Olá, olá, bom dia e boa tarde e boa noite! O Inominativo retorna, numa desesperada tentativa, quiçá vã, de voltar à ativa! Yaaay!
Menos de uma semana depois do post anterior (você não contava com isso, fale a verdade), tentaremos emplacar outro texto aqui. Antes, entretanto, duas ressalvas devem ser feitas.
A primeira delas é que eu não havia notado que cometi uma leve gafe: inventei de postar um texto esculachando uma das mais notáveis características do universo feminino quando era a véspera do tão comemorado Dia das Mulheres. Poxa, as moças comemorando o dia que reservamos para elas, e elas são obrigadas a ouvir ofensas qualificadas de um cara que se acha sabedor das coisas! Uma patifaria vil e insensata, eu diria! Mas eu também diria, em minha defesa, que eu não dou a mínima pro Dia das Mulheres (ter um dia das mulheres meio que implica que mulheres são minoria, como o Dia do Índio e o dia do Professor, sei lá; e também implica que os outros 364 dias são dos homens, e eu acho que as mulheres tendem a evitar esse raciocínio). Além do mais, era o único texto que eu tinha na cabeça pra escrever, e acho que as mulheres que conheço preferem ler um texto no Inominativo do que comemorar o dia delas (quem me dera :B). Finalmente, eu disse no post passado: ele está acima de quaisquer críticas. Portanto, pode criticar, eu não dou a mínima. ^^
Segundo: a Fu teria me recomendado que eu respondesse uma grosseria à altura. Direi à Larissa que mais amo - e olha que conheci dezenas de Larissas - que eu não costumo deixar ofensas passar de graça. Eu sou linguarudo, e quando sofri com uma moça que teve ataque de TPM, eu respondi no tempo devido. Herdei minha língua afiada de mamãe :D
Colocados os pingos nos i's, vamos ao que nos interessa. To business!!
O Inferno que Ninguém Conhece
Eu já cometi uma série de pecados na vida, e isso eu sou sensato o suficiente pra reconhecer. Quer dizer, partindo da hipótese que o Cristianismo (ou qualquer outra religião monoteísta com tendências dominadoras) está correto, a idéia é que você seja ponderado, comedido, amigo das crianças e animais, entre outras firulices correspondentes com uma vida justa para com os outros, com você mesmo e com o Criador, que está em algum lugar observando o Big Brother que ele criou. Mas eu nunca fui bom em seguir as leis dessas religiões: oras, quem me conhece sabe que eu sou cínico, debochado, despreocupado com o problema alheio, avesso a ajudar os outros e preguiçoso em geral. Além do mais, vivo uma vida de pequenos e médios pecados - como roubar no truco, mentir pras pessoas (principalmente pros meus professores, quando eles perguntam se eu entendi a matéria) e rir da desgraça alheia. Rir da desgraça alheia, muitos se lembraram, é uma das coisas que tenho particular satisfação. Hehe.
Portanto, é de se concluir, ainda respeitando a hipótese de que o Cristianismo acertou, que quando eu virar adubo pra plantinhas no cemitério, eu deva ir pra algum lugar parecido com o que, hoje em dia, chamamos de Inferno. Afinal, existe um lugar reservado pra quem não respeitou sabidamente os conselhos de Deus, o Todo-Poderoso, o Mano que Manda. Todas as almas desobedientes ficarão lá, a cargo do Satanás, o Anjo Desobediente, que cuidará de torturá-las ad eternum. Até que o tempo não seja mais tempo, ou até que Chuck Norris chore. Será trágico.
Tendo a vida de prazeres desmedidos que sempre tive, passei a considerar seriamente a hipótese de que é essa a vida dura que me espera, quando eu for ceifado desta vida. À medida que cometia pecados atrás de pecados, sem qualquer pudor e consideração - e, pior ainda, sem me arrepender deles, porque eu adoro o malfeito - lembrava-me do trágico destino que espreitava a minha partida para o Mundo Inferior. Por alguns dias, talvez semanas, fiquei receoso da minha vida contente. Eu quase me arrependi! Quase que eu fiz como os humanos que viviam nos lúgubres tempos medievais, que tanto critico. Foi um tempo de provações.
Acontece que um dia eu parei pra pensar. E eu pensei, de fato. E me veio a luz: às vezes, ir pro Inferno não é tão ruim! Oras, vai ver, or pro Inferno possa ser, até, uma grande idéia! E eu tenho uma linha de raciocínio muito esclarecida que ajudará a mostrar meu ponto de vista. E depois que eu passei a ver o mundo por esse prisma, nunca mais receei a vida post-mortem. Eu posso ser o mesmo cínico de sempre. Ah, um alívio para a minha existência...
Bom, suponha que, de fato, eu seja punido por minha vida de felicidades e prazeres que tive na Terra. Um grande Juiz me condene a passar o resto da Eternidade nos calabouços masmorrentos do Inferno, sob a tutela de Satanás, o Mau. Isso implica em um acerto da Igreja Católica (e de outras religiões monoteístas com tendências dominadoras). Se eles acertaram em um ponto, é muito provável que tenham acertado em diversos pontos. E é muito provável que tenham acertado, por exemplo, no estilo de vida que seja considerado o correto pra se viver na Terra. Quer dizer, o certo é ser bonzinho, é evitar o pecado, viver das coisas boas, amar ao próximo, respeitar os outros, essa ladainha toda. Analogamente, o errado seria a gula, a preguiça, o orgulho e esses outros pecados que volta e meia cometemos.
Também significa que coisas como a Coca-Cola (ou a cerveja, pra um consumidor de bens alcólicos), a televisão, o vídeo-game, o truco, a mini-saia, o futebol e outras dessas coisas que potencializam e catalisam o pecado são coisas erradas. Clamam, alguns dos católicos (e seguidores de outras igrejas monoteístas com tendências dominadoras) que essas coisas vis sejam nada mais do que invenções do Satanás, himself, pra tentar a raça humana a cometer os pecados. Isso implica que se, de fato, morrer e for pro Inferno, encontrarei ninguém menos do que o inventor de todas essas coisas!! O cara que passou a Eternidade (ou um breve momento dela) usando sua cachola pra ajudar a nossa pobre raça humana a viver mais feliz, enquanto éramos provados por uma vida difícil. E, então, viverei a eternidade junto desse cara, que tanto fez pela pobre e perdida raça humana.
Podemos, até, imaginar que se o Sulfuroso inventa todas essas coisas, é porque ele gosta disso. E se ele gosta disso, é de se imaginar que o reino dele seja repleto dessas coisas que potencializam e catalisam os pecados. Assim, concluímos que Satanás pretenderá que continuemos cometendo pecados no Inferno - afinal, é disso que ele vive - e que, conseqüentemente, ele continuará provendo estes bens que ele tão sabiamente criou.
Enfim, o ponto em que desejo chegar é: quando morrer, eu vou me encontrar com o criador do PlayStation, e passarei a eternidade jogando Play2! Ou Play3, ou Play4, ou sabe-se lá qual PlayStation teremos quando eu resolver abotoar o paletó de madeira. Mas teremos Play2!
O raciocínio acima pode ser aplicado para a completa variedade de artefatos e costumes criados para tentar a humanidade a produzir o pecado. Se assim pensarmos, passamos a ver a morada última dos pecadores como um lugar não tão ruim assim. Quer dizer, teremos lá refrigerante e bebidas alcólicas e música alta e internet e mulheres (ou homens, dependendo da sua opção sexual; Satanás é democrático) e dinheiro (afinal, Capitalismo também é coisa do Capeta) e essas coisas todas!
Agora pense comigo, amigo leitor, amiga leitora: qual é o lugar do mundo conhecido que temos luzes, bebidas, dinheiro, promiscuidade... e ninguém se preocupa o mínimo com isso? Las Vegas! Se somarmos um mais um, temos que: quando morrermos, iremos para Las Vegas! Viveremos em um grande e confortável hotel, acima de um enorme cassino, onde a promiscuidade (em todos os sentidos) será desmedida, e encorajada. E, o melhor de tudo, ninguém precisaria se preocupar com a situação financeira ou biológica (i.é., fígado e rins) quando terminássemos um dia de devassidão em Las Vegas Infernais. Já teríamos morrido!!
Concluímos, então, que iremos pra um lugar onde o pecado corre solto, onde poderemos ser tão felizes quanto jamais fomos em toda a nossa vida (ainda que consideremos o fato da levarmos uma vida feliz, por ora, porque somos bon-vivants), e nunca teremos que nos preocupar com o dia seguinte. Se você pensar bem, parece uma ótima maneira de se encarar a pós-vida, além de ser uma ótima desculpa pra continuar cometendo estes pecados de sempre na boa e velha Terra.
Agora que eu lhe trouxe a luz, rapazes e moças, lembrem-se de não sair espalhando por aí. Quer dizer, meu blog é peixe pequeno, então eu não vejo problema em postar isso aqui. Mas se vocês saírem convencendo todo mundo disso, todo o mundo acabará indo pro Inferno, no futuro. Las Vegas nenhuma será suficiente pra tanta gente assim. E imagine o trânsito que ficaria lá, então? Seria um Inferno.
Ouvindo:
Morning Glory
Oasis
(What's the Story) Morning Glory? (1996)
Menos de uma semana depois do post anterior (você não contava com isso, fale a verdade), tentaremos emplacar outro texto aqui. Antes, entretanto, duas ressalvas devem ser feitas.
A primeira delas é que eu não havia notado que cometi uma leve gafe: inventei de postar um texto esculachando uma das mais notáveis características do universo feminino quando era a véspera do tão comemorado Dia das Mulheres. Poxa, as moças comemorando o dia que reservamos para elas, e elas são obrigadas a ouvir ofensas qualificadas de um cara que se acha sabedor das coisas! Uma patifaria vil e insensata, eu diria! Mas eu também diria, em minha defesa, que eu não dou a mínima pro Dia das Mulheres (ter um dia das mulheres meio que implica que mulheres são minoria, como o Dia do Índio e o dia do Professor, sei lá; e também implica que os outros 364 dias são dos homens, e eu acho que as mulheres tendem a evitar esse raciocínio). Além do mais, era o único texto que eu tinha na cabeça pra escrever, e acho que as mulheres que conheço preferem ler um texto no Inominativo do que comemorar o dia delas (quem me dera :B). Finalmente, eu disse no post passado: ele está acima de quaisquer críticas. Portanto, pode criticar, eu não dou a mínima. ^^
Segundo: a Fu teria me recomendado que eu respondesse uma grosseria à altura. Direi à Larissa que mais amo - e olha que conheci dezenas de Larissas - que eu não costumo deixar ofensas passar de graça. Eu sou linguarudo, e quando sofri com uma moça que teve ataque de TPM, eu respondi no tempo devido. Herdei minha língua afiada de mamãe :D
Colocados os pingos nos i's, vamos ao que nos interessa. To business!!
O Inferno que Ninguém Conhece
Eu já cometi uma série de pecados na vida, e isso eu sou sensato o suficiente pra reconhecer. Quer dizer, partindo da hipótese que o Cristianismo (ou qualquer outra religião monoteísta com tendências dominadoras) está correto, a idéia é que você seja ponderado, comedido, amigo das crianças e animais, entre outras firulices correspondentes com uma vida justa para com os outros, com você mesmo e com o Criador, que está em algum lugar observando o Big Brother que ele criou. Mas eu nunca fui bom em seguir as leis dessas religiões: oras, quem me conhece sabe que eu sou cínico, debochado, despreocupado com o problema alheio, avesso a ajudar os outros e preguiçoso em geral. Além do mais, vivo uma vida de pequenos e médios pecados - como roubar no truco, mentir pras pessoas (principalmente pros meus professores, quando eles perguntam se eu entendi a matéria) e rir da desgraça alheia. Rir da desgraça alheia, muitos se lembraram, é uma das coisas que tenho particular satisfação. Hehe.
Portanto, é de se concluir, ainda respeitando a hipótese de que o Cristianismo acertou, que quando eu virar adubo pra plantinhas no cemitério, eu deva ir pra algum lugar parecido com o que, hoje em dia, chamamos de Inferno. Afinal, existe um lugar reservado pra quem não respeitou sabidamente os conselhos de Deus, o Todo-Poderoso, o Mano que Manda. Todas as almas desobedientes ficarão lá, a cargo do Satanás, o Anjo Desobediente, que cuidará de torturá-las ad eternum. Até que o tempo não seja mais tempo, ou até que Chuck Norris chore. Será trágico.
Tendo a vida de prazeres desmedidos que sempre tive, passei a considerar seriamente a hipótese de que é essa a vida dura que me espera, quando eu for ceifado desta vida. À medida que cometia pecados atrás de pecados, sem qualquer pudor e consideração - e, pior ainda, sem me arrepender deles, porque eu adoro o malfeito - lembrava-me do trágico destino que espreitava a minha partida para o Mundo Inferior. Por alguns dias, talvez semanas, fiquei receoso da minha vida contente. Eu quase me arrependi! Quase que eu fiz como os humanos que viviam nos lúgubres tempos medievais, que tanto critico. Foi um tempo de provações.
Acontece que um dia eu parei pra pensar. E eu pensei, de fato. E me veio a luz: às vezes, ir pro Inferno não é tão ruim! Oras, vai ver, or pro Inferno possa ser, até, uma grande idéia! E eu tenho uma linha de raciocínio muito esclarecida que ajudará a mostrar meu ponto de vista. E depois que eu passei a ver o mundo por esse prisma, nunca mais receei a vida post-mortem. Eu posso ser o mesmo cínico de sempre. Ah, um alívio para a minha existência...
Bom, suponha que, de fato, eu seja punido por minha vida de felicidades e prazeres que tive na Terra. Um grande Juiz me condene a passar o resto da Eternidade nos calabouços masmorrentos do Inferno, sob a tutela de Satanás, o Mau. Isso implica em um acerto da Igreja Católica (e de outras religiões monoteístas com tendências dominadoras). Se eles acertaram em um ponto, é muito provável que tenham acertado em diversos pontos. E é muito provável que tenham acertado, por exemplo, no estilo de vida que seja considerado o correto pra se viver na Terra. Quer dizer, o certo é ser bonzinho, é evitar o pecado, viver das coisas boas, amar ao próximo, respeitar os outros, essa ladainha toda. Analogamente, o errado seria a gula, a preguiça, o orgulho e esses outros pecados que volta e meia cometemos.
Também significa que coisas como a Coca-Cola (ou a cerveja, pra um consumidor de bens alcólicos), a televisão, o vídeo-game, o truco, a mini-saia, o futebol e outras dessas coisas que potencializam e catalisam o pecado são coisas erradas. Clamam, alguns dos católicos (e seguidores de outras igrejas monoteístas com tendências dominadoras) que essas coisas vis sejam nada mais do que invenções do Satanás, himself, pra tentar a raça humana a cometer os pecados. Isso implica que se, de fato, morrer e for pro Inferno, encontrarei ninguém menos do que o inventor de todas essas coisas!! O cara que passou a Eternidade (ou um breve momento dela) usando sua cachola pra ajudar a nossa pobre raça humana a viver mais feliz, enquanto éramos provados por uma vida difícil. E, então, viverei a eternidade junto desse cara, que tanto fez pela pobre e perdida raça humana.
Podemos, até, imaginar que se o Sulfuroso inventa todas essas coisas, é porque ele gosta disso. E se ele gosta disso, é de se imaginar que o reino dele seja repleto dessas coisas que potencializam e catalisam os pecados. Assim, concluímos que Satanás pretenderá que continuemos cometendo pecados no Inferno - afinal, é disso que ele vive - e que, conseqüentemente, ele continuará provendo estes bens que ele tão sabiamente criou.
Enfim, o ponto em que desejo chegar é: quando morrer, eu vou me encontrar com o criador do PlayStation, e passarei a eternidade jogando Play2! Ou Play3, ou Play4, ou sabe-se lá qual PlayStation teremos quando eu resolver abotoar o paletó de madeira. Mas teremos Play2!
O raciocínio acima pode ser aplicado para a completa variedade de artefatos e costumes criados para tentar a humanidade a produzir o pecado. Se assim pensarmos, passamos a ver a morada última dos pecadores como um lugar não tão ruim assim. Quer dizer, teremos lá refrigerante e bebidas alcólicas e música alta e internet e mulheres (ou homens, dependendo da sua opção sexual; Satanás é democrático) e dinheiro (afinal, Capitalismo também é coisa do Capeta) e essas coisas todas!
Agora pense comigo, amigo leitor, amiga leitora: qual é o lugar do mundo conhecido que temos luzes, bebidas, dinheiro, promiscuidade... e ninguém se preocupa o mínimo com isso? Las Vegas! Se somarmos um mais um, temos que: quando morrermos, iremos para Las Vegas! Viveremos em um grande e confortável hotel, acima de um enorme cassino, onde a promiscuidade (em todos os sentidos) será desmedida, e encorajada. E, o melhor de tudo, ninguém precisaria se preocupar com a situação financeira ou biológica (i.é., fígado e rins) quando terminássemos um dia de devassidão em Las Vegas Infernais. Já teríamos morrido!!
Concluímos, então, que iremos pra um lugar onde o pecado corre solto, onde poderemos ser tão felizes quanto jamais fomos em toda a nossa vida (ainda que consideremos o fato da levarmos uma vida feliz, por ora, porque somos bon-vivants), e nunca teremos que nos preocupar com o dia seguinte. Se você pensar bem, parece uma ótima maneira de se encarar a pós-vida, além de ser uma ótima desculpa pra continuar cometendo estes pecados de sempre na boa e velha Terra.
Agora que eu lhe trouxe a luz, rapazes e moças, lembrem-se de não sair espalhando por aí. Quer dizer, meu blog é peixe pequeno, então eu não vejo problema em postar isso aqui. Mas se vocês saírem convencendo todo mundo disso, todo o mundo acabará indo pro Inferno, no futuro. Las Vegas nenhuma será suficiente pra tanta gente assim. E imagine o trânsito que ficaria lá, então? Seria um Inferno.
Ouvindo:
Morning Glory
Oasis
(What's the Story) Morning Glory? (1996)