphy, Jr.

Edward Murphy, Jr. o Ed, é o mais velho filho de uma turma de cinco e, por isso, foi o primeiro a ser nomeado e, por isso, herdou o nome do excuso genitor, o seu pai. Ele nasceu na Zona do Canal do Panamá no inverno de 1918. Na época, o Canal do Panamá era criação recente dos Estados Unidos e Fodásticos da América e, como parte do acordo, o Canal do Panamá (bem como algumas cidades marginais) seriam território dos EUFA. Ed nasceu em uma dessas cidades marginais e, portanto, era norte-americano.
Seja lá como for, ele cresceu em Nova Jersey, e se formou na Academia Militar de West Point em 1940. No mesmo ano de sua formação, ele aceitou o ingresso para a Força Aérea americana e foi pilotar aviõezinhos. Chegou a brincar de soldado durante a Guerra Mundial - Round 2, e conheceu a Índia e os vizinhos pequerruchos ao lado dela. Depois da pancadaria entre americanos e nipos, nosso amigo Ed entrou no Instituto de Tecnologia da Força Aérea Americana, onde foi trabalhar na área de Pesquisa e Desenvolvimento - i.é., foi criar novos brinquedos.
Oh, uma vida notável, a do bom amigo Murphy. De onde, então, ele tirou tanto negativismo e rancor para pronunciar um dos símbolos do pessimismo moderno? Ah, vejam bem - A Lei de Murphy não é uma lei pessimista, em essência.

Edward Murphy era, como falei, da área de P&D. Ele pesquisava coisas pra descobrir como essas coisas se tornavam úteis (e lucrativas). Ele e seus coleguinhas de trabalho estavam, no feliz ano de 1949, engajados em uma pesquisa sobre a Força G (a força da aceleração da gravidade, lembrem-se das aulas de Física Mecânica). A idéia era descobrir qual era a tolerância de um ser humano simples a, digamos, uma rotação acelerada. O teste era, então, criar uma cadeirinha que ficava rodando, enquanto sensores mediam números muito importantes para descobrir, afinal, qual é a velocidade do brinquedo que faz a gente botar o almoço pra fora.
Acontece que depois de realizados alguns testes, os engenheiros vieram a descobrir que os sensores não mostravam nada. Haviam sido instalados equivocadamente, e não iam medir nada de interessante. De que adianta fazer testes se não vamos saber o resultado deles? Num átimo de angústia, Murphy teria dito que era pra tomar cuidado quando fosse construir as coisas, pois "se existir uma maneira de algo ser feito de forma errada, haverá alguém que o fará". Longe de ser pessimista, ele só alardeava que era pra se tomar cuidado no processo de construção, para que evitassem de dar aos usuários uma opção que possa conduzir o erro. Se todas as ações erradas forem previstas antes e forem corrigidas, o modelo está a prova de falhas, e aí, então, não vai existir mais uma maneira errada. E não vai dar errado! Isso é o que os engenheiros nomeiam "Engenharia Defensiva". E é essa a idéia original da Lei de Murphy.

A Lei ficou famosa no Instituto que Murphy trabalhava, bem como no meio acadêmico da Engenharia. As pessoas usavam o adágio do Dr. Murphy como uma maneira de dar ênfase à cautela na hora de se criar projetos. Aos poucos, entrentanto, aqueles que tomavam conhecimento dela acabava usando essa lei pra culpar a cagada nossa de cada dia. A partir daí, bem, um festival de negativismo.
A Lei de Murphy é usada, como bem sabemos, para explicar vários tipos de situações cotidianas, como a fila de banco que você pegou ser a mais demorada, chover justamente quando você não tem um guarda-chuva, e outras aplicações infelizes. A vida é sombria, meus caros, e não adianta a gente tentar se safar. Contam que fizeram um up-grade da Lei de Murphy, conhecida como a Lei de Finagle, que diz que "qualquer coisa que puder dar errado dará - no pior momento possível". Um show de otimismo e positivismo de nossos amigos do Norte.
A partir daí, a Lei de Murphy foi estudada e reinterpretada de diversos modos. Alguns "estudiosos" nos recordam que a Lei de Murphy não funciona se ela for usada com proveito próprio. Por exemplo: "sempre que eu esqueço de levar o guarda-chuva, chove". Você não pode, por exemplo, deixar o guarda-chuva propositadamente em casa para que chova usando da Lei de Murphy. Ela, assim, não funciona. Isso nos leva ao Paradoxo de Silverman "Se a Lei de Murphy puder falhar, ela falhará".
Outra versão desse estudo sobre Murphy nos diz que a Lei de Murphy só se aplica em um Sistema de Murphy; ou seja, um sistema em que a Lei de Murphy seja conhecida. Se supusermos um sistema em que não haja conhecimento dela (um grupo de idiotas felizes, por exemplo), a Lei não vale, e o sistema andará em perfeita harmonia, ainda que tenha notáveis falhas. Uma aplicação do Paradoxo de Silverman, quiçá?

Resumo da ópera: Edward Murphy, Jr. era um homem otimista, com uma carreira de sucesso e uma vida longa pela frente (morreu em 1990, aos 72 anos), que em um dia de frustração cunhou o estandarte dos fatalistas mais negativos e depressivos, e pessimistas em geral. É como se esperássemos que, em um dia, um liberal fosse idolatrado por conservadores! Mas, veja bem, talvez isso tudo fosse uma outra Lei de Murphy: Eddie lutou a vida toda pra ser simpático e otimista com a vida. Mas acabou sendo lembrado por criar o símbolo da nossa vida azarada do dia-a-dia. Ô Lei de Murphy que não falha nunca, hein, Eddie?

Esse post, para fins de bibliografia, deve seus méritos ao artigo "Murphy's Law" e "Edward A. Murphy, Jr.", ambos da enciclopédia online, a Wikipedia, em sua versão em Inglês. Mas os lucros com as vendas deste texto deverão vir para mim. =D

Ouvindo:
Rock the Casbah
The Clash
Combat Rock (1982)

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Você Está Sendo Filmado

Muitos e muitos bons dias para vocês, galera! Estamos a nos aproximar, agora, do post número 50! Vejam vocês! Logo logo completaremos meia centena de textos. Rápido, não? Mas ainda não chegamos lá. Antes do 50, temos o 47, o 48 e o 49 para nos concentrarmos. E já estamos no quadragésimo sétimo! God, como eu escrevo bobagens! Se bem que, cá entre nós, vocês gostam, né? Eu sei que vocês gostam... :D

Vocês já devem estar acostumados com um pouco de lero-lero antes do tópico chegar. Dessa vez, alongar-me-ei um pouco. É que nesta agradável quinta-feira de sol e relativo calor (no meio do inverno - aquecimento global?) o planeta está em festa. Gabriela Marques, a Bié (cujo nome já foi citado neste blog, aliás, quando do meu post "O Dia em que Vendi Minha Alma", além de outras inúmeras vezes em que ela assinou os comentários dela para meus textos) comemora o fim do vigésimo ano dela. Agora ela escreve a idade dela com um simpático "2" na frente - tenho certeza que o "2" dela é bem redondinho e bonitinho - e pode se achar no direito de ser uma adulta chata. É, minha Gabriela, você envelheceu. E isso não é nada, espera só até você chegar aos 40.
Desimportando o número de anos, te desejo-te todas as felicidades do mundo, várias e várias vezes, Bié querida! Espero que você seja mais feliz hoje do que sempre, e amanhã mais ainda! Mantenha sempre seu sorriso encantador e seu coração de ouro. Felicidades pra ti. ^^

Vamos embora que o mundo continua rodando. Estava eu pensando dia destes como o mundo muda rápido. Ainda hei de descobrir se o mundo todo muda rápido ou se isso só aconteceu por aqui porque estávamos alcançando o resto do mundo, sei lá. Seja lá como for, o mundo muda. É o mundo modeno, alterando completamente a nossa noção de vida. A tecnologia, sempre ela, preenche os espaços que a religião, a moral e a ética deixaram vazios. Querem um exemplo? Se antes você não podia fazer algo feio porque Deus olhava, hoje em dia, com essa paganização da sociedade, tem gente até achando que Deus é cego. Mas se eles acham que só por causa disso podem fazer coisas feias, hehe, melhor pensar de novo.

SORRIA!
Você Está Sendo Filmado

Em épocas remotas, quando eu era um pequeno guri que me divertia a esmo nesta metrópole gigântica minha, eu entraria em um espaço fechado e, por isso, um pouco mais privado, e me sentiria um pouco mais à vontade. Vocês, como posso deduzir, sabem que andar por uma metrópole é meio desconfortável porque tem muitas pessoas andando pra lá e pra cá, e tem sempre alguém te observando. Então, suponhamos, você estava a fim de cutucar o nariz para arrancar de lá uma meleca - lembrem-se, eu era uma criança, adorava fazer isso - mas não podia fazer no meio da rua. Alguém poderia ver, claro. Já viu a estatística que comprova que sempre que você pára em um farol, o cara do lado está cutucando o nariz? Então, parece-me que ela é 93% precisa. A única maneira de você furar essa estatística é sendo o cara que cutuca o nariz, mas isso não vem ao caso.
Falava eu que ao entrar em um espaço fechado e mais privado, eu poderia me sentir mais à vontade. Estava pensando, por exemplo, em um elevador. Se o elevador estivesse vazio, eu poderia cutucar o nariz, arrumar minha cueca, dar uma penteada no cabelo, cantarolar uma musiquinha em voz alta sem parecer bobo... Um momento para você mesmo, se você me entende. Quase como se fosse o box do seu chuveiro, mas não é só uma vez por dia, e você não precisa sair de lá pelado e molhado. É, um momento para você mesmo...

Acontece que o mundo mudou. Hoje em dia, como eu falei, lá está a bobona da tecnologia por todas as partes. E um dos adventos mais bem usados da tecnologia é a vigilância. Em um belo dia, descobriram que a câmera de vídeo também servia pra bisbilhotar a vida dos outros, e instalaram uma câmera de vigilância em um daqueles halls de entradas de edifícios importantes. Eles queriam evitar roubos, assédios, mal-olhado, macumba e o Seu Barriga. A moda, infelizmente, pegou. Colocaram em corredores, em gavetas, em armários, em ônibus, em capacetes... E, naturalmente, em elevadores. Tarados.
E você com isso? Que desde então você não pode mais cutucar o nariz, arrumar sua cueca (ou sua calcinha), dar uma penteada no cabelo, cantarolar uma musiquinha sem ser visto por ninguém. Agora tem algum guardinha gordalhão comendo rosquinha em algum lugar do prédio e assistindo tudo o que está acontecendo na frente da lente da câmera. Mas que porra! Tiraram a graça de um elevador! Não pode nem brincar de apertar todos os botões que esses dedos-duros vão ver tudo e nos dedar.

Tudo isso, a gente sabe, é claro, é pra proteger o patrimônio das empresas e do Governo. Os vândalos corinthianos adoram arrancar lascas das posses dos outros, e sem essas câmeras não têm como fotografar os mano e botar os mano pra apodrecer no xilindró, manja? Pura e simples vigilância. Queremos proteger você do mal, dizem eles, achando que nos enganam. Audácia. O que acontece, na verdade, é que eles têm uma desculpa, agora, para nos assistir 24 horas por dia! Sim! Eles podem ver tuuuudinho o que fazemos, porque eles têm câmeras digitais high-tech com infrared e thermal goggling com ultrazoom e outros destes anglicismos que soam muito avançados.
Mas se você acha que isso é apenas uma tentativa de se proteger dos vândalos, bem, você errou. Não é apenas isso. Também é, mas não é só isso. Aqui, agora, que surge o grande truque por detrás disso tudo. Raciocinem comigo: em todos os ambientes vigiados, eles têm de avisar que estamos sendo vigiados, certo? Vocês podem até deduzir a frase que aparece, claro. O famoso "Sorria!". E quem está acima do sorria? Ééé... Ele mesmo... O Smiley que Tudo Vê... Eles está em todas as plaquinhas, todos os estabelecimentos, todos os cômodos... Te olhando com os olhos digitais... o.o
Como em um Big Brother, você está sendo observado por uma variedade de "Pedro Bial" em algum lugar do tempo espaço. A gente só não tem as loironas gostosas de biquíni pra cima e pra baixo, e nem vamos ganhar dinheiro fácil no fim, mas a idéia é a mesma. E estamos dando, claro, nossas informações confidenciais para o Smiley que Tudo Vê... *clima soturno*
De posse dessas informações macabras todas, eles agora podem nos chantagear, podem nos incriminar, podem fazer montagens no Photoshop à lá Kibe Loco... eles podem tudo. Podegóóóósas... E você não pode fazer nada, somente ser fiel ao Smiley que Tudo Vê. Se você tentar ser subsersivo, ele vai saber. Ou você acha que as pessoas morrem em acidentes de trânsito foram vítimas de acidentes? Tsc, tsc, tsc...

Isso quer dizer, sim, que você perdeu sua privacidade. É para o bem da humanidade, claro!, eles dizem. Somos seguros, agora! E somos mais integrados! Vejam vocês com o Google, por exemplo. Não temos a menor privacidade com o Google mas, pelo menos, os outros sabem o que queremos ao acessar nosso orkut. Perdemos algo em troca de algo que ganhamos. Mas e com essas câmeras? Ganhamos o quê? Segurança? Má que conversa de boiola...
O chato não é você ter perdido um pouco do seu refugo privativo. O chato é que como esses cabras colocam vigilância eletrônica em qualquer lugar em que um ser humano possa pensar estar, você passa a adquirir, subconscientemente, a constante sensação de estar sendo observado. Mesmo se você for um ateu que acha que Deus é invenção. Não importa onde você vá, tem alguém te observando...
Com a sua subconsciência sabendo que não é seguro sair por aí porque os outros estão te vendo, você fica acostumado! Um absurdo! Nos tiram a liberdade e ainda querem que nos acostumemos! Vamos ao banco pagar conta e tem o Smile que Tudo Vê. Vamos tirar um documento e lá está o Olho da Verdade. Vamos cutucar nosso nariz em um elevador e, audácia, a merda da câmera está nos filmando. Às vezes você não tem a noção de que ele pode ver, inclusive, a cor das nossas roupas de baixo? Ainda mais se você for um daqueles manos com aquela mania (completamente ridícula, em minha opinião) de mostrar suas ceroulas pra todo mundo.
Tão acostumado, aliás, que você até estranha quando não tem! Vejam vocês um exemplo do autor que lhes escreve. O edifício em que a companhia para a qual trabalho usa como sede administrativa tem 4 andares. Eu cumpro meus ofícios no primeiro andar, bloco A. De modo que é mais prático eu subir dois lances de escada para alcançar o primeiro andar e começar o meu dia. O setor de Recursos Humanos, entretanto, está no quarto andar, bloco B. Então no dia em que fui ao RH para acertar pendências, entrei no elevador, como sempre faço, e apertei o botão. Sem querer, soltei um leve arroto - leve o caramba, me senti um dragão - e, assustado, olhei pra câmera pra saber se tinha como a câmera ter visto o arroto, pelo ângulo em que ela estaria. Mas o elevador não tinha câmera!! Rapaz, aquilo me perturbou pra caramba. Quando o elevador parou no quarto andar eu saí rapidinho. E quando eu desci, fui pelas escadas. Lá estava um elevador rebelde, querendo se liberalizar contra a ditadura do Smiley que Tudo Vê. E que fique bem claro - quando descobrirem o elevador rebelde e o prenderem, não quero nunca que saibam que eu estive dentro dele. Eu sou inocente. Senão me prendem também por subversão. Dirão que eu tentei fugir do Smiley que Tudo Vê. E ninguém, ouviu bem? Ninguém foge do Smiley que Tudo Vê.

Fico por aqui, galera! Lembrando que não tenho nada pra lembrar! Então fico por aqui, galera! Até a próxima postagem!

Ouvindo:
Showdown
Boy Kill Boy
Civilian (2006)

domingo, 19 de agosto de 2007

Reino da Bagunça

Boníssima noite, mes amis! Eu estou aqui, firme e contente, para mais uma vez postar neste blog que tanto prezo! Postar coisas legais, como sempre! Ah, que maravilha é ter um blog pra poder escrever o que eu bem entendo... Recomendo a quem se interessar. É fácil e divertido. Só consome um pouco do seu tempo mas, eu, por exemplo, acho que é bestante legal parar, às vezes, pra reler meus textos e rir um pouco com eles e me orgulhar deles.
Pronto, o momento Narciso passou.

Como é de praxe, algumas palavras merecem ser ditas antes de começarmos. Antes de mais nada, agradeço a vocês que comentaram o meu post passado. Como a minha prima Cibele sabiamente analisou, foi necessário um post ligeiramente político pra fazer as opiniões das pessoas pulular aqui. Entretanto, apesar de ter parecido um golpe estratégico muito sagaz de minha parte, a minha intenção não foi essa, na verdade. Essa idéia de post nasceu depois de uma conversação com um amigo meu do trabalho, em que falávamos que não precisamos, afinal, de dinheiro. Só queremos as coisas legais que podemos comprar com ele. Como eu tenho uma mente fértil, foi um pulo.
Segunda coisa a se dizer - depois de ler alguns comentários e reler à exaustão o meu post, passou pela minha cabeça que alguns de vocês, leitores, não tenham entendido que eu estava sendo razoavelmente irônico. A ironia é um dos adjetivos mais queridos por mim, sabe? Eu uso (e abuso) dele, caso ninguém nunca tenha notado. É uma diversão. Seja lá como for, espero que não tenham se equivocado: eu não sou comunista, nem pretendo ser tão cedo. Todo o texto passado foi uma grande piada. Eu achei que não precisasse dizer isso nesse blog, e já é a segunda vez que faço isso. Vocês me decepcionam. =/

Vamos lá! Agora acho que tenho algo pra escrever, então vou rápido antes que eu desista dessa idéia também. Yahoo!

Reino da Bagunça

Se tem uma coisa que você aprende com a sua família é: você não manda em zica nenhuma da sua casa. Reduzido à condição de obediente fiel de seus genitores ditadores, você tem que fazer as vontades deles e acatar aos seus "pedidos", sob a falsa acusação de que "tudo é para seu bem". Ou eu estou mentindo? Usurparam de seus direitos essenciais, garantidos pela Constituição de 1988 e da Declaração dos Direitos Universais dizendo que todos somos livres, e fazem com que você os obedeça ou morra. Quantas boas opções pra se escolher...
Como todo bom guerrilheiro, entretanto, tentamos dobrar a infeliz ditadura imposta por esses reacionários. Éramos presenteados, em nossos tempos antigos de nanicos, com um pequeno feudo, ao qual chamávamos "quarto". Neste território guardaríamos nossas tranqueiras, faríamos nossas pequenas obrigações escolares (muitas, na verdade) e dormíamos. Usualmente, dormíamos cedo, porque não podíamos ficar acordado até tarde. Era injusta a vida de uma criança.
Mais injusto ainda era o fato de nossos pais - principalmente as mães, que são narigudas desde o tempo que a Bíblia era lançamento - quererem tomar conta da única parte da casa que ainda era nossa. Mesmo que não fosse muito, mesmo que não fosse de verdade, era a parte que era mais nossa, não? Onde dormíamos e podíamos ter chiliques quando deitavam em nossas camas e onde guardávamos nossos brinquedos e nossos livros. Mesmo lá, queriam se meter, e arrumar, e organizar. Qual é a deles?

Quer dizer, parece até meio lógica e recíproca a idéia que no seu quarto você quem manda, não? Não pode fazer bagunça na sala porque as visitas podem ver. Não pode fazer bagunça na cozinha porque as louças podem quebrar e esses trecos todos. O banheiro é muito pequeno, não tem graça bagunçar lá. A não ser debaixo do chuveiro, mas o pai também chiava que chuveiro ligado custa caro, et coetera. No quarto dos pais, imagine, nem morto, nem pensar, não pense nem em sonhos, seu moleque. O que nos sobra, então? Nosso quarto, naturalmente! Era o lugar em que temos a maior parte de controle, afinal de contas. Se é razoável a idéia de que não podemos nos meter no quarto dos nossos pais, não é razoável também que nossos pais não podem se meter no que é nosso? Claro que sim!
Partindo dessa premissa, cuidávamos para que nosso quarto virasse, digamos, uma zona anárquica. Lá você tirava seus quilos de brinquedos, brincava com eles, se divertia, chamava amigos, jogava Banco Imobiliário e WAR ou, se você, cheirosa dama, fosse uma menininha, brincava com suas semelhantes de Barbie e o que a conviesse. Era de se esperar que, pragmáticos como éramos quando criancinhas, pensávamos que era milhares de vezes mais fácil não guardar as coisas porque, dã, amanhã brincaríamos de novo! Pra que eu vou perder tempo desmontando tudo e guardando se eu posso, tão simplesmente, deixar ali, no cantinho, e amanhã eu brinco do mesmo jeito que está hoje? Uma mentalidade prática, evoluída, que pensa no futuro. O tipo de mentalidade que as empresas de hoje procuram em seus trabalhadores.
O tipo de mentalidade que seus pais, aqueles arcaicos, memórias vivas da Era Medieval, fazem questão de evitar ter. Eles preferem ter a velha opinião formada sobre tudo, sabe? E acham que deixar as coisas jogadas por aí é uma afronta, um perigo para a sociedade, os modos e o bom costume, e obrigam você a obedecer o Ritual dos Costumes Ultrapassados. Aqueles arcaicos. O que acontece é que você tem de desmontar seu castelo de Lego todiiiinho, só porque ele não pode ficar em cima da estante ou do lado da cama. Ou guardar seu cemitério de automóveis depois que você narrou com o máximo de emoções uma corrida de carrinhos até a morte de todos eles. Ou juntar todas as suas bonecas e tranqueiras porque estavam no meio do quarto. É claro que estavam! Vou guardar no cantinho, onde é mais difícil de pegar? Mas era exatamente isso que eles queriam. Organização...

Seja lá como for, você descobria, frustrado, que não havia muito que reclamar. O quarto não era seu, nem nunca foi. É um empréstimo, meu querido, e pare de reclamar antes que cobremos aluguel, dizem os pais, capitalistas comidos pelo mercado especulativo. Seu pai, podendo imitar um gorila - já discutimos isso antes, lembram? - dizia que esta era a casa DELE, quem manda é ELE, e aquele festival de testosterona. Sua mãe dizia as mesmas coisas, mas não com essas palavras e nem com os mesmos gestos. Mas era razoavelmente a mesma coisa. E arrume já seu quarto!!
Mas seu espírito guerrilheiro nunca cessou de gritar dentro da ditadura! Você arrumava. Contrariado, porém arrumava. Maaas quando seus pais achavam que você havia aprendido a lição, hehe, você ia novamente e quebrava tudo! Venham, amigos! Vamos botar este templo de paganismo abaixo! Um viva à bagunça! Yabadabadoo! E vamos nós remontar tudo, perder mais pecinhas, derrubar mais coisas, sujar algumas camisetas e o colchão e o travesseiro...

Eventualmente, entretanto - como é natural - você cresceu. Agora, em vez de deixar seus carrinhos (ou bonecas, conforme eu já discerni) jogados por aí, você deixa seus pertences escolares e roupas e livros e outros bens que você mantém agora, que é um adolescente metido à besta. Sim, sua infância acabou e, com ela, a vontade de deixar bagunçado pela pura diversão da bagunça. Agora é hora da bagunça porque sem ela as coisas ficam vazias pra você. É mais ou menos nessa época que você desenvolve o senso de "bagunça organizada", em que está bagunçado, ok, mas eu sei me entender nessa bagunça. Sei achar onde estão meus livros, minhas roupas limpas, meu travesseiro. Ele está em algum lugar aqui, eu tenho certeza...
Você mudou. Seus pais não. Nossos exemplares da Monarquia Absolutista continuam achando que seu quarto é tão-somente uma colônia da casa deles, e continuam obrigando você a manter aquilo limpo. Arrume os livros! Guarde as coisas! Mantenha a cama limpa! Dobre suas roupas! Isso parece um disco arranhado.

Para manter o quarto a seu bel-prazer, você tem que ser perseverante, persuasivo, paciente e bastante original. O truque é tentar convencer seus pais de que não existe futuro e não existe jeito, o quarto não tem arrumação. Eu e meus irmãos, a título de exemplificação, vencemos minha mãe xerifona porque a gente foi duro na queda. Nossas camas eram cenários de guerra, nossos guarda-roupas eram cenários desoladores, nossa escrivaninha era o que sobrou de um filme do Arnold Schwarzenegger. Minha mãe ia à loucura. A gente dizia que íamos arrumar depois, que estávamos ocupados estudando, essas coisas. Dizíamos que era Feng Shui, pra manter o espírito da casa positivo, sabe? Ou mandávamos o clássico "Pra que arrumar a cama? Hoje à noite vou desarrumar de novo!". Aliás, ainda não conseguiram me responder essa última pergunta. Minha cama está lá, com montes de roupas e coisas desdobradas. Como eu havia escrito outra vez no meu perfil do orkut, o site do turco louco, "é uma cama de um garoto comum, cazzo!".
Portanto, não desistam, guris! Lembrem os seus pais que o seu quarto pode até ser deles, mas é seu também! Lá vocês podem fazer a bagunça que quiserem! Lá o mundo é de vocês! E se eles não achem, bem, mostrem a eles que é melhor só o quarto bagunçado do que, por exemplo, o quarto e a sala, o seu quarto e o quarto deles... Bagunce a sala até eles cansarem, e aí dizerem "Tá legal, vá fazer bagunça no seu quarto!". Vitória da guerrilha! Parabéns!

E continue lutando pela liberdade, guri! Mantenha o sonho vivo!

Ouvindo:
(Don't) Give Hate a Chance
Jamiroquai
High Times: Singles 1992-2006

domingo, 12 de agosto de 2007

Decidi Ser Comunista

Boa noite, galera! Prazer estar de volta pra postar mais uma vez no Inominativo! Hooray!

Estava aqui a olhar o feedback do Inominativo. Naturalmente, como não há mais comentários, tive que descobrir outras maneiras de descobrir se meu blog está sendo visitado e lido. Há alguns meses atrás, conduzi uma busca no Google para descobrir um site que avaliasse as estatísticas do blog - as estatísticas de visitas, para ser mais exato. Como vocês devem bem saber, a prática de manter um olho nos visitantes é corriqueira, pra que as empresas - digamos, o próprio Google - saiba qual é a freqüência de visitantes e, assim, possa colocar um preço nos anúncios que ela faz. Claro que eu não estou atrás de anúncios mas, sim, de números. Não sei se os visitantes lêem, mas sei que eles pelo menos visitam. Seja lá como for, notei que, como era de se esperar, como eu parei de fazer propaganda do meu blog para os conhecidos, muitos deles deixaram de visitar. Ainda há alguns que visitam, naturalmente, na calada da noite, enquanto ninguém vê, pra não ser dedado e não passar vexame.
Agora, existem muitos, muitos mesmo, que caem no Inominativo atráves do Google! A ferramenta a qual uso (BlogPatrol, você pode ver o ícone dela na barra da direita, lá no finalzinho) mostra o IP do visitante, a data, a hora, a página visitada e de que site ele veio. E muitos vêm através de pesquisas do Google! O Ser Supremo e Todo-Poderoso da Internet desvia algumas buscas para este blog! Algumas que eu não consigo imaginar o que fez o Google linkar a pesquisa com o meu blog, outras que eu imagino até qual postagem que o coitado caiu por acidente... Como eu falei, não sei dizer se eles lêem a postagem. Um alguém que vem via Google não comenta no meu blog - eu também não comento quando caio em algum blog modesto como o meu via Google. Mas é bastante interessante saber que o Google se lembra daqui. Hooray!
E lembrem-se: eu estou de olho em vocês. Hehehehehe...

Muito bem. Ao texto!

Decidi Ser Comunista

E está decidido. Não mais o Capitalismo sujo e vil. Essa idéia mesquinha de dinheiro pelo dinheiro, consumismo pelo consumismo, poder pelo poder. Quero um mundo melhor pra todos. Um mundo mais sincero, mais justo, mais igualitário. Onde todos terão oportunidade e possibilidades. Um mundo para o proletário, eu digo!
E não quero mais o dinheiro. Não senhor. Pra que isso? Esfolar-me, mês após mês, pra ganhar um punhado de papel impresso com alguns números? Não! Agora, viverei sem essa coleira dos reacionários, sem essa jaula da Direita Extrema. Posso muito bem viver sem essa tara de comprar e gastar e usar tudo pelo proveito próprio, claro que posso. Deixar de servir o capitalismo. Lutar contra o capitalismo.
Claro que, pra lutar contra o capitalismo, preciso comer. Ninguém luta de barriga vazia. Então preciso comer algo. Mas ah, isso não é problema. Minha mãe faz janta todo dia. E quando não tem janta feita, eu posso pegar bolacha do armário, comer salgadinho. Uma vez por mês, posso até comer fora. Claro que não vou ao McDonalds, coisa de capitalista. Meu negócio é muito mais um milk-shake de Ovomaltine do Bob's. Passar fome eu não passarei. Poderei servir aos ideais revolucionários!

Para os meus atos de revolta contra o Capitalismo, que serão normalmente greves e paralisações, vou usar roupas bastantes legais que mostram quem sou. Vou usar um All-Stars muito legal que vi em um shopping estes dias, e que nem custava muito caro. Mas vou pedir pro meu velho comprar, claro, porque eu não sou capitalista, não vou dar o meu dinheiro pra essas lojas capitalistas, muito menos pra fabricante de All-Stars. E vou comprar também uma dessas camisetas alternativas, que custam R$35,00 no centro de São Paulo. Pra essas, sim, eu vou pagar com o dinheiro da minha mesada, porque não são empresas multinacionais que querem comprar o Brasil. Fora, yankees! Esses fabricantes de camisetas alternativas, sim, merecem ganhar meu dinheiro, para usá-lo para propagar os ideais de Marx e Che.
Ah, vou querer também um iPod. Já pedi pro meu pai comprar um pra mim quando ele for pra Los Angeles. Ele vai pra lá em uma conferência da empresa em que ele trabalha, e vai comprar pra mim um iPod novinho, com mais de 40GB de espaço, pra eu colocar todos os MP3 que eu baixei. Eu baixo muito MP3, porque assim eu vou contra o capitalismo das gravadoras que sugam todo nosso dinheiro. Fico baixando os álbuns. E só compro um quando eu gosto muito muito mesmo. Original, porque eu gosto de ler os encartes.

Assim eu poderei propagar meus ideais comunistas. Dizer pra todo mundo que Marx estava certo. Devemos mesmo abolir toda forma de escravização do proletariado. Todos somos livres para fazer o que quiser! Não devemos obedecer a um capitalista gordo que engorda ainda mais às nossas custas. Devemos, sim, defender o proletariado! É o trabalhador que sabe como conduzir os negócios. O trabalhador que sabe o que precisamos e o que não precisamos. Sim, vamos parar de alimentar essa classe imprestável de capitalistas!
Vamos parar de alimentar o capitalismo! Serei comunista! Quero ver um mundo melhor, acabar com essa pouca vergonha. Não ao capital especulativo! Não às multinacionais! Fora, yankees!
Não quero mais defender esse modelo retórico que só beneficia os ricos e a elite. Acho que todos podemos ser iguais. E nem estou pedindo muito. Eu só quero chegar em casa e comer uma comida quente que minha mãe fez, usar um All-Star legal, ter um iPod bonito, uma cama fofa, um computador com banda larga pra eu manter meu flog, uma tevê a cabo pra evitar de assistir o Faustão e o Gugu e essas bostas da tevê aberta... Isso não é pedir demais! Decidi-me. Vestirei uma camisa do Che. Alistar-me-ei em algum partido comunista. Ouvirei música alternativa no meu iPod. E defenderei a revolução comunista. Que alguém vai fazer. Eu não, claro. Estou muito ocupado protestando.

Ouvindo:
Sexbomb
Tom Jones & Mousse T
Reload (1999)

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

A História de Nikolai Yergenevich

Buenas, galera! Mais uma vez, seu humilde autor se prepara-se para escrever outro texto! Yay!

Aliás, acho que temos um problema. Não consigo acessar meu pobre blóguio daqui de casa. Ainda bem que o site pra atualizar é outro, senão cêis tava tudo zicado, porque eu não poderia bater esse texto. =/
Mas, graviolas, eu posso bater o texto, então sem delongas! Ainda que outros de nós não consigam entrar aqui, ler o post e comentá-lo. E quero pensar que este é o único motivo que fez do meu post passado tão impopular. QUe chato. E eu gostei tanto dele...

Coadjuvantes - A Triste História dos Ofuscados
A História de Nikolai Yergenervich

Nikolai nasceu em Tbilisi, Geórgia, União Soviética, em 1967. Filho de uma família de descendentes de russos, sua família havia sido marginalizada em um dos bairros de poucas posses na capital da república georgiana (coisa muito trivial na União Soviética). Como a comida era pouca e a fome era muita, Nikolai, coitado, trabalhou desde cedo com os pais, ajudando o papai padeiro. Mas Nikolai tinha ambições. Maravilhado com a carreira militar, via aquelas apresentações militares, aquelas salvas de tiros, aquelas saudações todas... E tava decidido - Nikolai seria o General Yergenevich da União Soviética!
Como a gente sabe, entretanto, a URSS não andou muito bem das pernas depois dos anos 1970 acabarem. Crises políticas, falta de dinheiro, torcicolo, processo pendente no PROCON, unha encravada... Yergenevich se alistou na KGB soviética ao completar vinte anos, depois daquelas baterias de testes de militares e tudo o mais. Acontece que em 1987 não tinha lá muitas histórias para se contar de feliz ds Rússia. Um tal de Gorbachov subiu no poder promentendo fazer e acontecer, mas tudo o que aquele porco capitalista fez foi acabar com a URSS e vender os pedaços para os americanos malditos. Crápula! Acabou com o sonho do jovem Nikolái, que a tanto tempo sonhava em ser o braço-de-ferro da Mãe Rússia! Desolado, ajudado por amigos, Nikolái decidiu - assim como Lênin, ele seria o homem que reuniria as repúblicas soviéticas, e que as removeria deste consumismo insuportável! A Terra-Mãe nos chama!

Nikolái, agora Tenente Yergenevich, estava trabalhando para a KGB, que ainda existia, ainda que toda mutilada pelos democratas. Sem todo o glamour da Guerra Fria, naturalmente, a KGB era uma força nacional em crise, pois estava sendo desmontada, e perdendo influências. Mas ele se manteve firme! Manteve-se firme, inclusive, quando Bóris Yéltsin decretou a falência da KGB e que, na Rússia, ela seria renomeada, para FSB. Tenente Yergenevich manteve-se lá, trabalhando pela Rússia que ele amava.
Até que, em uma tarde de Abril de 1995, tudo aconteceu. Tenente Yergenevich fora indicado para proteger o Ministro da Defesa da Rússia, cujo nome não é importante. Nos importa saber que lá ele esteve. Protegendo mais um figurão bigodudo, lá. Isso era missão fichinha, naturalmente. A Guerra Fria acabou, quem iria pensar em atacar o Ministro da Defesa? Talvez os chechenos, ou os siberianos, ou terroristas iranianos, que estavam incomodando. Mas eles atacariam o Yéltsin, ou o Ministro de Interiores. Atacar o pobre Ministro de Defesa? Coitado! Não tinha nem chances. Ia ser fichinha. Certeza de que depois dessa missão, ele seria promovido a Capitão, ganharia uma sala legal, uma estrela bonitinha, condecoração do Ministro, honrarias dos familiares... Ah, a boa vida de um combatente a serviço da pátria...

O rádio toca enquanto ele patrulha os banheiros do segundo andar do prédio achatado no centro de Moscou: "Guardas! Rápido!". O Tenente corre para o primeiro andar, onde o Ministro se encontraria com um Coronel do Exército russo. Ouve pancadarias. Tiros voando. E se apressa. Ao chegar no corredor, vê Vladimir Yugonov caído no chão, morto. Seu amigo, o jovem Yugonov, tão espirituoso, tão alegre, morto. Mantendo a frieza de um soldado russo, ele continua. Mais tiros. E dessa vez, Sergei Ulianova e Mikhail Elenovich caídos também. "Mas que diabos...?"
Antes de terminar o pensamento, ouve passos nas escadas atrás. Vira-se, e dispara sua Kalashnikov a tiracolo. Tarde demais. Seu corpo é varado com três tiros de uma mesma Kalashnikov, há pouco roubada de um de seus subordinados. Tudo escurece. Nikolái cai no chão. Ele pensa em Priscilla, sua esposa, e em Yuri, seu filho, cujo nome era homenagem ao pai. E, em um último relance, ele vê o seu assassino correndo para o andar inferior, matando mais alguns capangas. O nome do assassino? Bond. James Bond.

Muito bem, Rafael, que estória mais torta é esta?
Estava eu ontem a assistir GoldenEye, o filme da saga 007, em que Pierce Brosnan estréia como o machão agente britânico. Um filmão, em minha opinião. Mas eu fiquei solidarizado com os pobres capangas que foram inocentemente assassinados em serviço, protegendo seus superiores, e que morreram sem saber que seus superiores eram corruptos. Coitados. Por que ninguém têm pena deles? Então eu tive. :P
Agora eu dei motivo pra vocês não comentarem nesse blog. Péssima idéia eu tive, né? Viajei, hohohohoho...

Ouvindo:
Corner of the Earth
Jamiroquai
High Times: Singles 1992-2006 (2006)