Aloha, cidadãos! Depois de um tempo de pequenas férias, o Inominativo está pronto pra ferver! É hora de recolocar o disco na vitrola, de repor os doces na bomboniére, de reerguer o castelo de cartas, de... Ah, vocês entenderam. =D
Sabe, eu tenho tido problemas pra atualizar meu blog recentemente, porque eu nunca sei o que eu posso escrever. Eu tenho alguma idéia, daí eu chego no meio do post e descubro que não estou indo bem. O post não está dando liga, não vai ficar tão legal quanto eu imaginava, sei lá. E eu acho que pra um texto ficar bom, é importante que o autor do texto goste. Senão não dá, né? Então eu fico nessa crise, essa putice aê, e o blog fica às portas da falência. Isso é triste, né? Pois é. Então.
Esforçar-me-ei, entretanto, pra ver o que consigo fazer pra postar aqui pelo menos uma vez por semana, como antes fazia. Tudo isso é porque eu gosto de vocês. Mesmo mesmo. ^^
GUILDA DOS CAMELÔS DAS AMÉRICAS
Satisfação Garantida! Ou seu dinheiro jogado fora!
Ah, a globalização. Nada como viver em Luanda, a capital de Angola, e entrar na internet e mandar comprar um iPod original direto dos Estados Unidos, cuja fabricação foi taiwanesa e que entrou em Los Angeles por um cargueiro japonês depois de comprá-lo em Manila, nas Filipinas! Você pode comprar o que quiser, de onde quiser, quando quiser e como quiser! Não é fantástico? Não parece a solução pra fome e outras mazelas que há milênios afligem e corroem a civilização? Mas parece que o sonho de Adam Smith e outros liberais encontrou alguns obstáculos. Infelizmente, os governos malditos e vis decidem taxar, retaxar e recontrataxar todos os produtos que andam sobre seus solos e embarcam em seus portos e desembarcam em seus portos, e taxam e retaxam e recontrataxam. E as empresas, outras instituições perniciosas e carnívoras, decidem colocar seus logos sobre produtos malfeitos e cobram quase cinco vezes mais caros. Deturpadores do livre capitalismo! Bárbaros mongóis destruidores!
Felizmente, a sociedade em geral não dá a mínima pra teorias econômicas estapafúrdias e absurdas - e, tenho que registrar, isso me preocupa porque eu sou um economista - e as pessoas conseguem se ajustar decentemente seja qual for a crise. Se existe a taxação de imposto, nasce a sonegação! Se impedem o livre movimento de bens, nasce o contrabando! É o anti-capitalismo a favor do capitalismo! Ainda escreverei uma tese sobre isso.
Pense, agora, com os seus respectivos botões, camarada: se as empresas fabricam produtos mequetrefes e cobram caro só porque eles colocaram o nome da empresa no produto, porque não comprar um produto semelhante, só que sem o nome da empresa? Muitas pessoas tiveram essa impressionante idéia. Juntaram-se em comunhão, e fundaram fábricas. Fabricaram, então, bolsas que era muito parecido com uma Gucci legítima. Ou uma camisa que é igualzinha a do Santos, ou um tênis que você jura que já viu uma Nike daquele mesmo modelo... Mas o preço é estupidamente menor! Tudo isso porque a idônea companhia que fez a bolsa decidiu não colocar um nome famoso no produto. E você pode pagar menos!
E então, você vai até a barraca de protudos não-licenciados mais próxima (não-licenciado significa "não pagamos impostos" e, por isso, é ainda mais barato!) e pode comprar bens de consumo com o seu suado salário de escravo - ou sua mesada, depende do seu grau de inutilidade social - e usar seu produto! Melhor ainda, pode usar sem medo de ser roubado por causa da ganância dos outros em ter seus produtos tão queridos. O ladrão pode comprar um pra ele também...
Então, o contrabando de bens cresce. Fábricas clandestinas abrem a torto e a direito na China e em Taiwan, e desembarcam desesperadamente nos países menos abastados, como a nobre nação verde-amarela tupiniquim. E aqui, os produtos fazem imediato sucesso. Tanto que não tardou a nascer vários microempreendimentos em esquinas e em ruas autorizadas, de norte a sul. Barraquinhas que vendiam tudo o que seu dinheiro não compraria em shoppings e em lojas autorizadas. Só que tinha ainda mais coisas! Um mundo inteiro de curiosidades consumistas esperavam aqueles que eram bravos o bastante para desbravar a virgem mata do produto alternativo! Um viva aos bandeirantes da Vinte e Cinco de Março!
O clima de amizade e gastança desapareceu, entretanto, quase tão rápido quanto veio. A facilidade de se fazer dinheiro criou milhares de barracas, que competiam dia após dia alguns metros quadrados de calçada pra vender suas coisas. As pessoas se estapeavam, disputavam lugares, acordavam cada vez mais cedo pra guardar seu ponto de venda. Até que a situação ficou insuportável, e as brigas começaram a estourar pra valer. Socos, pedradas, tiroteiros para ver quem ia manter o maior número de clientes (que, a este momento, fugiam desesperados da confusão). Até que os camelôs decidiram, finalmente, se acordar, e criar maneiras (nada) legais para se organizarem e melhor atender o público brasileiro. Nasceu, assim, a Guilda Brasileira de Camelôs Licenciados!
Nascido em alguma metrópole brasileira no início da grandiosa década de 1990 (São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador disputam o cargo de cidade-mãe da Guilda), a associação de foras-da-lei logo ganhou projeção regional, englobando diversos negócios em diversas frentes em diversos preços, com diversos vendedores qualificados. Radinhos de pilha, camisetas, CDs e DVDs, jogos, bolsas, tocadores de MP3... Com uma ampla variedade, a Guilda se associava e garantia o lucro da classe comerciante mesmo quando uma das vertentes estava má em lucros. E cada vez mais cidades eram abraçadas pela GBC, e cada vez mais produtos eram vendidos: guarda-chuvas, esteira de praia, binóculos, óculos de sol etc. Era um verdadeiro sucesso.
Posteriormente, veio o reconhecimento internacional e o acordo com outros países. Primeiro veio as Guianas, que importavam bens da Guilda. Depois, a Colômbia e a Bolívia. E quando a Guilda Brasileira pareceu que não ia dar conta do tamanho crescimento, se aliou e se fundiu com a Unión Paraguaya de Productos Legítimos. Agora, sim, nascia a Guilda de Camelôs das Américas! Com sede mundial em Asunción, sede nacional em São Paulo e investimento chinês (um grande investidor chinês comprou, recentemente, mais de 35% das ações corporativas da Guilda, e doou o prédio pra sede brasileira da firma), a Guilda dos Camelôs das Américas teve seu acervo rejuvenescido - todos já notaram os iPobres que vendem por aí, originais made in Taiwan, que fazem quase a mesma coisa que o original estadunidense; só falta funcionar! - seus negócios otimizados e sua abrangência expandida. Agora, com ação em mais de dezesseis países na América do Sul e Central, e com negociações para agir no México, no sul dos Estados Unidos e com a primeira loja em Angola, a Guilda está se tornando um dos maiores empreendimentos comerciais do mundo! E a menos de dez reais!
Então, criança, lembre-se: antes de ir às lojas, pagar caro por algo que você sabe que não vai usar direito, que não vai durar, que é só caro e não tem nada de útil, então passe antes em uma loja licenciada da Guilda dos Camelôs das Américas. Converse com nossos agentes autorizados e conclua: mais vale pagar mais barato por algo ruim do que pagar mais caro por algo nem tão bom assim.
Guilda dos Camelôs das Américas: porque original é pra frutinhas.
Ouvindo:
Direct Hit
Art Brut
It's a Bit Complicated (2007)
Sabe, eu tenho tido problemas pra atualizar meu blog recentemente, porque eu nunca sei o que eu posso escrever. Eu tenho alguma idéia, daí eu chego no meio do post e descubro que não estou indo bem. O post não está dando liga, não vai ficar tão legal quanto eu imaginava, sei lá. E eu acho que pra um texto ficar bom, é importante que o autor do texto goste. Senão não dá, né? Então eu fico nessa crise, essa putice aê, e o blog fica às portas da falência. Isso é triste, né? Pois é. Então.
Esforçar-me-ei, entretanto, pra ver o que consigo fazer pra postar aqui pelo menos uma vez por semana, como antes fazia. Tudo isso é porque eu gosto de vocês. Mesmo mesmo. ^^
GUILDA DOS CAMELÔS DAS AMÉRICAS
Satisfação Garantida! Ou seu dinheiro jogado fora!
Ah, a globalização. Nada como viver em Luanda, a capital de Angola, e entrar na internet e mandar comprar um iPod original direto dos Estados Unidos, cuja fabricação foi taiwanesa e que entrou em Los Angeles por um cargueiro japonês depois de comprá-lo em Manila, nas Filipinas! Você pode comprar o que quiser, de onde quiser, quando quiser e como quiser! Não é fantástico? Não parece a solução pra fome e outras mazelas que há milênios afligem e corroem a civilização? Mas parece que o sonho de Adam Smith e outros liberais encontrou alguns obstáculos. Infelizmente, os governos malditos e vis decidem taxar, retaxar e recontrataxar todos os produtos que andam sobre seus solos e embarcam em seus portos e desembarcam em seus portos, e taxam e retaxam e recontrataxam. E as empresas, outras instituições perniciosas e carnívoras, decidem colocar seus logos sobre produtos malfeitos e cobram quase cinco vezes mais caros. Deturpadores do livre capitalismo! Bárbaros mongóis destruidores!
Felizmente, a sociedade em geral não dá a mínima pra teorias econômicas estapafúrdias e absurdas - e, tenho que registrar, isso me preocupa porque eu sou um economista - e as pessoas conseguem se ajustar decentemente seja qual for a crise. Se existe a taxação de imposto, nasce a sonegação! Se impedem o livre movimento de bens, nasce o contrabando! É o anti-capitalismo a favor do capitalismo! Ainda escreverei uma tese sobre isso.
Pense, agora, com os seus respectivos botões, camarada: se as empresas fabricam produtos mequetrefes e cobram caro só porque eles colocaram o nome da empresa no produto, porque não comprar um produto semelhante, só que sem o nome da empresa? Muitas pessoas tiveram essa impressionante idéia. Juntaram-se em comunhão, e fundaram fábricas. Fabricaram, então, bolsas que era muito parecido com uma Gucci legítima. Ou uma camisa que é igualzinha a do Santos, ou um tênis que você jura que já viu uma Nike daquele mesmo modelo... Mas o preço é estupidamente menor! Tudo isso porque a idônea companhia que fez a bolsa decidiu não colocar um nome famoso no produto. E você pode pagar menos!
E então, você vai até a barraca de protudos não-licenciados mais próxima (não-licenciado significa "não pagamos impostos" e, por isso, é ainda mais barato!) e pode comprar bens de consumo com o seu suado salário de escravo - ou sua mesada, depende do seu grau de inutilidade social - e usar seu produto! Melhor ainda, pode usar sem medo de ser roubado por causa da ganância dos outros em ter seus produtos tão queridos. O ladrão pode comprar um pra ele também...
Então, o contrabando de bens cresce. Fábricas clandestinas abrem a torto e a direito na China e em Taiwan, e desembarcam desesperadamente nos países menos abastados, como a nobre nação verde-amarela tupiniquim. E aqui, os produtos fazem imediato sucesso. Tanto que não tardou a nascer vários microempreendimentos em esquinas e em ruas autorizadas, de norte a sul. Barraquinhas que vendiam tudo o que seu dinheiro não compraria em shoppings e em lojas autorizadas. Só que tinha ainda mais coisas! Um mundo inteiro de curiosidades consumistas esperavam aqueles que eram bravos o bastante para desbravar a virgem mata do produto alternativo! Um viva aos bandeirantes da Vinte e Cinco de Março!
O clima de amizade e gastança desapareceu, entretanto, quase tão rápido quanto veio. A facilidade de se fazer dinheiro criou milhares de barracas, que competiam dia após dia alguns metros quadrados de calçada pra vender suas coisas. As pessoas se estapeavam, disputavam lugares, acordavam cada vez mais cedo pra guardar seu ponto de venda. Até que a situação ficou insuportável, e as brigas começaram a estourar pra valer. Socos, pedradas, tiroteiros para ver quem ia manter o maior número de clientes (que, a este momento, fugiam desesperados da confusão). Até que os camelôs decidiram, finalmente, se acordar, e criar maneiras (nada) legais para se organizarem e melhor atender o público brasileiro. Nasceu, assim, a Guilda Brasileira de Camelôs Licenciados!
Nascido em alguma metrópole brasileira no início da grandiosa década de 1990 (São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador disputam o cargo de cidade-mãe da Guilda), a associação de foras-da-lei logo ganhou projeção regional, englobando diversos negócios em diversas frentes em diversos preços, com diversos vendedores qualificados. Radinhos de pilha, camisetas, CDs e DVDs, jogos, bolsas, tocadores de MP3... Com uma ampla variedade, a Guilda se associava e garantia o lucro da classe comerciante mesmo quando uma das vertentes estava má em lucros. E cada vez mais cidades eram abraçadas pela GBC, e cada vez mais produtos eram vendidos: guarda-chuvas, esteira de praia, binóculos, óculos de sol etc. Era um verdadeiro sucesso.
Posteriormente, veio o reconhecimento internacional e o acordo com outros países. Primeiro veio as Guianas, que importavam bens da Guilda. Depois, a Colômbia e a Bolívia. E quando a Guilda Brasileira pareceu que não ia dar conta do tamanho crescimento, se aliou e se fundiu com a Unión Paraguaya de Productos Legítimos. Agora, sim, nascia a Guilda de Camelôs das Américas! Com sede mundial em Asunción, sede nacional em São Paulo e investimento chinês (um grande investidor chinês comprou, recentemente, mais de 35% das ações corporativas da Guilda, e doou o prédio pra sede brasileira da firma), a Guilda dos Camelôs das Américas teve seu acervo rejuvenescido - todos já notaram os iPobres que vendem por aí, originais made in Taiwan, que fazem quase a mesma coisa que o original estadunidense; só falta funcionar! - seus negócios otimizados e sua abrangência expandida. Agora, com ação em mais de dezesseis países na América do Sul e Central, e com negociações para agir no México, no sul dos Estados Unidos e com a primeira loja em Angola, a Guilda está se tornando um dos maiores empreendimentos comerciais do mundo! E a menos de dez reais!
Então, criança, lembre-se: antes de ir às lojas, pagar caro por algo que você sabe que não vai usar direito, que não vai durar, que é só caro e não tem nada de útil, então passe antes em uma loja licenciada da Guilda dos Camelôs das Américas. Converse com nossos agentes autorizados e conclua: mais vale pagar mais barato por algo ruim do que pagar mais caro por algo nem tão bom assim.
Guilda dos Camelôs das Américas: porque original é pra frutinhas.
Ouvindo:
Direct Hit
Art Brut
It's a Bit Complicated (2007)