Hey, moçada! Quanto tempo, né?
Aliás, vocês também acharam que foi um alívio o mês de Agosto ter terminado? Nada contra ele, nem contra os nativos do mês - como eu já expliquei, muitos amigos e amados meus são nativos do mês de Augustus Caesar, o primeiro do rol dos imperadores de Roma. Mas, cabriolé, como o mês demorou pra passar! Não houve nenhum feriado, fora o dia dos Pais (que não conta, pois foi em um domingo), e teve praticamente cinco semanas de duração! Mas ele nos deixou para voltar somente no próximo ano que, para minha felicidade, será um ano par. Eu acho que já escrevi em algum lugar a respeito da minha crise com anos pares e ímpares, não? Ah, se não nesse, foi no outro blog. Whatever.
Por falar em Augustus Caesar, pra vocês que não sabem, vou lhes contar um pouco sobre a história do nosso calendário. Antigamente, na época em que Roma era a capital do mundo civilizado e o Cristianismo era uma religião esquisita na borda oriental do planeta, o calendário era, como de se esperar, diferente. O calendário usado pelos primeiros romanos teria sido inventado e patenteado por Romulus (ou Rômulo, na versão portuga), que foi também o fundador da Cidade Eterna, a cidade de Roma. Era um calendário lunar - isto é, baseado na rotação da lua, e não na rotação da terra em relação ao sol - e continha dez meses. O ano começava no mês de Martius, e daí vinha Aprilius, Maius, Junius, Quintilis, Sextilis, Septembris, Octobris, Novembris e Decembris. Era uma putaria.
Segundo a tradição, o rei de Roma que veio logo após Romulus foi Numa Pompilius (ou Numa Pompílio, e não confunda com o Pompeu Pompílio Pomposo, emérito personagem vilânico do Castelo Rá-Tim-Bum). Numa Pompilius achou que aquele calendário de dez meses era uma putaria, e o reformou. Ele era rei, ele podia. Ele removeu alguns dias dos meses que existiam e criou dois novos meses, Ianuarius e Februarius. Ele também inventou o predecessor do nosso ano bissexto. Era um ano em que eles faziam brotar um novo mês, e o ano tinha uns 20 dias a mais. Uma putaria. Depois de Numa Pompilius ter ido desta para uma melhor, os pontifex maximus, ou os principais sacerdotes da religião romana, eram os únicos que tinham direito de alterar os calendários. Eram esses pontifex que decidiam que anos eram "bissextos". Um dos últimos pontifex maximus foi Julius Caesar (ou o nosso cumpádi Júlio César), que decidiu que o calendário iria mudar. Sem essa putaria de um mês inteiro novo. Então, com sangue nos zóio, Júlio César baixou o novo calendário, que ficou conhecido como calendário juliano! Ele mandou mudar, também, o mês em que ele nasceu, Quintilis, e que se chamaria Julius. E Primeiro de Janeiro seria, agora, o mais novo primeiro dia do ano - lembrem-se, antes começávamos em Março.
Depois de Julius morrer, veio, então, Augustus Caesar. O cabra-macho que tornou Roma um Império re-reformou o calendário (na verdade, ele continuou a reforma do tio dele), e fez também uma personalização - o mes Sextilis chamar-se-ia, agora, Augustus. E teria, também, 31 dias, para que não fosse um mês inferior ao mês de Julius. Então, por causa de Auguso César temos dois meses juntos com 31 dias. Mas se não fosse ele, não teríamos aquela colinha de usar os ossinhos dos dedos... =D
Bah, se eu continuar falando, ninguém vai ler esse post. E já estamos com poucas visitas, não quero facilitar a evasão de leitores. Ao texto!
WAR
Batalha das Pedrinhas
Estamos nos Sudetos, região montanhosa onde em tempos de paz era a República Tcheca. Hoje em dia, as vilas, esvaziadas, abrigam soldados armados até os dentes. Seus uniformes azuis mal podem ser vistos por entre as casinhas que parecem feitas de brinquedo. A ordem é clara: manter a posição nos Sudetos a todo o custo. Do outro lado das montanhas verdejantes e férteis, soldados de uniformes negros se equipam para o ataque. Cinco batalhões completos estão aguardando a vez, ansiosamente, em seus acampamentos no leste da Alemanha. Eles, também, têm armamentos pesados e devastadores. Que tecnologia eles usam? Pólvora do século XVIII? Projétil de aço? Canhões de artilharia ingleses? Metralhadoras calibre .50? Infantaria anti-tanque? Bombas nucleares de carbonização imediata? Puá. Nenhum ser humano neste planeta viu nada mais devastador do que os três dados vermelhos. Talvez só uma arma possa combatê-la niveladamente: os três dados amarelos, na posse dos oponentes, que defendem o combinado territorial Polônia/Iugoslávia.
O Marechal Preto, comandando os soldados Pretos, necessita da passagem pela Polônia e Leste da Europa pra desembarcar em Moscou. Só falta a Polônia e o território russo para ele conseguir controlar toda a Europa, e conseguir recrutar um bônus de cinco batalhões novinhos para o front islandês. O porquê ele precisa unificar a Europa para ter mais soldados? Ninguém sabe explicar, mas as estatísticas apontam que é só um general controlar todo o continente por uma rodada, e cinco batalhões serão recrutados. E o Marechal Preto é bastante supersticioso.
O Marechal Azul está à espreita, com seus binóculos e seus medidores climáticos, analisando a batalha. Mas ele não precisa da tábua matemática. No fundo, no fundo, ele sabe que a guerra não será decidida em pormenores. Pouco importa se chover, se fizer sol, se é verdade que os soldados dele são uns frouxos que não conseguiram invadir o Oriente Médio, em uma das mais espetaculares derrotas militares do globo. Ele sabe, no fundo, que somente um "seis, seis, seis" poderá manter seus flancos protegidos. Ele não acredita muito em Deus. Quem sabe se ele passasse a acreditar em algum outro ser divino, só pra fazer ciuminho...?
Barulhos de trombetas! Batidas de tambores! Os pretos estão se movimentando! Do alto de uma montanha, surge um jipe preto, com o emblema do Imperador Preto cravado em cada uma das portas. O Marechal Preto, a serviço de seu líder, está se dirigindo ao bunker do Marechal Azul. Requer uma conversação. O encontro é breve, e reservado. A única frase pronunciada pelo líder dos pretos: "cinco contra quatro na Polônia". O Marechal Azul se sente indisposto, ao ver o jipe retornar ao seu lado da batalha para se posicionar para o ataque.
Mal ele consegue contar quantos segundos lhe restam, quando ele ouve um ensurdecedor barulho, vindo de um lugar muito distante. Os dados vermelhos estão sendo rodados! O barulho se repete por minutos. Quando uma voz anuncia, pelo rádio, "Seis, Três e Dois", o Marechal Azul se anima. Poderia ser pior, afinal! Ele se vira para o encarregado de operações militares e ordena a defesa. Novamente, um barulho de chachoalhar as cordas do cérebro ecoam no tempo-espaço. Na sua tela de LCD, aparecem os valores "Cinco, Dois e Dois". Ele pega o rádio, e anuncia os valores em alta voz. Quando ele termina, seus soldados entram em pânico. Homens começam a chorar, alguns agarram fotos de seus familiares, alguns saem correndo. E, do nada, dois batalhões inteiros somem, de repente, como se fossem vapor. Alguns estão aliviados por estar vivos. Outros, lívidos de medo. Mas eles sabiam que a vida era assim mesmo. Nunca se sabe quem vai pro caixão. Ou melhor, pra caixinha.
Alguns minutos depois, rola um tiroteio, algumas bombas, alguns soldados caem feridos. Mas não adianta. A batalha será definida mesmo no dado. O rádio anuncia: "Quatro conta dois na Polônia". A batalha continua. Os dados são rolados. E o atacante sofreu duas baixas, dessa vez. Os soldados negros estão desmoralizados, mas determinados. Os azuis vêem a chance de redenção. Ao que indica, será o conflito decisivo.
Os dados são ouvidos por quilômetros quadrados. O Marechal Preto anuncia no rádio "Dois e Dois". Os soldados azuis riem. Dois? Que ataque de maricas! Tinha que ser ataque alemão, mesmo. Bah, seus órfãos de Hitler, vocês não são de nada! Os dois dados amarelos estão sendo rodados, agora, pelas tropas do Imperador Azul.
"Um deles o quê?", brada o Marechal Azul para seu encarregado de operações. "O dado caiu da mesa, senhor. Teremos que rolá-lo, novamente". "Isso é um absurdo! Coloque-me em linha com o Marechal Negro!"
A conversação é tensa. Os Imperadores Preto e Azul, os gladiadores que lutam pela Europa, se conversam em uma linha de telefone segura. O Imperador Preto tem um leve sotaque francês. O Imperador Azul fala sereno, como um nobre chinês. Mas ele está furioso. "Não aceitarei que minha imagem seja desmoralizada, Imperador Preto. O dado não será re-jogado!". Do outro lado, em um bunker em Paris, o Imperador Preto responde. "São as regras, Azul. Jogue logo, senão você perde por W.O."
Irritado, o Imperador Azul retransmite sua mensagem para seu Marechal nos Sudetos. O outro dado é relançado. O Marechal não pode acreditar. Tudo parecia vencido. Era só vencer um "dois e dois"... Com a garganta seca, ele clama no microfone, antes de desabotoar seu sobretudo: "Um e Um". Um uivo de agonia ecoa. Os dois batalhões que patrulhavam os Sudetos somem. Os pretos marcham, triunfantes, rumando Varsóvia. O Marechal Azul, irritado, foge para Moscou, esperando seu oponente atacar novamente. Mas ele recebe um comunicado pelo rádio. A voz é do Imperador Preto. "Vou parar e remanejar, para puxar carta".
O técnico de operações, que viajava ao lado do Marechal, levanta a cabeça e pergunta: "Puxar carta? O que é isso?". O Marechal o olha. Seus olhos estão com olheiras profundas e tristes. "É uma lenda antiga. Se você conquistar o território de um oponente em uma rodada, poderá comprar uma carta. Três cartas com símbolos iguais, e você pode recrutar mais soldados". O técnico o olha, curioso. "Qual a relação entre os símbolos e mais soldados para recrutar?". O Marechal baixa a cabeça. "Não sei, Ibrahimovic. Só sei que é assim".
Antes de chegar em Moscou, entretanto, o Marechal passa por Kiev, antiga capital ucraniana. No Jornal Azul, ele ouve as notícias vindas da América do Norte. O General Branco invadiu o Alasca, derrotando três tropas vermelhas. O último reduto do Imperador Vermelho. Ele se rende ao Imperador Branco. E o Imperador vencedor vai a público, no dia seguinte, dizer: "Seus viadinhos, perdedores! Eu conquistei a África e a América do Norte! Como esse era meu objetivo, eu declaro a Terceira Guerra Mundial terminada!"
A guerra acabou! Os soldados comemoram. As tensões cessam. As pessoas saem de casa, vêem o sol, visitam familiares. A guerra acabou! Tudo porque o Imperador Branco concretizou seu sonho de infância - unificar a África e a América do Norte em uma grande nação transatlântica. "Não é para entender", falou um cientista político, em um talk show, dois meses depois. "Todos simplesmente concordaram que conquistar a África e a América do Norte era algo digno de nota. E parabenizaram o Imperador Branco. Simples assim!"
Os imperadores se reúnem meses depois, em Johannesburgo. Congratulam o Imperador Branco. Fazem uma festa. Eles se dizem cansados do confronto. "E agora?", diz o jovem Imperador Verde, que foi vencido prematuramente. "Quem quer ir lá em casa pra gente jogar Winning Eleven?"
Aliás, vocês também acharam que foi um alívio o mês de Agosto ter terminado? Nada contra ele, nem contra os nativos do mês - como eu já expliquei, muitos amigos e amados meus são nativos do mês de Augustus Caesar, o primeiro do rol dos imperadores de Roma. Mas, cabriolé, como o mês demorou pra passar! Não houve nenhum feriado, fora o dia dos Pais (que não conta, pois foi em um domingo), e teve praticamente cinco semanas de duração! Mas ele nos deixou para voltar somente no próximo ano que, para minha felicidade, será um ano par. Eu acho que já escrevi em algum lugar a respeito da minha crise com anos pares e ímpares, não? Ah, se não nesse, foi no outro blog. Whatever.
Por falar em Augustus Caesar, pra vocês que não sabem, vou lhes contar um pouco sobre a história do nosso calendário. Antigamente, na época em que Roma era a capital do mundo civilizado e o Cristianismo era uma religião esquisita na borda oriental do planeta, o calendário era, como de se esperar, diferente. O calendário usado pelos primeiros romanos teria sido inventado e patenteado por Romulus (ou Rômulo, na versão portuga), que foi também o fundador da Cidade Eterna, a cidade de Roma. Era um calendário lunar - isto é, baseado na rotação da lua, e não na rotação da terra em relação ao sol - e continha dez meses. O ano começava no mês de Martius, e daí vinha Aprilius, Maius, Junius, Quintilis, Sextilis, Septembris, Octobris, Novembris e Decembris. Era uma putaria.
Segundo a tradição, o rei de Roma que veio logo após Romulus foi Numa Pompilius (ou Numa Pompílio, e não confunda com o Pompeu Pompílio Pomposo, emérito personagem vilânico do Castelo Rá-Tim-Bum). Numa Pompilius achou que aquele calendário de dez meses era uma putaria, e o reformou. Ele era rei, ele podia. Ele removeu alguns dias dos meses que existiam e criou dois novos meses, Ianuarius e Februarius. Ele também inventou o predecessor do nosso ano bissexto. Era um ano em que eles faziam brotar um novo mês, e o ano tinha uns 20 dias a mais. Uma putaria. Depois de Numa Pompilius ter ido desta para uma melhor, os pontifex maximus, ou os principais sacerdotes da religião romana, eram os únicos que tinham direito de alterar os calendários. Eram esses pontifex que decidiam que anos eram "bissextos". Um dos últimos pontifex maximus foi Julius Caesar (ou o nosso cumpádi Júlio César), que decidiu que o calendário iria mudar. Sem essa putaria de um mês inteiro novo. Então, com sangue nos zóio, Júlio César baixou o novo calendário, que ficou conhecido como calendário juliano! Ele mandou mudar, também, o mês em que ele nasceu, Quintilis, e que se chamaria Julius. E Primeiro de Janeiro seria, agora, o mais novo primeiro dia do ano - lembrem-se, antes começávamos em Março.
Depois de Julius morrer, veio, então, Augustus Caesar. O cabra-macho que tornou Roma um Império re-reformou o calendário (na verdade, ele continuou a reforma do tio dele), e fez também uma personalização - o mes Sextilis chamar-se-ia, agora, Augustus. E teria, também, 31 dias, para que não fosse um mês inferior ao mês de Julius. Então, por causa de Auguso César temos dois meses juntos com 31 dias. Mas se não fosse ele, não teríamos aquela colinha de usar os ossinhos dos dedos... =D
Bah, se eu continuar falando, ninguém vai ler esse post. E já estamos com poucas visitas, não quero facilitar a evasão de leitores. Ao texto!
WAR
Batalha das Pedrinhas
Estamos nos Sudetos, região montanhosa onde em tempos de paz era a República Tcheca. Hoje em dia, as vilas, esvaziadas, abrigam soldados armados até os dentes. Seus uniformes azuis mal podem ser vistos por entre as casinhas que parecem feitas de brinquedo. A ordem é clara: manter a posição nos Sudetos a todo o custo. Do outro lado das montanhas verdejantes e férteis, soldados de uniformes negros se equipam para o ataque. Cinco batalhões completos estão aguardando a vez, ansiosamente, em seus acampamentos no leste da Alemanha. Eles, também, têm armamentos pesados e devastadores. Que tecnologia eles usam? Pólvora do século XVIII? Projétil de aço? Canhões de artilharia ingleses? Metralhadoras calibre .50? Infantaria anti-tanque? Bombas nucleares de carbonização imediata? Puá. Nenhum ser humano neste planeta viu nada mais devastador do que os três dados vermelhos. Talvez só uma arma possa combatê-la niveladamente: os três dados amarelos, na posse dos oponentes, que defendem o combinado territorial Polônia/Iugoslávia.
O Marechal Preto, comandando os soldados Pretos, necessita da passagem pela Polônia e Leste da Europa pra desembarcar em Moscou. Só falta a Polônia e o território russo para ele conseguir controlar toda a Europa, e conseguir recrutar um bônus de cinco batalhões novinhos para o front islandês. O porquê ele precisa unificar a Europa para ter mais soldados? Ninguém sabe explicar, mas as estatísticas apontam que é só um general controlar todo o continente por uma rodada, e cinco batalhões serão recrutados. E o Marechal Preto é bastante supersticioso.
O Marechal Azul está à espreita, com seus binóculos e seus medidores climáticos, analisando a batalha. Mas ele não precisa da tábua matemática. No fundo, no fundo, ele sabe que a guerra não será decidida em pormenores. Pouco importa se chover, se fizer sol, se é verdade que os soldados dele são uns frouxos que não conseguiram invadir o Oriente Médio, em uma das mais espetaculares derrotas militares do globo. Ele sabe, no fundo, que somente um "seis, seis, seis" poderá manter seus flancos protegidos. Ele não acredita muito em Deus. Quem sabe se ele passasse a acreditar em algum outro ser divino, só pra fazer ciuminho...?
Barulhos de trombetas! Batidas de tambores! Os pretos estão se movimentando! Do alto de uma montanha, surge um jipe preto, com o emblema do Imperador Preto cravado em cada uma das portas. O Marechal Preto, a serviço de seu líder, está se dirigindo ao bunker do Marechal Azul. Requer uma conversação. O encontro é breve, e reservado. A única frase pronunciada pelo líder dos pretos: "cinco contra quatro na Polônia". O Marechal Azul se sente indisposto, ao ver o jipe retornar ao seu lado da batalha para se posicionar para o ataque.
Mal ele consegue contar quantos segundos lhe restam, quando ele ouve um ensurdecedor barulho, vindo de um lugar muito distante. Os dados vermelhos estão sendo rodados! O barulho se repete por minutos. Quando uma voz anuncia, pelo rádio, "Seis, Três e Dois", o Marechal Azul se anima. Poderia ser pior, afinal! Ele se vira para o encarregado de operações militares e ordena a defesa. Novamente, um barulho de chachoalhar as cordas do cérebro ecoam no tempo-espaço. Na sua tela de LCD, aparecem os valores "Cinco, Dois e Dois". Ele pega o rádio, e anuncia os valores em alta voz. Quando ele termina, seus soldados entram em pânico. Homens começam a chorar, alguns agarram fotos de seus familiares, alguns saem correndo. E, do nada, dois batalhões inteiros somem, de repente, como se fossem vapor. Alguns estão aliviados por estar vivos. Outros, lívidos de medo. Mas eles sabiam que a vida era assim mesmo. Nunca se sabe quem vai pro caixão. Ou melhor, pra caixinha.
Alguns minutos depois, rola um tiroteio, algumas bombas, alguns soldados caem feridos. Mas não adianta. A batalha será definida mesmo no dado. O rádio anuncia: "Quatro conta dois na Polônia". A batalha continua. Os dados são rolados. E o atacante sofreu duas baixas, dessa vez. Os soldados negros estão desmoralizados, mas determinados. Os azuis vêem a chance de redenção. Ao que indica, será o conflito decisivo.
Os dados são ouvidos por quilômetros quadrados. O Marechal Preto anuncia no rádio "Dois e Dois". Os soldados azuis riem. Dois? Que ataque de maricas! Tinha que ser ataque alemão, mesmo. Bah, seus órfãos de Hitler, vocês não são de nada! Os dois dados amarelos estão sendo rodados, agora, pelas tropas do Imperador Azul.
"Um deles o quê?", brada o Marechal Azul para seu encarregado de operações. "O dado caiu da mesa, senhor. Teremos que rolá-lo, novamente". "Isso é um absurdo! Coloque-me em linha com o Marechal Negro!"
A conversação é tensa. Os Imperadores Preto e Azul, os gladiadores que lutam pela Europa, se conversam em uma linha de telefone segura. O Imperador Preto tem um leve sotaque francês. O Imperador Azul fala sereno, como um nobre chinês. Mas ele está furioso. "Não aceitarei que minha imagem seja desmoralizada, Imperador Preto. O dado não será re-jogado!". Do outro lado, em um bunker em Paris, o Imperador Preto responde. "São as regras, Azul. Jogue logo, senão você perde por W.O."
Irritado, o Imperador Azul retransmite sua mensagem para seu Marechal nos Sudetos. O outro dado é relançado. O Marechal não pode acreditar. Tudo parecia vencido. Era só vencer um "dois e dois"... Com a garganta seca, ele clama no microfone, antes de desabotoar seu sobretudo: "Um e Um". Um uivo de agonia ecoa. Os dois batalhões que patrulhavam os Sudetos somem. Os pretos marcham, triunfantes, rumando Varsóvia. O Marechal Azul, irritado, foge para Moscou, esperando seu oponente atacar novamente. Mas ele recebe um comunicado pelo rádio. A voz é do Imperador Preto. "Vou parar e remanejar, para puxar carta".
O técnico de operações, que viajava ao lado do Marechal, levanta a cabeça e pergunta: "Puxar carta? O que é isso?". O Marechal o olha. Seus olhos estão com olheiras profundas e tristes. "É uma lenda antiga. Se você conquistar o território de um oponente em uma rodada, poderá comprar uma carta. Três cartas com símbolos iguais, e você pode recrutar mais soldados". O técnico o olha, curioso. "Qual a relação entre os símbolos e mais soldados para recrutar?". O Marechal baixa a cabeça. "Não sei, Ibrahimovic. Só sei que é assim".
Antes de chegar em Moscou, entretanto, o Marechal passa por Kiev, antiga capital ucraniana. No Jornal Azul, ele ouve as notícias vindas da América do Norte. O General Branco invadiu o Alasca, derrotando três tropas vermelhas. O último reduto do Imperador Vermelho. Ele se rende ao Imperador Branco. E o Imperador vencedor vai a público, no dia seguinte, dizer: "Seus viadinhos, perdedores! Eu conquistei a África e a América do Norte! Como esse era meu objetivo, eu declaro a Terceira Guerra Mundial terminada!"
A guerra acabou! Os soldados comemoram. As tensões cessam. As pessoas saem de casa, vêem o sol, visitam familiares. A guerra acabou! Tudo porque o Imperador Branco concretizou seu sonho de infância - unificar a África e a América do Norte em uma grande nação transatlântica. "Não é para entender", falou um cientista político, em um talk show, dois meses depois. "Todos simplesmente concordaram que conquistar a África e a América do Norte era algo digno de nota. E parabenizaram o Imperador Branco. Simples assim!"
Os imperadores se reúnem meses depois, em Johannesburgo. Congratulam o Imperador Branco. Fazem uma festa. Eles se dizem cansados do confronto. "E agora?", diz o jovem Imperador Verde, que foi vencido prematuramente. "Quem quer ir lá em casa pra gente jogar Winning Eleven?"
Ouvindo:
Seven Days in Sunny June
Jamiroquai
Dynamite (2005)
3 comentários:
Cara, e eu achava que gostava de escrever. õ.ô'
Nossa, adorei a aula sobre calendário \o/
Queria que meus livros de escola fossem daquela maneira. xD
Grande beijão, Rafa.
*:
Primo meu!!
Nao sei pq, mas acho q vc realmente se divertiu escrevendo esse texto hein??? hehehehe
Mtoo bom, principalmente pra quem joga war, e sabe q eh bem assim huhuhuh
Mas devo concordar com o outro comentario aqui: a parte do calendario ficou ligeramente mais interessante q o resto do texto. Mas talvez seja eu, eu realmente gosto de Roma!
Cuide-se querido
Beijao
olha a imaginaçõa fértil... =P
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