Aê, pessoal! Feliz domingo pra vocês, cambada! Já é hora de continuar a rotina deste blog, não acham? Então vamos metralhar palavras! Hora de postagem! Post it, or DIE! \o/
Antes, um pouco de explanações cabem aqui. A Larissa, um anjo de menina e minha grande amiga, também conhecida como Fu, chegou a perguntar se as idéias postadas aqui são minhas, mesmo. Bom, Lari querida (e pra qualquer um curioso), já é conhecido que nada se cria, tudo se copia. Então tem, deveras, algumas idéias que eu vejo em algum lugar, que ouço em uma conversa, que leio em alguma revista ou sort of. Mas eu não as posto cru, elas têm de passar por um mínimo de sandice minha, sabe? Afinal, eu estou as escrevendo. Mas, sim, meus posts nascem, normalmente, do nada no meu cérebro, e eu as aproveito. Tenho que escrever correndo, para que eu não ache que ela ficou chata e eu desista. Só que são todas idéias minhas. \o/
Falando em ir rápido, é melhor que eu o faça. Senão eu desisto de novo deste post. A ver.
Contos do Cotidiano
VIII - Tortura Profissional Autorizada
Tudo começa quando você volta da escola, em um dia genérico. Inocente, você se desmonta do aparato estudantil para aproveitar mais uma belíssima tarde de primavera, fazendo o que a imaginação lhe permita. Ah, la belle vie. Antes de você dar o terceiro passo dentro de sua casa, entretanto, o telefone de casa toca. Você atende maquinalmente, e a voz de sua mama está saindo pelo aparelho. Diz sua mãe, depois da usual saudação de mamãe a um filho querido: "Filho, é melhor você se apressar para trocar de roupa. Daqui a pouco eu vou passar aí pra te buscar". "Buscar-me, mãe? E vamos onde, exatamente?". Ela execra a sua notável falta de memória para assuntos importantes. E lhe recorda: "Ao dentista, filho. Temos consulta marcada às 16h00".
Olha, rapazes, não sei quanto a vocês. Não sei se vocês são masoquistas, se sua dentista é uma loira linda ou um moreno atraente, mas eu morro de terror de dentista. Demônios vestidos de branco, lobos em peles de fofinhos carneirinhos, com mascarazinhas e jalecozinhos e um sorrisinho simpatiquinho (que merda de frase de boiola, essa), dispostos a nos ajudar a nos livrar dos males bucais, com todo o amor e carinho. Mas eu nunca consegui ver este lado de amor e carinho deles. Quando meus pais abandonavam a sala, tudo o que via era uma sala repleta de instrumentos medievais de tortura, todos brancos-hospital, para catalisar o meu receio sobre dentistas - a intenção deles não é nada boa, de longe.
Antes de você entrar no consultório, entretanto, tem toda a concentração. A preparação psicológica. Ao chegar na ante-sala, aquele clima hostil te chega de sopetão. A atendente diz, com uma voz de buzina de Fusca, que o dentista já já atende. Você senta, tremendo feito gelatina, em um banco qualquer. Seus pais pegam aquelas revistas veeeeelhas (Revista Veja: Cai o Muro de Berlin) pra dar uma folheada nas manchetes antiquíííssimas. Você, é claro, não gosta de ler a Veja. Tampouco as opções, como Caras, Revista TiTiTi, e essas depravações do nobre mundo do jornalismo sério e competente. Sentado como um homem às vésperas da cadeira elétrica, privado de suas liberdades, concedidas por Deus, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pela Constituição, você aguarda. Essa parte é uma das piores partes da vida, na minha opinião. Do outro lado, aquele zumbido fininho corta o silêncio e gela a alma. Bzzzzzzzzzzzz...
Você só imagina o que aquele ser vindo das profundezas mais esquecidas do Inferno está fazendo com o pobre humano do outro lado da porta, mas seu cérebro não consegue trabalhar com clareza. Ele está em torpor, com o barulhinho preenchendo cada vazio entre os seus neurônios. Todos os seus nervos - em especial os nervos dos dentes - se contorcem de pânico com o barulhinho mais temido pela humanidade. Sua mãe, aquela espiã traidora, não manifesta qualquer semblante de complacência, de pena, de apoio. Claro que não, ela está te entregando, em uma bandeja de prata, ao inimigo! Vendendo-o, tal qual um soldado de guerra, entregue ao inimigo.
Seu coração bate mais rápido quando a porta abre e o outro paciente sai do consultório. Você mal consegue olhar a expressão do paciente, quando o doutor pede um instante para reorganizar a sala medieval de tortura dele. Em minutos, ele reabre a porta, sorri para a sua mãe, e diz: "ele pode entrar". E vira pra você: "vamos lá?", sorrindo, como um anjo da morte. A mescla de fúria e pânico impedem você de ver com clareza. Você pensa em furar o pescoço dele com a broca maldita. Pensa em atacar a atendente e fazê-la de refém, em troca de sua liberdade, pensa em fugir pela janela do consultório. Mas tudo o que consegue fazer é ser conduzido pela espiã até a sala.
Se Dante Alighieri, escritor renascentista italiano e autor de "O Inferno", visse a sala que você agora vê, ele certamente adicionaria alguns capítulos à obra dele. No centro, uma cadeira/poltrona/divã, dando a falsa sensação de conforto. Em volta, aqueles aparatos todos, como brocas, e ferrões, e tubos, e pinças, e cutucadores... Seu estômago começa a ceder à pressão interna. Em seu estado de torpor, suas pernas começam a ceder e, para não passar vexame, você se senta na poltrona, que é o único lugar para se sentar, afora a cadeira do dentista que, claro, está ocupada por ele. O dentista fica entretido com sua mãe. Perguntas genéricas sobre sua saúde, seus dentes, formas de pagamento, essas miudezas. Sua mãe abandona a sala. Vamos à carnificina!
"Abra mais um pouco a boca", e uma cutucadas aqui e ali. Algumas broncas pelo relaxo na escovação, outras cutucadas. Ele pega um tubinho. Joga alguma coisa na sua boca, e manda você cuspir. "Bom, vamos fazer uma limpeza aqui para tirar o tártaro, e você tem que escovar melhor aqui", diz, bonzinho. Você não tem a menor noção se seus olhos deixam transparecer o seu medo simples e puro. Simples e puramente medo. "Olha só...", ele diz, ao checar um dos dentes. "Parece que temos um morador aqui...". Algumas cutucadas. O espelhinho entra na boca. Outras cutucadas. "É, é uma cárie. Vamos ter de removê-la". Acho que essa é uma boa hora para entrar em pânico.
"Ah, ah-eh-há, eh-ah, ah?", diz você, mas o que você diz é ininteligível, porque sua boca está aberta, e cheia de tubinhos e coisas. Ele deve entender a essência, entretanto, porque responde "Não se preocupe. Vai ser rápido. Nem vai doer". Agora, sim. É uma ótima hora de se entrar em pânico.
Queimando de ódio por ter dado munição ao inimigo, você toma a única decisão possível: preparar-se para o pior. Ou, como a nossa estimada Ministra do Turimo tão bem disse, relaxa e goza. Ele coloca uma agulha na sua boca. "Relaxa, é só o anestésico...". Depois, algumas preparações, um tubinho de sugar baba, e vamos ao trabalho! Alguns dentistas são tecnológicos, têm trequinhos de última geração, mas a idéia é a mesma - furar seu dente até a cárie sair rendida.
O barulho cessou. A ausência do barulho deixa seu cérebro livre para realizar pensamentos avançados. "Acabou?", você pensa. O dentista puxa a máscara, e diz: "Pronto. Terminamos. Viu como não doeu nada? Você nem reclamou!". Você olha, estupefato. Não doeu, mesmo! Ele diz que, devido à anestesia, é possível que você tenha dificuldade em falar. E que não é sensato comer nada por uma hora, e não comer nada muito duro por umas 4 horas, para que a massa endureça bem. Dente restaurado, tudo arrumado, você está liberado para ir. Como assim? E a dor? Já acabou? Ele foi simpático, mesmo? Sorridente de verdade? Fez piadinhas, elogiou seus dentes? Isso é injusto! Como é que você pode odiar um dentista se você gostou dele? Se ele torce pro seu time? Se ele é um amor de pessoa, se ele mostra a foto do filhinho dele, que acabou de nascer? Como?
É duro odiar um cara que é tão gente boa, que gosta de você, que cuida de você, que é simpático, bonito, inteligente, agradável. Mas, sei lá, eu esqueço de tudo isso quando ouço a broca. Aquela maldita broca.
Ouvindo:
An Honest Mistake
The Bravery
The Bravery (2005)
Antes, um pouco de explanações cabem aqui. A Larissa, um anjo de menina e minha grande amiga, também conhecida como Fu, chegou a perguntar se as idéias postadas aqui são minhas, mesmo. Bom, Lari querida (e pra qualquer um curioso), já é conhecido que nada se cria, tudo se copia. Então tem, deveras, algumas idéias que eu vejo em algum lugar, que ouço em uma conversa, que leio em alguma revista ou sort of. Mas eu não as posto cru, elas têm de passar por um mínimo de sandice minha, sabe? Afinal, eu estou as escrevendo. Mas, sim, meus posts nascem, normalmente, do nada no meu cérebro, e eu as aproveito. Tenho que escrever correndo, para que eu não ache que ela ficou chata e eu desista. Só que são todas idéias minhas. \o/
Falando em ir rápido, é melhor que eu o faça. Senão eu desisto de novo deste post. A ver.
Contos do Cotidiano
VIII - Tortura Profissional Autorizada
Tudo começa quando você volta da escola, em um dia genérico. Inocente, você se desmonta do aparato estudantil para aproveitar mais uma belíssima tarde de primavera, fazendo o que a imaginação lhe permita. Ah, la belle vie. Antes de você dar o terceiro passo dentro de sua casa, entretanto, o telefone de casa toca. Você atende maquinalmente, e a voz de sua mama está saindo pelo aparelho. Diz sua mãe, depois da usual saudação de mamãe a um filho querido: "Filho, é melhor você se apressar para trocar de roupa. Daqui a pouco eu vou passar aí pra te buscar". "Buscar-me, mãe? E vamos onde, exatamente?". Ela execra a sua notável falta de memória para assuntos importantes. E lhe recorda: "Ao dentista, filho. Temos consulta marcada às 16h00".
Olha, rapazes, não sei quanto a vocês. Não sei se vocês são masoquistas, se sua dentista é uma loira linda ou um moreno atraente, mas eu morro de terror de dentista. Demônios vestidos de branco, lobos em peles de fofinhos carneirinhos, com mascarazinhas e jalecozinhos e um sorrisinho simpatiquinho (que merda de frase de boiola, essa), dispostos a nos ajudar a nos livrar dos males bucais, com todo o amor e carinho. Mas eu nunca consegui ver este lado de amor e carinho deles. Quando meus pais abandonavam a sala, tudo o que via era uma sala repleta de instrumentos medievais de tortura, todos brancos-hospital, para catalisar o meu receio sobre dentistas - a intenção deles não é nada boa, de longe.
Antes de você entrar no consultório, entretanto, tem toda a concentração. A preparação psicológica. Ao chegar na ante-sala, aquele clima hostil te chega de sopetão. A atendente diz, com uma voz de buzina de Fusca, que o dentista já já atende. Você senta, tremendo feito gelatina, em um banco qualquer. Seus pais pegam aquelas revistas veeeeelhas (Revista Veja: Cai o Muro de Berlin) pra dar uma folheada nas manchetes antiquíííssimas. Você, é claro, não gosta de ler a Veja. Tampouco as opções, como Caras, Revista TiTiTi, e essas depravações do nobre mundo do jornalismo sério e competente. Sentado como um homem às vésperas da cadeira elétrica, privado de suas liberdades, concedidas por Deus, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pela Constituição, você aguarda. Essa parte é uma das piores partes da vida, na minha opinião. Do outro lado, aquele zumbido fininho corta o silêncio e gela a alma. Bzzzzzzzzzzzz...
Você só imagina o que aquele ser vindo das profundezas mais esquecidas do Inferno está fazendo com o pobre humano do outro lado da porta, mas seu cérebro não consegue trabalhar com clareza. Ele está em torpor, com o barulhinho preenchendo cada vazio entre os seus neurônios. Todos os seus nervos - em especial os nervos dos dentes - se contorcem de pânico com o barulhinho mais temido pela humanidade. Sua mãe, aquela espiã traidora, não manifesta qualquer semblante de complacência, de pena, de apoio. Claro que não, ela está te entregando, em uma bandeja de prata, ao inimigo! Vendendo-o, tal qual um soldado de guerra, entregue ao inimigo.
Seu coração bate mais rápido quando a porta abre e o outro paciente sai do consultório. Você mal consegue olhar a expressão do paciente, quando o doutor pede um instante para reorganizar a sala medieval de tortura dele. Em minutos, ele reabre a porta, sorri para a sua mãe, e diz: "ele pode entrar". E vira pra você: "vamos lá?", sorrindo, como um anjo da morte. A mescla de fúria e pânico impedem você de ver com clareza. Você pensa em furar o pescoço dele com a broca maldita. Pensa em atacar a atendente e fazê-la de refém, em troca de sua liberdade, pensa em fugir pela janela do consultório. Mas tudo o que consegue fazer é ser conduzido pela espiã até a sala.
Se Dante Alighieri, escritor renascentista italiano e autor de "O Inferno", visse a sala que você agora vê, ele certamente adicionaria alguns capítulos à obra dele. No centro, uma cadeira/poltrona/divã, dando a falsa sensação de conforto. Em volta, aqueles aparatos todos, como brocas, e ferrões, e tubos, e pinças, e cutucadores... Seu estômago começa a ceder à pressão interna. Em seu estado de torpor, suas pernas começam a ceder e, para não passar vexame, você se senta na poltrona, que é o único lugar para se sentar, afora a cadeira do dentista que, claro, está ocupada por ele. O dentista fica entretido com sua mãe. Perguntas genéricas sobre sua saúde, seus dentes, formas de pagamento, essas miudezas. Sua mãe abandona a sala. Vamos à carnificina!
"Abra mais um pouco a boca", e uma cutucadas aqui e ali. Algumas broncas pelo relaxo na escovação, outras cutucadas. Ele pega um tubinho. Joga alguma coisa na sua boca, e manda você cuspir. "Bom, vamos fazer uma limpeza aqui para tirar o tártaro, e você tem que escovar melhor aqui", diz, bonzinho. Você não tem a menor noção se seus olhos deixam transparecer o seu medo simples e puro. Simples e puramente medo. "Olha só...", ele diz, ao checar um dos dentes. "Parece que temos um morador aqui...". Algumas cutucadas. O espelhinho entra na boca. Outras cutucadas. "É, é uma cárie. Vamos ter de removê-la". Acho que essa é uma boa hora para entrar em pânico.
"Ah, ah-eh-há, eh-ah, ah?", diz você, mas o que você diz é ininteligível, porque sua boca está aberta, e cheia de tubinhos e coisas. Ele deve entender a essência, entretanto, porque responde "Não se preocupe. Vai ser rápido. Nem vai doer". Agora, sim. É uma ótima hora de se entrar em pânico.
Queimando de ódio por ter dado munição ao inimigo, você toma a única decisão possível: preparar-se para o pior. Ou, como a nossa estimada Ministra do Turimo tão bem disse, relaxa e goza. Ele coloca uma agulha na sua boca. "Relaxa, é só o anestésico...". Depois, algumas preparações, um tubinho de sugar baba, e vamos ao trabalho! Alguns dentistas são tecnológicos, têm trequinhos de última geração, mas a idéia é a mesma - furar seu dente até a cárie sair rendida.
O barulho cessou. A ausência do barulho deixa seu cérebro livre para realizar pensamentos avançados. "Acabou?", você pensa. O dentista puxa a máscara, e diz: "Pronto. Terminamos. Viu como não doeu nada? Você nem reclamou!". Você olha, estupefato. Não doeu, mesmo! Ele diz que, devido à anestesia, é possível que você tenha dificuldade em falar. E que não é sensato comer nada por uma hora, e não comer nada muito duro por umas 4 horas, para que a massa endureça bem. Dente restaurado, tudo arrumado, você está liberado para ir. Como assim? E a dor? Já acabou? Ele foi simpático, mesmo? Sorridente de verdade? Fez piadinhas, elogiou seus dentes? Isso é injusto! Como é que você pode odiar um dentista se você gostou dele? Se ele torce pro seu time? Se ele é um amor de pessoa, se ele mostra a foto do filhinho dele, que acabou de nascer? Como?
É duro odiar um cara que é tão gente boa, que gosta de você, que cuida de você, que é simpático, bonito, inteligente, agradável. Mas, sei lá, eu esqueço de tudo isso quando ouço a broca. Aquela maldita broca.
Ouvindo:
An Honest Mistake
The Bravery
The Bravery (2005)
4 comentários:
isso pq vc num precisa ir numa ginecologista....
tsc tsc ... eu num ligo pra ir no dentista =P ...
bjo Rafaaa
isso pq vc num precisa ir numa ginecologista....
HAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAH
Verdade.
Mas rapaz, eu não tenho todo esse medo de dentista não xD
Ah, valeu por responder minha pergunta. [;
Beijão, Rafa.
Uahuahauhaha
Nossa, verdade. Sabe q ainda hj eu nao gosto mto de ir no dentista. E eu já fui muuuitas vezes no dentista (e já chorei alguma duzia de vezes naquela cadeirinha maldita).
Quanto a parte do ginecologista, verdade tbm. Eita coisa chata.
uahauhauhau
Mto bom o post. Mto mesmo. Li uns trechinhos pra minha mae, ela tava se matando de rir aqui comigo.
Cuide-se priminho meu!
beijaao
Hahaha... eu axo q nunca tive medo de dentista... =P
Mas q o barulhinho é irritante, isso é...
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