Feriado santo! Mais um feriado na boa terra brasilis, onde é sol o ano inteiro e tudo tem cores mais vivas! Feriados me deixam animados, me deixam descansados, me deixam despreocupados, me deixam mais felizes. Eventualmente, entetanto, feriados acabam, e tudo fica sem-graça outra vez. Mas oh, well, foi bom enquanto durou, certo?
E pra você? Foi bom pra você? :B
De volta à ativa, é hora de upar algo de interessante aqui. Ou tomara que seja. Se não for interessante, então vocês se deram mal. Assim sendo, cruzem seus dedos e torçam pelo melhor. Normalmente, pra mim, funciona - ontem eu torci pelo melhor, e meu time conseguiu uma importante vitória na Libertadores. Então, às vezes, vale a pena torcer.
Claro, se você for corinthiano, do not bother trying. Ou, sei lá, tente. Desencargo de consciência. :P
Sobre as Maçãs
Um pequeno apanhado de ideias
Você, meu colega de blog, que ora lê este texto. Este trecho, em especial. Imagine um elefante. Um daqueles africanos, com enormes orelhas de abano, pequenos rabicozinhos com final espanadorzado, trombas proeminentes, dentes de marfim e toneladas de peso. Imaginou-o? Imagine-o, agora, em uma típica vida familiar, com esposa, filhinhos e quem mais o convier, em uma piscina de lama, se divertindo nas tardes ociosas em um pequeno hábitat dentro da vasta savana africana.
Imaginou? Então esqueça tudo. Não é sobre elefantes que pretendo falar. :B
Voltemos ao título. Formule uma imagem mental de uma maçã. Uma maçã qualquer, a variedade que mais lhe apetecer. E pergunte-se: o que há neste fruto vermelho e do tamanho de um punho que atiça tanto a imaginação da boa raça humana? Por que a raça humana, em seu esplendor evolutivo (All heil mankind!) dedica tanto tempo de sua existência a venerar um fruto pomáceo tão simples como esse? Tipo, é completamente compreensível venerarmos o dinheiro, ou os cachorros, ou os Simpsons. Mas ahn... a maçã?
Não sabe do que estou falando? Experimente parar por alguns segundos e se perguntar quantas referências existem à imagem da maçã. E existem algumas referências. Algumas bastante conhecidas, devo dizer. Vocês também a conhecem, querem ver? Falemos do Éden.
Recordemos de Adão e Eva, os pirilampos humanos originais. Em algum tempo do passado remoto (mas não tão remoto quanto o tempo de Star Wars, que foi há muito, muito tempo), Deus inventou Adão. E depois, com as peças que restaram (hehe), inventou Eva. Viu Deus que era bom, blah blah blah. Bom, depois de deixar os nossos adoráveis ancestrais perambular pelo jardim do Éden felizes da vida, meio que baixou Hugo Chávez no nosso adorável ente Todo-Poderoso, e ele proibiu a Adão e Eva de comerem um magnífico pomar cheio de maçãs. O pomar ficava em uma área muito bonita (com acesso à Marginal Pinheiros, perto do shopping e com segurança 24 horas por dia), e as maçãs eram vermelhas e bonitas. Realmente vermelhas e bonitas. Daquelas que você acabou de colocar o olho, e já se imagina dando uma dentada nervosa na casca da maçã. Daquelas tão indecentes que parecem pay-per-view do Big Brother. Um negócio indecoroso.
Bom, Eva, nossa menina loirosa e feliz, foi eventualmente tapeada por uma serpente sapeca (que, em minha visão, falava com sotaque carioca) a comer a maçã vermelha e bonita. Deu uma dentada, gostou, apanhou umas maçãs, levou a seu partner, Adão, e foram os dois, desobedientes que eram, a comer maçãs. Eis que aparece Deus, que tinha ido dar uma voltinha rápida, e ele vê essa cena de desobediência direta às suas ordens. Oh, fuck.
Bom, rola um estresse básico, Deus se emputece colericamente, grita como um gorila revoltado, e expulsa nossos tetratetratetratetravós do Éden. Por causa de uma maçã. E por causa de toda a discórdia que acompanhou a maçã. Porque, com ela, os seres humanos deixaram de ser perfeitos. Aprenderam sobre o certo e o errado, e viraram pobres mortais. Em suma, eles tomaram a pílula vermelha do Matrix (que, se vocês pensarem, era vermelha em alusão à maçã).
A partir dessa história popular, meus queridos, a maçã passou a ser o símbolo do pecado da desobediência com Deus, o Mano que Manda. A simpática frutinha virou o estandarte do errado perante o Catolicismo (a religião monoteísta com tendências dominadoras, por excelência), e durante muito tempo a pobre frutinha, tadinha, sofreu de preconceito. Marginalizada pelos católicos medievais (povos sobre os quais já fiz diversas referências nestas páginas), a pobre maçã virou, associativamente, o símbolo do lascivo, do errado, do impublicável. E, não só isso, mas também o símbolo da abertura da humanidade para a razão, a sabedoria universal, o discernimento do certo e do errado. Em suma, tudo o que não era celeste e divino poderia ser representado e canalizado na imagem da maçã. Pesado isto, né?
Mas, tipo, o que a fruta vermelha fez pra merecer isso? Quer dizer, ao ler a Bíblia (e alguém que a leu mais profundamente do que o autor que vos escreve, por favor, me corrija se eu escrevi merda), você, caro leitor, notará que não há qualquer referência à maçã. Não é dito, na história do Éden e da expulsão, que Eva e Adão se saciaram com maçãs. O termo usado é "fruto proibido". Mas pode muito bem ser uma banana, um pêssego, uma laranja, um rabanete. E esse último traria consequências ainda piores, porque um rabanete não é um fruto, logo, não pode ser um fruto proibido. Mas isso não vem ao caso. O que nos apetece é que não está escrito que é a maçã que é má. Alguém criou uma livre-associação entre a maçã e o pecado, out of fucking nowhere!
Sabe-se, com certeza, que as primeiras associações livres entre maçãs e frutos proibidos nasceram na Renascência (logo, não houve preconceito contra a maçã na Id. Média, viram?). Os pintores renascentistas descobriram que eram muito bons pintando coisas, porque inventaram a perspectiva e outras técnicas fodonas de pintura. E eles eram contratados pela Igreja, pra pintar histórias católicas para os católicos. E, naturalmente, rolava a história de Adão e Eva, os pirilampos humanos originais. E na hora de pintar, nossos pintores renascentistas, por falta de melhor opção, escolheram a maçã. Há quem ache que é por influência da história das maçãs douradas no Jardim das Hespérides, uma história da mitologia grega, em que Hércules teve de fazer seu décimo-primeiro trabalho. Segundo a história, Hércules teve de correr até lá, roubar umas maçãs douradas e levar pra Hera, sua madrasta má. Com isso, a maçã do Éden teria a conotação de fruto roubado, de coisa proibida.
Ademais, em latim, maçã é malus. E pecado, em latim, é malum. Se você pluralizar as palavras, ainda, elas ficam iguais (mala). Logo, rolou uma conexão quasi-instantânea entre a maçã e o errado. Mas, vejam vocês, sem embasamento empírico! Foi por puro preconceito!!
Bom, a renascença, eventualmente, passou. A maçã voltou a ser uma fruta inofensiva, todo mundo comia, era aquela promiscuidade típica. Aí, veio Isaque, aquele levado da breca. Lembram-se de Isaac Newton? O rapaz, entre outras coisas, era filósofo, físico, matemático e, no fim da sua vida, se meteu em economia (o motivo da Europa ter passado um século sob o padrão-ouro, inclusive, se deveu a Newton, que influenciou a Inglaterra a usar o ouro como metal principal nos seus cofres).
Conta a história que o inglês estava de boa na lagoa, em uma pequena cidade no condado de Lincoln, leste da Inglaterra, meditando sobre os planetas e essas coisas astronômicas do espaço sideral. Aí, abaixo de uma macieira, ele havia sentado para pensar sobre as coisas que ele estava pensando. Quando uma pequena maçã maturou, ela caiu da árvore, e acertou a cabeça de nosso amigo inglês inventivo. Este, ao levar a dose de maçã na cuca (e após ofender um bocado a árvore e a dor de cabeça) considerou que, afinal, ele havia descoberto a resposta para as dúvidas que ele estava procurando. E ele formou, pela primeira vez, a ideia da gravidade! E nasceu a Lei da Gravitação Universal. E daí pra frente, Newtinho meio que explicou toda a Física que aprendemos na escola. A Física Clássica de Newton. Por causa de uma maçã.
A Física de Newton era, agora, mais um capítulo na eterna luta ciência-igreja. Só que esse capítulo era tenso, crianças, porque era a primeira vez que a ciência tentava explicar as leis do Universo com tantas regras irrevogáveis e indubitáveis. Em termos miúdos, Newton tentou explicar a lei do Universo e, sabemos nós, a lei do Universo era, até aqui, propriedade de Deus, o Todo-Poderoso. Newton tentou dedar pra todo mundo como o Universo funcionava!! Graças à maçã, mais uma vez, os humanos adquiriram sabedoria e capacidade de duvidar do divino. Sem querer, mais uma vez, a maçã era símbolo do lógico e do pecado contra Deus. E tudo o que a pobre maçã queria era ser saborosa... =/
Graças a Isaque, a maçã se transformou no símbolo não-oficial da ciência. Em um dos anos recentes, o manual da FUVEST (aquele vestibular maligno que seleciona os adolescentes para a Universidade de São Paulo, conhecem?) foi publicado com uma maçã redondinha e vermelha na capa. O símbolo, por excelência, da Física Moderna, e do conhecimento nascido em todo o século XIX e XX. Sim, porque não há como negar que muito do que a ciência achou nos 200 recentes anos se deve ao Isaque, o preguiçoso fidalgo inglês, que dormia preguiçosamente em Lincolnshire. E, por livre-associação, se deve também à imagem da maçã. A vermelha e redondinha fruta pomácea. Que livrou a humanidade das trevas e do não-conhecimento. Bonito, né?
Seja como for - mais do que uma fruta, a maçã tem uma imagem transcedente à ela. É como, por exemplo, o leão, cuja imagem é muito mais forte e marcante do que o animal em si. Nunca houve leões na Inglaterra, mas o Reino da Inglaterra utilizava 3 leões estilizados em sua bandeira, pra simbolizar a alta hierarquia do leão na vida selvagem (o leão, after all, é rei das selvas). Não existem países cujas bandeiras fizessem referências à maçãs, mas a fruta vermelha e redonda tem uma imagem forte, marcante. Talvez por ser vermelha (uma cor marcante), por ser gostosa, por ser facilmente reconhecível, a maçã é uma fruta muito famosa. Mesmo quem não gosta de maçã lida sem problemas com a imagem dela, consegue fazer referências simples à fruta e ao seu legado histórico.
A partir daí, o século XX viu a maçã ganhar ainda mais conotações. Por exemplo, a maçã do Sílvio Santos, do programa Tentação (não sei se vou ou se fico...). Ou a Apple Inc., cujo nome adveio da maçã que caiu na cabeça de Newtinho. Ou as maçãs do amor, que simbolizariam o amor, e que nada mais é do que uma tentativa de purificar o pecado da safadeza (hohohoho...).
As maçãs não são mais frutas inocentes. Não são mais pequenos pseudofrutos avermelhados provenientes de árvores da família rosaceae. Nope. São frutas transcedentais. Simbolizam o errado, o pecado, o maligno, a discórdia. E simbolizam a sabedoria livre da religião, o pensamento crítico, o científico. Estranho, né, como uma frutinha de 8cm de diâmetro conseguiu tanta associação à sua imagem...
O que me faz pensar: seria isso um golpe publicitário? Será que houve uma firma que vendia maçãs, e que patrocinou os estudos de Newtinho, desde que ele dissesse que foi tudo culpa de uma maldita maçã? Assim, as pessoas comeriam mais maçãs, a imagem da maçã ficaria pra sempre grudada na civilização? Sim, porque as pessoas adoram discórdias. E uma discórdia que nasceu graças a uma frutinha pequenininha e tão bonitinha e suculenta, então... Fica bem mais fácil vender maçã quando todo mundo sabe que, graças a ela, temos iPods. Que é da Apple, também. Yes, as maçãs vermelhas e docinhas parecem inofensivas, mas dominam boa parte do mundo ocidental. Você convive com maçãs mais tempo do que percebe, sabia disso?
Pense nisso quando comer uma maçã. E aproveite, e vá comer uma agora. Além de tudo, elas são muito saudáveis. E gostosas, também. =D
Ouvindo:
The Shock of the Lightning
Oasis
Dig Out Your Soul (2008)
E pra você? Foi bom pra você? :B
De volta à ativa, é hora de upar algo de interessante aqui. Ou tomara que seja. Se não for interessante, então vocês se deram mal. Assim sendo, cruzem seus dedos e torçam pelo melhor. Normalmente, pra mim, funciona - ontem eu torci pelo melhor, e meu time conseguiu uma importante vitória na Libertadores. Então, às vezes, vale a pena torcer.
Claro, se você for corinthiano, do not bother trying. Ou, sei lá, tente. Desencargo de consciência. :P
Sobre as Maçãs
Um pequeno apanhado de ideias
Você, meu colega de blog, que ora lê este texto. Este trecho, em especial. Imagine um elefante. Um daqueles africanos, com enormes orelhas de abano, pequenos rabicozinhos com final espanadorzado, trombas proeminentes, dentes de marfim e toneladas de peso. Imaginou-o? Imagine-o, agora, em uma típica vida familiar, com esposa, filhinhos e quem mais o convier, em uma piscina de lama, se divertindo nas tardes ociosas em um pequeno hábitat dentro da vasta savana africana.
Imaginou? Então esqueça tudo. Não é sobre elefantes que pretendo falar. :B
Voltemos ao título. Formule uma imagem mental de uma maçã. Uma maçã qualquer, a variedade que mais lhe apetecer. E pergunte-se: o que há neste fruto vermelho e do tamanho de um punho que atiça tanto a imaginação da boa raça humana? Por que a raça humana, em seu esplendor evolutivo (All heil mankind!) dedica tanto tempo de sua existência a venerar um fruto pomáceo tão simples como esse? Tipo, é completamente compreensível venerarmos o dinheiro, ou os cachorros, ou os Simpsons. Mas ahn... a maçã?
Não sabe do que estou falando? Experimente parar por alguns segundos e se perguntar quantas referências existem à imagem da maçã. E existem algumas referências. Algumas bastante conhecidas, devo dizer. Vocês também a conhecem, querem ver? Falemos do Éden.
Recordemos de Adão e Eva, os pirilampos humanos originais. Em algum tempo do passado remoto (mas não tão remoto quanto o tempo de Star Wars, que foi há muito, muito tempo), Deus inventou Adão. E depois, com as peças que restaram (hehe), inventou Eva. Viu Deus que era bom, blah blah blah. Bom, depois de deixar os nossos adoráveis ancestrais perambular pelo jardim do Éden felizes da vida, meio que baixou Hugo Chávez no nosso adorável ente Todo-Poderoso, e ele proibiu a Adão e Eva de comerem um magnífico pomar cheio de maçãs. O pomar ficava em uma área muito bonita (com acesso à Marginal Pinheiros, perto do shopping e com segurança 24 horas por dia), e as maçãs eram vermelhas e bonitas. Realmente vermelhas e bonitas. Daquelas que você acabou de colocar o olho, e já se imagina dando uma dentada nervosa na casca da maçã. Daquelas tão indecentes que parecem pay-per-view do Big Brother. Um negócio indecoroso.
Bom, Eva, nossa menina loirosa e feliz, foi eventualmente tapeada por uma serpente sapeca (que, em minha visão, falava com sotaque carioca) a comer a maçã vermelha e bonita. Deu uma dentada, gostou, apanhou umas maçãs, levou a seu partner, Adão, e foram os dois, desobedientes que eram, a comer maçãs. Eis que aparece Deus, que tinha ido dar uma voltinha rápida, e ele vê essa cena de desobediência direta às suas ordens. Oh, fuck.
Bom, rola um estresse básico, Deus se emputece colericamente, grita como um gorila revoltado, e expulsa nossos tetratetratetratetravós do Éden. Por causa de uma maçã. E por causa de toda a discórdia que acompanhou a maçã. Porque, com ela, os seres humanos deixaram de ser perfeitos. Aprenderam sobre o certo e o errado, e viraram pobres mortais. Em suma, eles tomaram a pílula vermelha do Matrix (que, se vocês pensarem, era vermelha em alusão à maçã).
A partir dessa história popular, meus queridos, a maçã passou a ser o símbolo do pecado da desobediência com Deus, o Mano que Manda. A simpática frutinha virou o estandarte do errado perante o Catolicismo (a religião monoteísta com tendências dominadoras, por excelência), e durante muito tempo a pobre frutinha, tadinha, sofreu de preconceito. Marginalizada pelos católicos medievais (povos sobre os quais já fiz diversas referências nestas páginas), a pobre maçã virou, associativamente, o símbolo do lascivo, do errado, do impublicável. E, não só isso, mas também o símbolo da abertura da humanidade para a razão, a sabedoria universal, o discernimento do certo e do errado. Em suma, tudo o que não era celeste e divino poderia ser representado e canalizado na imagem da maçã. Pesado isto, né?
Mas, tipo, o que a fruta vermelha fez pra merecer isso? Quer dizer, ao ler a Bíblia (e alguém que a leu mais profundamente do que o autor que vos escreve, por favor, me corrija se eu escrevi merda), você, caro leitor, notará que não há qualquer referência à maçã. Não é dito, na história do Éden e da expulsão, que Eva e Adão se saciaram com maçãs. O termo usado é "fruto proibido". Mas pode muito bem ser uma banana, um pêssego, uma laranja, um rabanete. E esse último traria consequências ainda piores, porque um rabanete não é um fruto, logo, não pode ser um fruto proibido. Mas isso não vem ao caso. O que nos apetece é que não está escrito que é a maçã que é má. Alguém criou uma livre-associação entre a maçã e o pecado, out of fucking nowhere!
Sabe-se, com certeza, que as primeiras associações livres entre maçãs e frutos proibidos nasceram na Renascência (logo, não houve preconceito contra a maçã na Id. Média, viram?). Os pintores renascentistas descobriram que eram muito bons pintando coisas, porque inventaram a perspectiva e outras técnicas fodonas de pintura. E eles eram contratados pela Igreja, pra pintar histórias católicas para os católicos. E, naturalmente, rolava a história de Adão e Eva, os pirilampos humanos originais. E na hora de pintar, nossos pintores renascentistas, por falta de melhor opção, escolheram a maçã. Há quem ache que é por influência da história das maçãs douradas no Jardim das Hespérides, uma história da mitologia grega, em que Hércules teve de fazer seu décimo-primeiro trabalho. Segundo a história, Hércules teve de correr até lá, roubar umas maçãs douradas e levar pra Hera, sua madrasta má. Com isso, a maçã do Éden teria a conotação de fruto roubado, de coisa proibida.
Ademais, em latim, maçã é malus. E pecado, em latim, é malum. Se você pluralizar as palavras, ainda, elas ficam iguais (mala). Logo, rolou uma conexão quasi-instantânea entre a maçã e o errado. Mas, vejam vocês, sem embasamento empírico! Foi por puro preconceito!!
Bom, a renascença, eventualmente, passou. A maçã voltou a ser uma fruta inofensiva, todo mundo comia, era aquela promiscuidade típica. Aí, veio Isaque, aquele levado da breca. Lembram-se de Isaac Newton? O rapaz, entre outras coisas, era filósofo, físico, matemático e, no fim da sua vida, se meteu em economia (o motivo da Europa ter passado um século sob o padrão-ouro, inclusive, se deveu a Newton, que influenciou a Inglaterra a usar o ouro como metal principal nos seus cofres).
Conta a história que o inglês estava de boa na lagoa, em uma pequena cidade no condado de Lincoln, leste da Inglaterra, meditando sobre os planetas e essas coisas astronômicas do espaço sideral. Aí, abaixo de uma macieira, ele havia sentado para pensar sobre as coisas que ele estava pensando. Quando uma pequena maçã maturou, ela caiu da árvore, e acertou a cabeça de nosso amigo inglês inventivo. Este, ao levar a dose de maçã na cuca (e após ofender um bocado a árvore e a dor de cabeça) considerou que, afinal, ele havia descoberto a resposta para as dúvidas que ele estava procurando. E ele formou, pela primeira vez, a ideia da gravidade! E nasceu a Lei da Gravitação Universal. E daí pra frente, Newtinho meio que explicou toda a Física que aprendemos na escola. A Física Clássica de Newton. Por causa de uma maçã.
A Física de Newton era, agora, mais um capítulo na eterna luta ciência-igreja. Só que esse capítulo era tenso, crianças, porque era a primeira vez que a ciência tentava explicar as leis do Universo com tantas regras irrevogáveis e indubitáveis. Em termos miúdos, Newton tentou explicar a lei do Universo e, sabemos nós, a lei do Universo era, até aqui, propriedade de Deus, o Todo-Poderoso. Newton tentou dedar pra todo mundo como o Universo funcionava!! Graças à maçã, mais uma vez, os humanos adquiriram sabedoria e capacidade de duvidar do divino. Sem querer, mais uma vez, a maçã era símbolo do lógico e do pecado contra Deus. E tudo o que a pobre maçã queria era ser saborosa... =/
Graças a Isaque, a maçã se transformou no símbolo não-oficial da ciência. Em um dos anos recentes, o manual da FUVEST (aquele vestibular maligno que seleciona os adolescentes para a Universidade de São Paulo, conhecem?) foi publicado com uma maçã redondinha e vermelha na capa. O símbolo, por excelência, da Física Moderna, e do conhecimento nascido em todo o século XIX e XX. Sim, porque não há como negar que muito do que a ciência achou nos 200 recentes anos se deve ao Isaque, o preguiçoso fidalgo inglês, que dormia preguiçosamente em Lincolnshire. E, por livre-associação, se deve também à imagem da maçã. A vermelha e redondinha fruta pomácea. Que livrou a humanidade das trevas e do não-conhecimento. Bonito, né?
Seja como for - mais do que uma fruta, a maçã tem uma imagem transcedente à ela. É como, por exemplo, o leão, cuja imagem é muito mais forte e marcante do que o animal em si. Nunca houve leões na Inglaterra, mas o Reino da Inglaterra utilizava 3 leões estilizados em sua bandeira, pra simbolizar a alta hierarquia do leão na vida selvagem (o leão, after all, é rei das selvas). Não existem países cujas bandeiras fizessem referências à maçãs, mas a fruta vermelha e redonda tem uma imagem forte, marcante. Talvez por ser vermelha (uma cor marcante), por ser gostosa, por ser facilmente reconhecível, a maçã é uma fruta muito famosa. Mesmo quem não gosta de maçã lida sem problemas com a imagem dela, consegue fazer referências simples à fruta e ao seu legado histórico.
A partir daí, o século XX viu a maçã ganhar ainda mais conotações. Por exemplo, a maçã do Sílvio Santos, do programa Tentação (não sei se vou ou se fico...). Ou a Apple Inc., cujo nome adveio da maçã que caiu na cabeça de Newtinho. Ou as maçãs do amor, que simbolizariam o amor, e que nada mais é do que uma tentativa de purificar o pecado da safadeza (hohohoho...).
As maçãs não são mais frutas inocentes. Não são mais pequenos pseudofrutos avermelhados provenientes de árvores da família rosaceae. Nope. São frutas transcedentais. Simbolizam o errado, o pecado, o maligno, a discórdia. E simbolizam a sabedoria livre da religião, o pensamento crítico, o científico. Estranho, né, como uma frutinha de 8cm de diâmetro conseguiu tanta associação à sua imagem...
O que me faz pensar: seria isso um golpe publicitário? Será que houve uma firma que vendia maçãs, e que patrocinou os estudos de Newtinho, desde que ele dissesse que foi tudo culpa de uma maldita maçã? Assim, as pessoas comeriam mais maçãs, a imagem da maçã ficaria pra sempre grudada na civilização? Sim, porque as pessoas adoram discórdias. E uma discórdia que nasceu graças a uma frutinha pequenininha e tão bonitinha e suculenta, então... Fica bem mais fácil vender maçã quando todo mundo sabe que, graças a ela, temos iPods. Que é da Apple, também. Yes, as maçãs vermelhas e docinhas parecem inofensivas, mas dominam boa parte do mundo ocidental. Você convive com maçãs mais tempo do que percebe, sabia disso?
Pense nisso quando comer uma maçã. E aproveite, e vá comer uma agora. Além de tudo, elas são muito saudáveis. E gostosas, também. =D
Ouvindo:
The Shock of the Lightning
Oasis
Dig Out Your Soul (2008)
3 comentários:
Nunca pensei nesses troços enquanto estava comendo uma maça. Ainda bem que sou ateu e não dou a minima para a historia de Adão e Eva, na verdade penso neles como macaquinhos bem peludos, mas Issac Newton é fodão. Porra tá quase na hora de Fullmetal Alchemist Brotherhood, embora só vou assistir quando sair a legenda hoje a tarde, mas mesmo assim não consigo pensar direito. Bom até mais.
______________
http://blogdoignorante.blogspot.com/
Humor escrachado. Veja aqui o que você sempre quis dizer.
Tsc tsc
Rafael...
não sei que droga voce usa... mas...
continue usando o texto tava bom....
Beijos!!!
caraca, eu já tinha feito o mapa mental de todas as conotações que envolvem um elefante e aparece uma maçã? huahauha, saiba tmb que elefantes adoram maçã, pelo menos era uma coisa que aparecia pacas nos desenhos da Disney huahuaha...
keep posting man, hugs o/
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