quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Os Últimos Chocolates da Caixa

Opa! Daê, galera? Tudo supimpão? :D

Chegamos ao último suspiro do ano de 2007 da Era Comum. Em breve, estaremos comendo doces gostosos junto de pessoas agradáveis, comemorando o Natal e o Ano Novo. Celebrando o ano que chega, torcendo para que ano que vem tudo seja diferente, assim como a gente torceu ano passado. E a gente sabe que nada vai mudar, mas sabe como é, né? Como a Raça Humana é boba... A gente é facilmente enganado. Inclusive por nós mesmos. Nunca vi. :P

Vamos ao trabalho. Por favor, desliguem o celular, o filme está começando.

Contos do Cotidiano
X - Os Últimos Chocolates da Caixa

Sábado. Depois de três dias de nuvens pesadas, o sol saiu no horizonte, tímido. Um cenário comum no fim do inverno. Também era comum nessa época a mãe comprar uma daquelas caixas de chocolates sortidos, que vendem no supermercado, pra família ter alguma glicose para ingerir no fim de semana. Uma caixa de uma marca famosa, com bombons famosos e gostosos e que todos amavam. As crianças estavam felicíssimas, vendo a caixona vermelha em cima da geladeira, sendo armazenada para depois da janta.
A janta veio e a janta foi. Assim que terminaram a janta, o mais velho fez menção de se levantar, rápido como um tiro. O pai o segurou. "Calma, garoto. A caixa não vai fugir. Vá, fique sentado que eu vou pegar a caixa". Educado o pai, não? É nada, ele queria abrir a caixa no meio do caminho e pegar pra ele o bombom recheado que ele mais gostava. Os outros se degladiariam pelos bombons comuns, mas o dele era dele e ninguém tascava.

Meia hora depois, metade da caixa tinha sido esvaziada. Foi-se o bombom recheado com nozes e o com avelã. O de chocolate branco foi pro menorzinho, que adorava. A mãe pegou um com recheio de morango, lá, que todo mundo abominava, menos ela. Os dois irmãos maiores se revezavam pegando bombons aleatórios: um de coco, um com biscoito wafer, um amargo e um doce. Até o de café pegaram, porque era um bombom com embalagem nova, queriam testar pra ver se era bom. Não, não era. O cachorro adorou, entretanto. Tanto que se atreveu a esperar por mais um, que alguém abrisse e não gostasse. Mas isso não voltou a acontecer. Shoot.

Depois de meia hora de festa, a caixa, pela metade, foi recolhida pela mãe, e todos saíram para assistir a um filme na TV. O sábado acabou, o domingo veio. No café da manhã, os filhos assaltaram a caixa de novo. Acharam um pequenininho que era crocante e um duro pra caramba, mas também era ótimo. Quando chegou na hora do almoço que o bicho pegou. Sobraram na caixa 6 chocolates. Que são os chocolates lá do título. "Os últimos chocolates da caixa". *vento tenebroso*
Manja aquele chocolate que tem uma embalagem muito sem-graça? Tão sem-graça que você, sem querer, faz associação preconceituosa? Você não pensa verbalmente - isto é, você não chega a mentalizar as palavras, mas pensa - que se um chocolate tem uma embalagem tão mequetrefe como aquela, ele TEM que ser ruim. Ele deve ter gosto de chocolate de terceira amolecido no bolso daquele seu vizinho gordo nojento. Ele deve ter sido feito com a maior má-vontade do mundo pelos cozinheiros que tomam conta das fornadas de chocolate. O marqueteiro que criou aquela embalagem devia estar sendo chifrado pelo macho dele. O cara que idealizou aquele chocolate devia ter pensado nisso enquanto teve um surto de diarréia. Enfim, um chocolate cheio de histórias desgraçadas e infelizes. Um chocolate que mais parece um boneco de vodu maligno. E você pensou em tudo isso olhando pra uma embalagem. Credo, como você é preconceituoso.

Foi essa associação preconceituosa que todo mundo fez quando olhou para o que sobrou na caixa. Todo mundo fingiu que não queria chocolate depois do almoço, e cada um foi fazer uma coisa - afinal, era domingo. Lá pelas tantas, no meio do jogão de futebol na TV, o paizão se lembra da caixa. Sorrateiro, pula até a cozinha, abre a caixa e se depara com os últimos chocolates da caixa. Credo, que depressão. Tão deprimido ficou que, por um momento, se esqueceu que seu time estava ganhando. Guardou a caixa, e foi curar sua vontade de mastigar um doce ao atacar as bananas. "Trocar um chocolate por bananas... Que azar...", pensou ele, comendo a banana como se fosse um fardo.
O filho do meio acorda da soneca da tarde, a fim de comer chocolate. Também se frustra quando abre a embalagem. E ainda pensa, nervoso: "Mas que diabos, por que ninguém come isso logo? Fica me fazendo passar vontade...". A mãe também acha que alguém deveria comer logo aqueles chocolates, assim ela pode se desfazer da caixa. Mas ninguém comeu.
À noite, o filho mais velho volta do futebol. Vai para a cozinha, toma um copo d'água e se vira maquinalmente para a caixa de chocolates. Chateia-se. Esconde a caixa. Pega, também, uma banana, e vai pro chuveiro tomar banho.

E veio a segunda e veio a terça. O pai levou alguns em sua mala para a empresa, ver se ninguém queria. Ninguém quis. A mãe pensou em dar pro cachorro, mas ele passou mal da última vez que comeu chocolate, melhor não. Aquilo estava se tornando uma crise familiar. Logo logo, uma reunião seria convocada, e eles teriam que tomar uma séria providência. Eles não admitiriam ser desrespeitados em sua própria casa por alguns chocolates sem-graça!
Foi só na sexta-feira que o filho do meio, chegando mais tarde da escola graças a um trabalho, descobre que não sobrou almoço pra ele. Ele disse que esperaria a mãe dele chegar, faltava pouco. Mas ele estava verde de fome. A barriga reclamava como um estudante de esquerda. Ele precisava tapear o estômago. Como?
Olhou para a cozinha, desanimado. E viu a caixa vermelha. Decidiu: levantou-se, pegou a caixa, voltou à sala, ligou a televisão, sentou-se com a caixa no colo e abriu o primeiro. Ele mordeu o chocolate receoso, como se estivesse com medo que o chocolate explodisse. E mastigou... E gostou! "É crocante!". E pegou outro. E pegou um de marca diferente, mas que também tinha embalagem abominável. E também gostou. E treminou os seis chocolates antes dos comerciais terminarem. Estupefato por ter gostado do gosto, e aliviado por ter, enfim, dado cabo da caixa, ele voltou à cozinha e colocou a caixa, amassada, no lixo. Lembrou-se de que deveria contar pra todo mundo que os chocolates não eram ruins! Mas, quando a noite chegou, ele havia esquecido. E todo mundo se esqueceu da caixa. E ele se esqueceu dos bombons.

Tanto que na quinzena seguinte, quando a mãe comprou outra caixa, todo mundo comeu os bombons de sempre. Mas aqueles seis ficaram lá, por uma semana, quase. Êta, coitados. Quem mandou serem feios?

Ouvindo:
Big Day
Tahiti 80
Fosbury (2005)

5 comentários:

Unknown disse...

Haha, ótimo!

Anônimo disse...

hauhauahuaha

Não basta ter só conteudo tem que ter embalagem também....

hauhauahauha

Thiago disse...

"É nada, ele queria abrir a caixa no meio do caminho e pegar pra ele o bombom recheado que ele mais gostava. Os outros se degladiariam pelos bombons comuns, mas o dele era dele e ninguém tascava."

- isso é um incentivo, p q toda pessoa q goste de chocolates especificos e disputadissimos, seja pai de familia um dia. assim ele garante o seu... ahuahauhauhauahuaha!!!!

Anônimo disse...

Adorei a história rafa!
Muito boa mesmo, saudades imensas de ti!

Pobres chocolates, aqui em casa não tem dessa. Se a caixa durar mais de dois dias é milagre xD
Mas é bem verdade que a embalagem mais colorida e bonita chama mais atenção, e acaba que o chocolate é bom mesmo haeiuheaiuheai
E das embalagens malemá é mais ruinzinho! Aiai!

Se cuida raaafa, te amo muuuito!
Beijos *;

Anônimo disse...

uahauha

aqui em casa chocolate nao dura nem um dia ... pode ser bom, pode ser ruim, vai ser comido, nao adianta! uahauhau

beeeijos