sábado, 28 de junho de 2008

O Homossexualismo a Longo Prazo

Braaaaaains...

O Inominativo volta do mundo dos mortos, caros leitores! Dois meses de uma vida beirando a imprestável, o autor que vos escreve decide que é hora de retornar à ativa de vez, retirando o blog do caixão em que ele estava enterrado, e dando uma vida nova pra ele. Agora, com meu blog-zumbi, atacamos o mundo dos vivos! Peguem as espingardas! Salve-se quem puder!

Oh, bem, antes de chegarmos ao prato principal, vamos à algumas considerações. Leiam esse trecho como "Desculpas que o Rafael dará por ter abandonado o blog por tanto tempo". Eu devo algumas aos senhores. Pois bem.
Nos meses que intercalaram o post passado e este que vocês agora lêem, muitas coisas diversas ocuparam a minha cabeça e, sinto lhes informar, nenhuma delas era piegas o suficiente para preencher nem meio parágrafo de um post daqui. Nesses dois meses, o Rafael que vos fala esteve ocupado tentando repensar a sua vida e suas prioridades, repensar o Universo, a Coca-Cola, o cotovelo e o cotonete. Vejam vocês, o medíocre desempenho estudantil que venho adquirindo na minha sempre-amada FEA-USP (aos que não sabem, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) me fez pensar que, talvez, fosse hora de eu rever minha vida. Resultado: não deu nada de diferente. Eu sou muito resistente quando o assunto é algo relacionado a mim mesmo. Eu não vou mudar nem que eu queira, então pra que tentar? Só precisava tentar entender um pouco mais as matérias. Farei o possível semestre que vem. Quem sabe?
Neste ínterim, muitos seres humanos me cobraram a sobrevida deste blog. Aos que nunca desistiram daqui, sintam-se vitoriosos! O Inominativo voltou! Será que pra ficar? Pago pra ver. :)

O HOMOSSEXUALISMO A LONGO PRAZO
Por Que Isso Me Beneficia?

Havia essa boa época do passado, em que os homens eram viris, fortes, suados e peludos, e as mulheres eram carinhosas, amáveis, jovens e sadias. Não, não estou falando de uma propaganda de academia, tampouco de um jogador de futebol e sua namorada top-model. Falo, sim, dos idos pré-históricos, em que só sobrevivia quem corria bagarai, meu rapaz. Os homens precisavam dos seus físicos em dia, para buscar refeição e defender sua prole de inimigos externos. As mulheres, sempre bonitas e sadias, tinham que gerir o domus, além de aumentar a família através da gravidez, do parto, da amamentação e do ensino básico para os novos humanos. Sim, tempos difíceis, aqueles. Mas eram bem mais legais, lembram-se?
Como eu já cansei de frisar aqui, entretanto, a Revolução Industrial fez do mundo um lugar mais veadonho. Os homens, antigamente sarados e parrudos, agora ganhavam pancinhas de chopp e usavam óculos fundo-de-garrafa, e suas esposas passaram a trabalhar também, virando, muitas vezes, mais masculinas que muitos homens. O glamour de outrora se foi.

Aí, no glorioso Século XX, época de guerras e revoluções tecnológicas embasbacantes, também aprendemos a conviver e aceitar pacificamente as mudanças que iam e vinham. E com os homens enveadando cada vez mais, e as mulheres sapatando cada vez mais igualmente, a comunidade de "intermediários" na longa guerra dos sexos passou a crescer, quiçá exponencialmente. Em algumas décadas, os gays e lésbicas ganharam espaço na mídia e na política, fundaram um movimento global, adotaram uma bandeira e se convivem num ambiente que beira o anarcossindicalismo socialista-marxista do século XIX. Não era bem a idéia de Marx mas, hey, ele deve estar satisfeito, em algum lugar do pós-vida (no Inferno, eu espero ¬¬).
À medida que os "intermediários" crescem e somam grandes quantias numéricas, e ganham rótulos e distinções, formando verdadeiras nações pelo mundo afora (algo parecido com o Judaísmo, mas sem a barbichinha simpática), eles se tornam figuras importantes no jogo político contemporâneo. A tendência é eles se tornarem uma soma suficiente para aparecer em virtualmente todos os campos da sociedade moderna, até que seja extremamente natural um estabelecimento comercial com três ou quatro banheiros; além dos tradicionais "homens" e "mulheres" - que serão bem menos usados - teremos os "intermediários", ou teremos "gays" e "lésbicas". Ou teremos um único e simples "banheiro da putaria". Uêba! \o/

Uepa, peralá, dir-me-á um de vocês, ávidos leitores, ao notar que eu estou mostrando um sombrio cenário de gays e lésbicas dominando a humanidade pela superioridade numérica, enquanto os puros de coração sobram excluídos. Onde está o otimismo do subtítulo do seu post?, perguntar-me-ão.
O caso, senhores, é que eu gosto muito dos gays, mesmo mesmo. E não é porque eu sou são-paulino. É porque quando se convive com gays, eles têm uma característica muito interessante para quem é homem como, digamos, eu: um gay nunca dará em cima de uma mulher (teoricamente falando, pelo menos). Ele dará em cima de outro homem que, se for fraco, descobrirá seu lado homossexual também. Isto é: gays se eliminam aos pares, e levam com eles a concorrência que eles poderiam oferecer para um heterossexual. Então, ao ser um dos poucos heterossexuais remanescentes em uma sociedade com alto índice de homos, eu serei tratado a peso de ouro! É uma questão econômica simples: se um produto é raro, ele custa mais!

As mulheres que freqüentam esse blog acharão uma falha em meu raciocínio (mulheres nunca se cansam em tentar hostilizar os homens; vai ver que é por isso que nunca tomam a liderança da sociedade :D). Dirá uma feminista assídua - e eu sei que há muitas - que se é verdade que os homossexuais diminuem a concorrência entre os homens, as homossexuais diminuem o número de mulheres disponíveis! Se a gente assumir que homossexuais crescem igualmente para os dois sexos, a longo prazo os gays e lésbicas terão mais ou menos o mesmo número de integrantes e, por regra de três simples, concluímos que o número de homens e mulheres continuará relativamente igual (ou seja, o chatíssimo 1:1).
Ao que lhes replico: quem disse que o crescente número de lésbicas me incomoda? Au contraire, minhas excelsas e mui garbosas amigas. O Rafael que vos escreve não se incomoda em participar de atos explícitos como um simples voyeur, assistindo tudo de camarote, enquanto duas mulheres se "atacam". Hohoho, não mesmo :B

Recapitulando - no longo prazo, teremos um excesso de "intermediários", seres humanos que não se encaixam nem no "masculino" nem no "feminino". Os homens gays passarão a se relacionar, diminuindo drasticamente a concorrência pelas mulheres solteiras disponíveis. Em um primeiro momento, os homens heterossexuais serão disputados a tapas, assim como as top models internacionais.
Em um segundo momento, entretanto, as mulheres também passarão a se relacionar entre si, fazendo do planeta Terra um grande espetáculo sodomita, ao ar livre, de graça. Oras, diabos, um mundo pecaminoso e gratuito! O que mais eu quero da vida? Fora um suprimento ilimitado de batatas-fritas e Coca-Cola, minha vida estaria perfeita! Morrerei com complicações cardíacas aos 35 anos (precisa ter um coração forte pra agüentar essa vida de promiscuidade toda, e coração forte não é uma característica muito forte em mim ^^), mas eu morrerei extremamente feliz. E, se tudo der certo, irei pro Inferno legal, onde passarei a Eternidade vivendo a vida boa.
Me faz pensar: se existe um Deus, esse cara gosta de mim bagarai, rapaz. Olha só o futuro promissor que me aguarda...

Quanto a vocês, mulheres? Não sei. Mas se vocês precisarem de um heterossexual gente fina nos próximos anos, sabem onde encontrar um. :D

****

Oh, bem! Ao reler este post, percebi que enchi ele de termos econômicos, e usei um tipo de raciocínio típico de pensadores economistas. Queiram me perdoar, não foi intencional. Isso significa, entretanto, que a faculdade tem surtido algum efeito, né?
Com isso, eu tenho mais um post do Inominativo para animar os senhores! Yeah yeah! Muito provavelmente, será o único post de Junho, porque é muito provável que, agora em diante, eu só poste nos fins de semana. Então, até o próximo post do Inominativo, cambada. Salut!

Ouvindo:
Darts of Pleasure
Franz Ferdinand
Franz Ferdinand (2004)

terça-feira, 22 de abril de 2008

Óculos

Olá olá, senhores seres humanos! O Inominativo retorna ao ofício de sempre. Desta vez, de cara nova e cheio de amor pra dar. Que acharam do novo layout? Meio brega, eu sei, mas já já vocês se acostumam. Oras, se vocês se acostumam com um barbudo iletrado e prepotente como Presidente do Brasil, o meu blog sairá de letra!

A fim de não me demorar muito ao escrever a introdução, não colocarei nenhuma introdução simpática. Vocês que imaginem que eu coloquei aqui algo de realmente enaltecedor e enriquecedor. Algo que vocês não poderiam viver sem. E vamos em frente, que atrás vem gente. Ui. :B

Óculos

Eu lembro de quando eu era mais jovem. Quando eu não tinha nem dez anos de vida, e tinha dores de cabeças gratuitas nas aulas e em frente o computador. Já estava até habituado a elas (sempre suspeitei que cabeça oca deve sentir muita dor quando se pensa por um momento :P), mas mamãe achou tudo muito esquisito. E depois de notar alguma dificuldade minha em enxergar à distância, levou o autor que lhes escreve ao oculista. Não lembro detalhadamente do oculista - tampouco se era homem ou mulher, jovem ou idoso... - mas lembro das dificuldades que tinha em ler aquelas litrinhas miudinhas, láááá ao longe... "E agora? Melhorou ou piorou?" "Erm... acho que piorou.". "E agora? Melhorou ou piorou?". Coisa mais chata, aquilo.
Depois, lembro que o dotô falou que eu tinha vista cansada. Não lembro exatamente o que era, mas eu tinha de usar óculos pra fazer as coisas mais legais, como ver tv e usar computador. Coisas não tão legais, como assistir aula e ler livros, também eram para ser feitas com um óculos. Isso significava, na prática, que eu teria de pagar o mico de usar óculos na sala de aula, na frente de todos os meus amigos, por muito tempo. Ah, o quanto de gozação eu não aturei... Quatro-olhos era o mais comum, e o mais simpático. Lembro-me que eu perdia meus óculos várias vezes, e teve a vez que ele quebrou em uma aula de Ed. Física. Ah, a minha infância...
Depois, minha situação piorou, e agora eu sou míope, mesmo. A tendência é cegar-me e cegar-me ad infinitum, até que eu não saiba reconhecer mais o nariz entre meus dois olhos. Credo, que exagero. :P

Óculos são, na minha opinião, mais uma das geniais idéias ardilosas montadas pela sempre presunçosa raça humana, pra mostrar pra Deus, o Mano que Manda, que quem cuida da nossa vida (e de nossos desastres genéticos, como a miopia, o canhotismo e outros) somos nós mesmos, e nós somos completamente aptos a resolvê-los! Um par de lentes grossas de vidro - ou de outro plástico mais resistente e tecnológico, como o acrílico - cuidadosamente fabricado, e colocado em uma (muitas vezes cafona) armação de ferro ou plástico ou whatever foi inventado para sacanear a falha da natureza, e devolver a você o dom de enxergar! Hooray! E aí, cabe a você colocar seus óculos na frente dos seus apáticos olhos, tão preguiçosos que não fazem direito nem a única função que lhes foram dados: enxergar. Só que, todos sabemos, a vida de um dependente ocular é muito mais complexa do que viver com os óculos sobre o nariz, até que a morte os separe. Nah, tem bem mais coisas.
Quando o cara passa a usar óculos, ele deixa de ser um cara comum. Agora, tudo o que ele vai fazer precisa ser intermediado por aquele negocinho, pra que ele veja com precisão suas ações. É meio que nem o guri que vive andando com sua bombinha de asma, ouo vovô que sempre anda com um comprimido de Viagra (nos dois casos, você nunca sabe quando vai precisar usar, certo?). Mas é diferente, porque o óculos está lá, na sua cara - literalmente - denunciando que você é uma aberração, um ato falho da Natureza. Freak. E todos saberão que você está atrapalhando a caminhada da Humanidade pela vida eterna! Queeeimem-o!

E o pior nem é ser uma aberração. O chato de usar óculos, mesmo, é que você tem que ter um zelo dos infernos por ele. Um óculos, infelizmente, não é qualquer objeto. Você não pode tratá-los como seu telefóne móvel, que você enfia em qualquer bolso, esquece jogado na mesa da sua empresa (ou na carteira da sua escola, sei lá), deixa cair de vez em quando e, se estiver de saco cheio, pode esquecer na sua casa que sua vida será, virtualmente, a mesma. Não, caro. Você pagará caro por não ter olhos perfeitos e magnânimos, que enxergam à longa distância, e viverá com seus olhos postiços todos os dias. É quase como um contrato de venda de alma ao Demo. E se você se esquecer do contrato por um só dia, seus olhos o lembrarão de quão ruim é ser um deficiente visual. Seu cego dos infernos.
E não é só isso: óculos costumam ser, ainda, frágeis. Afinal, estamos falando de lentes de vidro - ou qualquer outro plástico transparente - onde qualquer acidente físico pode estragar seu uso principal. Em miúdos: se você for pateta o suficiente pra riscar seus óculos, corre o perido de eles ficarem imprestáveis, e você ter de arcar com outro. Viu como é uma infelicidade?

Ah, claro, os chatos de plantão haverão de lembrar: não há qualquer infelicidade em usar óculos, seu ingrato! Você enxerga quase perfeitamente graças ao seu par de óculos! Sem ele, como haveria de pegar os ônibus corretos? Como haveria de ler as lousas, sentando ao fundo da sala? Como haveria de reconhecer seu amigo ou namorada(o) de longe, e não se passar por metido? Sem os óculos, eu estaria muito próximo de ser um pária social, verdade, vivendo na marginalidade e sendo excrecado por esse mundo perfeccionista (credo, que drama). Mas, hey, vamos combinar, seria muito mais fácil se eu tivesse, simplesmente, bons olhos.
Bom, pra evitar a reclamação destes ingratos que, como eu, não viveriam sem óculos mas odeiam usá-los, inventaram uma auspiciosa maravilha tecnológica. Uma fina película (atualmente, creio que é feita de silicone) que se coloca sobre o olho e se enxerga tão bem quanto um óculos. Com a vantagem de não precisar usar aquela aberração sobre seu rosto a toda hora! Yay! A lente de contato nasceu pra fazer sucesso.
Mas não pra mim (hehe). É, verdade, o tamanho da lente de contato e sua elegância (usar óculos, hoje em dia, não é mais tão elegante e belo como em outras gerações saudosas) fez com que fosse a preferência de alguns míopes e hipermétropes, cansados dos óculos. Mas eu não vejo graça alguma em ter que ficar cutucando o olho toda manhã, todo torto, pra fazer a lente ficar no lugar certinho. E ainda tem que deixar a lente lubrificada quando não está usando, e não pode dormir com ela senão ela escorrega pra dentro do globo ocular... Pô, meu, puta frescura. Esse mundo anda enveadando descaradamente desde a Revolução Industrial, meus caros. Eu sou das antigas, prefiro o bom e velho e óculos. Super-prático! Pegou, usou! Lavou, tá novo!

Quer dizer, bom, mas nem tanto. O chato do óculos (e da lente também) é que a sua miopia - ou hipermetropia, ou astigmatismo, ou qualquer outra doença que você tenha no seu olho esquisito - não pára de piorar com o tempo, ficando cada vez mais acentuada, mês a mês; mas seu óculos já está feito, montado, e será sempre a mesma coisa. Isso obriga você (ou seu pai, dependendo do seu grau de inutilidade social) a comprar um par de óculos novos sempre que o oculista achar que é hora das óticas venderem mais lentes e óculos novos. O que faz a gente desconfiar que os oftalmologistas e os donos de óticas são aliados, e se unem para tomar o nosso dinheiro (duas vezes, aliás). É como os dentistas e os vendedores de chicletes, manja? O mundo é impuro mesmo, meu jovem padawan.

Ah, sim. Usar óculos é uma tarefa ingrata, injusta e infeliz. Tanta gente com vista perfeita e olhos lindos e claros, e você com seus olhos imperfeitos e imprestáveis, tendo que usar estes trecos que distorcem o seu belo e angelical rosto (pff, faz-me rir) para que você possa viver normalmente por aí. mas é um mal necessário. Que nem os políticos, que nem a chuva no fim de semana, que nem a conta pra pagar. O melhor a se fazer é aceitar o fato de que a vida (esta vadia safada) gosta de te sacanear e que o melhor que você tem a fazer é aceitar passivamente. Oras, eventualmente, será tão comum consertar a visão com uma cirurgia rápida, barata e indolor, que os óculos serão peças de museu. Até lá, companheiro quatro-olhos, não esqueça seus óculos em casa. O dia fica bem mais difícil, você sabe. ^^

Vejo vocês outro dia, senhores!

Ouvindo:
How to Explain
The Cat Empire
The Cat Empire (2003)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Saudades do Útero

Heureca! Finalmente achei o que escrever no meu blog! Aê! Depois de um mês de abstinência, o Inominativo está de volta! Quem sabe, desta vez, para ficar? Quem sabe?

Muito ocorreu neste mês de interlúdio. O mundo finalmente pesou nas minhas costas, e eu me flagrei sem tempo para nada. Sem tempo para dormir, sem tempo para comer, sem tempo para internet. Algumas duas horas em casa eram tudo o que eu tinha por dia pra fazer tudo o que eu não podia fazer com a internet da empresa (que serve exclusivamente para que eu acompanhe a movimentação do câmbio do Dólar Americano). Nesse ínterim, tentei me dedicar mais à minha faculdade (e, que fique registrado, de nada adiantou) e ser um garoto mais responsável. O que aconteceu foi que eu abandonei minhas responsabilidades primordiais - entre eles, o Inominativo. E ele quase morreu. =/
Mas eu não deixei que ele morresse! Eu sou brasileiro, não desisto nunca!

Bem vocês sabem, freqüentadores de antigas datas deste blog, que eu costumo usar os meus posts como mensagens de parabéns aos mais próximos. É como o cara que paga um carro de som pra mandar dar parabéns pra mulher, cujo aniversário foi ontem e ele esqueceu completamente. Mas eu não faço barulho, não sou casado e não esqueci o aniversário de ninguém. =D
Seja como for, dia Dezesseis de Abril foi aniversário da minha prima e grande amiga, a Cibele. Tentei, então, re-inaugurar este cafofo com um post a ser publicado justamente no dia 16. Por motivos que não convêm, o post não veio. Tentei, então, o dia seguinte. E não pude postar nada - uma história longa e desengraçada ocorreu-me. Como eu finalmente consegui postar algo aqui, usarei esta publicação postada para dizer a minha prima e amiga que desejo tudo de mais legal e divertido do mundo. Feliz Vinte Anos, Cibele!! Espero que você seja ainda mais feliz e simpática e radiante e animada e adorável do que você já é! E que você ganhe na Mega Sena e passe o resto da sua vida acordando onze horas da manhã e fazendo nada de útil! Yay!
Amo você, Ciby! \o/

Business time.
O post de hoje nasceu em uma conversação, envolvendo o autor que lhes escreve, uma amiga do autor, uma amiga desta amiga e que lhe foi apresentado neste dia, e duas amigas desta nova amiga do autor (acho que compliquei demais: eu e mais quatro adoráveis damas). Conversa sendo gasta aleatoriamente, chegamos ao assunto maravilhoso do parto de um novo ser. Como é lindo ver uma criança nascendo, não? Claro que é. Quer dizer, é lindo se você não for a própria nascida.

Saudades do Útero
Nostalgias de um tempo que certamente não voltará

Tudo quieto e calmo no útero de sua mamãe. Sem preocupações lá dentro. Não há guerras, não há calor nem frio, não há contas para pagar, ninguém te incomoda. Bom, eventualmente, alguém cutuca a barriga da sua mãe "Ôôôe, nenê! Tudo bem, nenê? É o papai aqui! Diz oi pro papai, diz?" e te tira do sossego, mas isso é até tolerável. É bom se sentir querido.
Viver em um útero, aliás, é uma tremenda bonança, puta vidão bom. Deitadão, lá, em berço esplêndido, coçando o saco (tecnicamente, você tem 50% de chance de não ter um saco e, ainda que o tenha, ele não está completamente desenvolvido). Você simplesmente não precisa viver! Fica lá, boiando na barriga da sua mãe, chutando alguma coisa e chamando a atenção quando está com tédio. E é só. Você come sem precisar mastigar. Elimina suas impurezas (isto é, defeca) sem precisar fazer força. E vive às custas da sua mãe! As coisas ficam vindo pelo cabo que liga você à mamãe, o tal do cordão umbigal. Comida, nutrientes, vitaminas, anticorpos, sangue oxigenado e tudo isso que você precisa, hoje, para sobreviver. E você recebia sem fazer o menor esforço! Uma vida de marajá. E você nem se dava conta...

Eventualmente, começa a ficar apertado. A barriga da mamãe está ficando menor, tá cada vez mais difícil caber nela. Tudo tá apertado. Incômodo, asfixiante. De repente, você está escorregando! Weee! Mas não, um momento! Você está escorregando pra fora da barriga! Nããão!

Uma luz branca e forte. Tudo é frio, muito frio. Tem um cara com uma máscara verde olhando pra você, a testa toda suada do trabalho de parto. Mas, é claro, você nunca viu o rosto de um ser humano antes, então não tem a menor idéia do que está acontecendo. Uma toalhinha te seca rapidamente, e você sente um tapão enorme na bunda. E você chora.
O médico obstreta (ou as enfermeiras trabalhando ao lado deste) tapeia suas pequenas e recém-nascidas nádegas para incitá-lo a chorar. O choro abre os brônquios dos pulmões - até agora, você não respirava, lembra? - e, mais importante, prova a todo mundo que você nasceu saudável. Na minha opinião, entretanto, o choro é uma forma clara do recém-nascido dizer que está muito insatisfeito com aquela situação toda, e que deseja, desesperadamente, retornar para o conforto do seu lar. Em palavras mais impactantes: "Seus filhos de uma p***! Me devolvam para a barriga da minha mãe, ou eu vou acabar com a vida de todos vocês!". Como eles, geralmente, não te devolvem para a barriga da sua genitora, você decide acabar com a vida deles pelos próximos, ahn... bom, até a vida deles acabar de vez. =D
Isso não vem ao caso, though. Removido de seu útero, o qual você se acostumou a chamar de "lar", você está em um lugar estranho, fedido, feio e cheio de gente bizarra, que você deseja nunca mais vê-los novamente (claro, você não sabe que as pessoas que falavam com você na barriga são aquelas coisas estranhas que você vê, então você simplesmente deve odiá-los do fundo do seu pequeno coraçãozinho; que fofo).

Claro, alguns me lembrarão, sabiamente, que mesmo neste estado de choque, a vida de um recém-nascido ainda é infinitamente melhor do que a que você leva hoje. A criança é carregada para todo lugar, come de graça, todo mundo paparica, tem que estar sempre limpinho e alimentado e distraído, senão você chora e eles se irritam.
Este último parágrafo, aliás, leva-nos a uma terrível conclusão a respeito da vida humana: quanto mais tempo você vive, pior sua situação de ser humano fica. Depois do nascimento traumatizado, você perde, uma a uma, todas as mordomias que você já teve! Ser carregado no colo, ser alimentado pela mamãe, tomar banho de banheirinha, ter seu cadarço amarrado por outra pessoa, ser levado à porta da escola, ser ajudado pela mãe para se trocar, passar o dia inteiro em casa, viver junto dos seus pais, ter uma boa noite de sono por não ter filhos, não precisar dividir seu salário com mulheres e filhos, ter o cabelo com cor natural em vez do cabelo branco... Até que você morre. Yay.

Não é de se espantar que as pessoas tendam a ter esperanças ruins para o futuro. Claro, com a chegada do capitalismo e a promessa de que você pode enriquecer se trabalhar (pfff, conversa furada), as pessoas passaram a acreditar que o futuro pode ser melhor do que o passado. Mas, ah, vamos, , quem realmente acredita que o futuro vai ser mais legal? Você foi tapeado pelo capitalismo, continuará sendo pobre e, pior, sem as mordomias de outrora. Você foi tapeado, caríssimo leitor. Passado para trás, como um cara que compra iPobre em camelô.
O que nos leva a refletir: quão legal não seria passar mais uns nove meses no útero de sua mamãe? Dormindo quando bem quisesse, sem se esforçar pra comer, pra defecar, pra se defender de doenças, sem precisar andar nem sentar nem sair do lugar nem nada... Só ficar lá, bonachão, como um ricaço que inventou uma idéia mirabolante e que está ganhando rios de dinheiro com isso. Fazendo nada... O calmo e completo silêncio, onde se pode contemplar a vastidão do universo infinito, as respostas para as perguntas insolucionáveis da Física (Afinal, arrumar a cama é realmente necessário? Por que os moradores da casa do Tom e Jerry nunca contrataram um dedetizador, afinal?).
Não é de se espantar que, quando você pensa no que faria se ganhasse, subitamente, uma grande soma financeira, você se imagine passando seus dias em um lugar quente e agradável, não fazendo nada e tendo nada para fazer. Isso é somente saudades súbitas e subconsientes do útero materno, meu amigo. Aliás, demorou, já, pra algum cientista americano anunciar que inventou uma cápsula que simula o seu conforto na barrida de mamãe. Só assim pra você retornar ao cenário mais gostoso que você pode se lembrar, porque ainda que sua mãe esteja viva, ela definitivamente não aceitará que você retorne para uma pequena temporada lá. Seria legal pra você, não? Mas pra sua mãe, hehe, não tem conversa. Já saiu, rapaz, não tem retorno não. Tá pensando o quê, que é a casa da Mãe Joana?

Assim, acho que concluo a postagem de hoje. Animação! O Inominativo retorna do cemitério!
Obrigado aos que esperaram pacientemente por este momento de redenção. Mais do mesmo, no próximo episódio. =D

Ouvindo:
The Hardest Button to Button
The White Stripes
Elephant (2003)

segunda-feira, 10 de março de 2008

O Inferno que Ninguém Conhece

Olá, olá, bom dia e boa tarde e boa noite! O Inominativo retorna, numa desesperada tentativa, quiçá vã, de voltar à ativa! Yaaay!

Menos de uma semana depois do post anterior (você não contava com isso, fale a verdade), tentaremos emplacar outro texto aqui. Antes, entretanto, duas ressalvas devem ser feitas.
A primeira delas é que eu não havia notado que cometi uma leve gafe: inventei de postar um texto esculachando uma das mais notáveis características do universo feminino quando era a véspera do tão comemorado Dia das Mulheres. Poxa, as moças comemorando o dia que reservamos para elas, e elas são obrigadas a ouvir ofensas qualificadas de um cara que se acha sabedor das coisas! Uma patifaria vil e insensata, eu diria! Mas eu também diria, em minha defesa, que eu não dou a mínima pro Dia das Mulheres (ter um dia das mulheres meio que implica que mulheres são minoria, como o Dia do Índio e o dia do Professor, sei lá; e também implica que os outros 364 dias são dos homens, e eu acho que as mulheres tendem a evitar esse raciocínio). Além do mais, era o único texto que eu tinha na cabeça pra escrever, e acho que as mulheres que conheço preferem ler um texto no Inominativo do que comemorar o dia delas (quem me dera :B). Finalmente, eu disse no post passado: ele está acima de quaisquer críticas. Portanto, pode criticar, eu não dou a mínima. ^^
Segundo: a Fu teria me recomendado que eu respondesse uma grosseria à altura. Direi à Larissa que mais amo - e olha que conheci dezenas de Larissas - que eu não costumo deixar ofensas passar de graça. Eu sou linguarudo, e quando sofri com uma moça que teve ataque de TPM, eu respondi no tempo devido. Herdei minha língua afiada de mamãe :D

Colocados os pingos nos i's, vamos ao que nos interessa. To business!!

O Inferno que Ninguém Conhece

Eu já cometi uma série de pecados na vida, e isso eu sou sensato o suficiente pra reconhecer. Quer dizer, partindo da hipótese que o Cristianismo (ou qualquer outra religião monoteísta com tendências dominadoras) está correto, a idéia é que você seja ponderado, comedido, amigo das crianças e animais, entre outras firulices correspondentes com uma vida justa para com os outros, com você mesmo e com o Criador, que está em algum lugar observando o Big Brother que ele criou. Mas eu nunca fui bom em seguir as leis dessas religiões: oras, quem me conhece sabe que eu sou cínico, debochado, despreocupado com o problema alheio, avesso a ajudar os outros e preguiçoso em geral. Além do mais, vivo uma vida de pequenos e médios pecados - como roubar no truco, mentir pras pessoas (principalmente pros meus professores, quando eles perguntam se eu entendi a matéria) e rir da desgraça alheia. Rir da desgraça alheia, muitos se lembraram, é uma das coisas que tenho particular satisfação. Hehe.
Portanto, é de se concluir, ainda respeitando a hipótese de que o Cristianismo acertou, que quando eu virar adubo pra plantinhas no cemitério, eu deva ir pra algum lugar parecido com o que, hoje em dia, chamamos de Inferno. Afinal, existe um lugar reservado pra quem não respeitou sabidamente os conselhos de Deus, o Todo-Poderoso, o Mano que Manda. Todas as almas desobedientes ficarão lá, a cargo do Satanás, o Anjo Desobediente, que cuidará de torturá-las ad eternum. Até que o tempo não seja mais tempo, ou até que Chuck Norris chore. Será trágico.

Tendo a vida de prazeres desmedidos que sempre tive, passei a considerar seriamente a hipótese de que é essa a vida dura que me espera, quando eu for ceifado desta vida. À medida que cometia pecados atrás de pecados, sem qualquer pudor e consideração - e, pior ainda, sem me arrepender deles, porque eu adoro o malfeito - lembrava-me do trágico destino que espreitava a minha partida para o Mundo Inferior. Por alguns dias, talvez semanas, fiquei receoso da minha vida contente. Eu quase me arrependi! Quase que eu fiz como os humanos que viviam nos lúgubres tempos medievais, que tanto critico. Foi um tempo de provações.
Acontece que um dia eu parei pra pensar. E eu pensei, de fato. E me veio a luz: às vezes, ir pro Inferno não é tão ruim! Oras, vai ver, or pro Inferno possa ser, até, uma grande idéia! E eu tenho uma linha de raciocínio muito esclarecida que ajudará a mostrar meu ponto de vista. E depois que eu passei a ver o mundo por esse prisma, nunca mais receei a vida post-mortem. Eu posso ser o mesmo cínico de sempre. Ah, um alívio para a minha existência...

Bom, suponha que, de fato, eu seja punido por minha vida de felicidades e prazeres que tive na Terra. Um grande Juiz me condene a passar o resto da Eternidade nos calabouços masmorrentos do Inferno, sob a tutela de Satanás, o Mau. Isso implica em um acerto da Igreja Católica (e de outras religiões monoteístas com tendências dominadoras). Se eles acertaram em um ponto, é muito provável que tenham acertado em diversos pontos. E é muito provável que tenham acertado, por exemplo, no estilo de vida que seja considerado o correto pra se viver na Terra. Quer dizer, o certo é ser bonzinho, é evitar o pecado, viver das coisas boas, amar ao próximo, respeitar os outros, essa ladainha toda. Analogamente, o errado seria a gula, a preguiça, o orgulho e esses outros pecados que volta e meia cometemos.
Também significa que coisas como a Coca-Cola (ou a cerveja, pra um consumidor de bens alcólicos), a televisão, o vídeo-game, o truco, a mini-saia, o futebol e outras dessas coisas que potencializam e catalisam o pecado são coisas erradas. Clamam, alguns dos católicos (e seguidores de outras igrejas monoteístas com tendências dominadoras) que essas coisas vis sejam nada mais do que invenções do Satanás, himself, pra tentar a raça humana a cometer os pecados. Isso implica que se, de fato, morrer e for pro Inferno, encontrarei ninguém menos do que o inventor de todas essas coisas!! O cara que passou a Eternidade (ou um breve momento dela) usando sua cachola pra ajudar a nossa pobre raça humana a viver mais feliz, enquanto éramos provados por uma vida difícil. E, então, viverei a eternidade junto desse cara, que tanto fez pela pobre e perdida raça humana.
Podemos, até, imaginar que se o Sulfuroso inventa todas essas coisas, é porque ele gosta disso. E se ele gosta disso, é de se imaginar que o reino dele seja repleto dessas coisas que potencializam e catalisam os pecados. Assim, concluímos que Satanás pretenderá que continuemos cometendo pecados no Inferno - afinal, é disso que ele vive - e que, conseqüentemente, ele continuará provendo estes bens que ele tão sabiamente criou.

Enfim, o ponto em que desejo chegar é: quando morrer, eu vou me encontrar com o criador do PlayStation, e passarei a eternidade jogando Play2! Ou Play3, ou Play4, ou sabe-se lá qual PlayStation teremos quando eu resolver abotoar o paletó de madeira. Mas teremos Play2!
O raciocínio acima pode ser aplicado para a completa variedade de artefatos e costumes criados para tentar a humanidade a produzir o pecado. Se assim pensarmos, passamos a ver a morada última dos pecadores como um lugar não tão ruim assim. Quer dizer, teremos lá refrigerante e bebidas alcólicas e música alta e internet e mulheres (ou homens, dependendo da sua opção sexual; Satanás é democrático) e dinheiro (afinal, Capitalismo também é coisa do Capeta) e essas coisas todas!
Agora pense comigo, amigo leitor, amiga leitora: qual é o lugar do mundo conhecido que temos luzes, bebidas, dinheiro, promiscuidade... e ninguém se preocupa o mínimo com isso? Las Vegas! Se somarmos um mais um, temos que: quando morrermos, iremos para Las Vegas! Viveremos em um grande e confortável hotel, acima de um enorme cassino, onde a promiscuidade (em todos os sentidos) será desmedida, e encorajada. E, o melhor de tudo, ninguém precisaria se preocupar com a situação financeira ou biológica (i.é., fígado e rins) quando terminássemos um dia de devassidão em Las Vegas Infernais. Já teríamos morrido!!

Concluímos, então, que iremos pra um lugar onde o pecado corre solto, onde poderemos ser tão felizes quanto jamais fomos em toda a nossa vida (ainda que consideremos o fato da levarmos uma vida feliz, por ora, porque somos bon-vivants), e nunca teremos que nos preocupar com o dia seguinte. Se você pensar bem, parece uma ótima maneira de se encarar a pós-vida, além de ser uma ótima desculpa pra continuar cometendo estes pecados de sempre na boa e velha Terra.
Agora que eu lhe trouxe a luz, rapazes e moças, lembrem-se de não sair espalhando por aí. Quer dizer, meu blog é peixe pequeno, então eu não vejo problema em postar isso aqui. Mas se vocês saírem convencendo todo mundo disso, todo o mundo acabará indo pro Inferno, no futuro. Las Vegas nenhuma será suficiente pra tanta gente assim. E imagine o trânsito que ficaria lá, então? Seria um Inferno.

Ouvindo:
Morning Glory
Oasis
(What's the Story) Morning Glory? (1996)

sexta-feira, 7 de março de 2008

A TPM Sob o Olhar Masculino

O Inominativo não morreu, gente!!

Ele entrou em um coma sério depois de ser obrigado a ouvir o cd novo do NXZero, na íntegra, graças a uma festinha que estava rolando em um dos apartamentos vizinhos. Passou alguns dias desacordado, mas está de volta! Felicidade! Animação! Hooray!
Vejam vocês como esse mundo é injusto para conosco: eu estava de férias, e não tinha nenhuma idéia pra postar no blog (o que fez do mês de Fevereiro o mais pobre em postagens, com só uma entrada). Aí eu voltei das férias, então meu tempo de internet diminuiu. E quando eu finalmente tive um tempinho pra sentar em casa, relaxar e tentar escrever algo, mamãe resolve reformar a casa! Yaay! Agora meu computador está escondido no meu quarto, sem conexão à internet, sem vida útil. Poverello.

Reformar casas, aliás, é uma tremenda encheção de saco. Existe um comportamento muito interessante entre os humanos, e que eu notei pela segunda vez, na minha própria casa: se você planeja uma reformazinha em um cantinho da casa, algo que seja rápido e indolor, você está totalmente enganado. As chances de você aproveitar o embalo e reformar a casa toda é enorme. Veja, por exemplo, meu domicílio. A intenção era trocar os azulejos da cozinha. Depois de tudo quebrado, minha mãe decidiu que ia trocar a pia da cozinha e, mais, iria trocar o lugar dos eletrodomésticos. Então, trocaram as tomadas de lugar e tiveram que aumentar a saída do caninho de gás, pro fogão que ia ficar no outro lado da cozinha. Aí, aproveitaram a sujeira e mandaram trocar o piso da sala, que estava todo destruído. Aí arrancaram o piso. Aí, aproveitaram pra passar uma nova demão de tinta nas paredes da casa (toda a casa). Aí, já que está tudo sujo mesmo, compraram uma porta nova pro banheiro, porque a antiga estava estragada pela umidez. E compraram uma pro meu quarto, já que ela estava quebrada (lembram do dia de cão que eu tive outro dia?). E tudo porque minha mãe cismou com a parede da cozinha. Reforma é um perigo, cara.

Bom, chega de pataquadas. Vamos ao recheio do sanduíche, peepz.
Falava eu, ainda ontem, com a Talita, amiga minha de longa data, gente boa e, na maior parte das vezes, uma maluca inofensiva. Discutíamos acerca da TPM, a tensão pré-menstrual que as mulheres em época de menstruação (duh) sofrem, aproximadamente todo mês. Perguntou-me a Talita qual era a franca opinião masculina sobre a TPM. Quer dizer, fora as piadinhas que os homens fazem sobre a TPM, o que um homem acha sobre a TPM? Os homens sabem que a TPM não é só uma frescura mensal?
Como isso parece pertinente à vasta gama de mulheres que acessam freqüentemente este buraco (quando ele está devidamente atualizado, óbvio), dividirei com vocês a minha abalizada opinião sobre o assunto. Uma opinião séria, imparcial e acima de quaisquer críticas. Ouviram? Acima de quaisquer críticas! Então não me critiquem, eu não vou dar a mínima. Como sempre.

A TPM SOB O OLHAR MASCULINO
Verdade? Ou Desafio?

Acho que todo mundo que lê este texto entende um mínimo de Biologia pra saber sobre a TPM. É um fenômeno hormonal que ocorre com as mulheres quando elas estão nas vésperas do sangramento mensal - as mulheres meio que sangram todo mês, caso você não tenha sido avisado. Esse fenômeno altera drasticamente o funcionamento feminino, deixando a personalidade delas temporariamente desregulada. Parece terrível, né? Pois é, é sim.
O tchãns sobre a TPM é que é uma disfunção que altera a personalidade da pessoa não só pra ela. Mas pra todo mundo. É mais do que natural você ver uma mulher subitamente irritadiça e revoltada, quando até ontem ela parecia saudável e disposta a ser simpática. Não, ela não foi abduzida e trocada por um clone alienígena. Mas, convenhamos, os homens às vezes até preferem o clone.

A TPM pode ser considerada, para fins de discussão, um agravante poderoso na relação já difícil entre seres humanos e, em especial, homens e mulheres. Quando uma mulher resolve ficar de TPM (como se ela tivesse opção), as relações sociais com ela, pelos próximos dias, ficará seriamente debilitada, porque ela ficará realmente emotiva (e nunca é uma emoção boa, como compaixão e alegria), e qualquer aproximação lógica é nula. Um triste empecilho para a Paz Mundial, essa é a função da TPM.
Se a TPM já é ruim pra sociedade, quiçá pra mulher que a sofre! Dentro de um turbilhão de emoções que ela mal pode compreender (e depois de alguns anos sofrendo com ela, nem tenta fazê-lo), e debilitada de funções racionais mais analíticas (justiça e coerência, por exemplo), ela fica realmente abalada por dentro. Ela sofre terrivelmente em sua psique. Isso quando não rolam umas cólicas, dores de cabeça e outros problemas típicos. Ser mulher é um negócio injusto, cabra.

Mas você quer injustiça mesmo, caro leitor? Decida ver como é a explosão de uma tensão pré-menstrual estando do lado masculino. Eu realmente não recomendo. :B
Imagine que você é um rapaz, e tem amigas moças mulheres do sexo feminino (redundância who?). Na maior parte dos dias, você mantém uma relação estável de amizade com elas, jogando Twister todo sábado e indo, esporadicamente, a uma ou outra baladinha pra se divertirem em comunhão. Viva a sociedade alternativa.
Quando estamos chegando no fim do período menstrual de qualquer uma das mulheres (e veja bem, somente uma delas), os hormônios agem implacavelmente, transformando a outrora meiga e adorável amiga sua em uma implacável máquina de respostas secas e grosseiras, com freqüência de tiros superior a uma sub-metralhadora israelense. Você, homem, não tem a menor idéia do que é sofrer a TPM - todos os homens são psicologicamente constantes, nos trinta dias do mês - e ignora o fato de ela estar em ponto de ebulição. Ah, meu rapaz, agora é a hora da coça: qualquer piadinha inofensiva se torna em estopim para a declaração de uma violenta guerra entre você, pobre vítima, e a mulher. Naturalmente, as outras mulheres (e os mulherengos de plantão) defenderão a pobre moça, que está visivelmente prejudicada pela sua presença grotesca e virulenta. E você, preibói, perdeu. E isso não é o pior - semana que vem, a TPM da vez é a da sua mãe :D

É, rapazes, a TPM é um problema. Você foi ownado, injustamente, porque naquele dia sua amiga decidiu se revoltar, e não avisou você sobre isso. E é aqui que começo minha crítica à TPM (claro, sou homem, não posso defendê-la; é uma questão de princípios): por que, diabos, o homem tem que sofrer com as complicações hormonais da mulher? A gente entende e compreende o fato de homens e mulheres serem diferentes, e é por isso que mulheres têm TPM e os homens não (aliás, é justamente nessa diferença homens/mulheres que reside toda a graça da vida, se você me entende). Mas a gente não entende o porquê deste erro genético feminino ser descontado em nós, pobres vítimas! Quer dizer, homens têm uma disfunção hormonal que pode causar câncer de próstata, futuramente. Mas esse é um problema exclusivo do homem (e do médico que vai cutucar o homem :B), a gente não tortura a mulher. Disfunções hormonais fazem o homem amar o futebol, mas a gente não enche o saco da mulher por causa disso. Ou melhor, enchemos, mas ela devolve com programas femininos e outros trecos análogos. Mas qual é o motivo que faz a mulher descontar a TPM em um homem?

Por causa da disfunção hormonal, a mulher fica visivelmente alterada. Muitas ficam chorosas e muito muito sensíveis, mas a maior parte decide odiar violentamente a massa masculina nesse mundo, porque eles simplesmente não entendem o que está acontecendo. E lá vão os filhos, maridos, amigos, colegas de trabalho e quaisquer outras classes de homens sofrer com a fúria cega TPMista. Existem, inclusive, aquelas que recebem um impressionante senso de vingança, e descontam sobre o homem todo o ódio e desprezo que ela conseguiu acumular nos últimos vinte e cinco dias, e usa tudo isso pra ofendê-lo moralmente tão pesadamente que é capaz dele ir pra casa e chorar como uma mocinha. Uma que não tem TPM, claro, mas ainda assim.
Como a única faceta que o homem vê da TPM é a mulher irritada e descontando sua fúria nos outros, e já que as mulheres vivem descontando fúrias nos outros, quando necessário, o homem tende a acreditar que a TPM é, na verdade, uma grande e difundida desculpa pra mulher ser grosseira sem motivo aparente. Sim, claro, porque muitas vezes você simplesmente quer ser grosseiro, mas não se pode ser grosseiro sem um motivo. Inventaram a TPM pra que as mulheres pudessem ser, então, sem prestar satisfações. Basta ficarem chorosas e se ofender com a primeira coisa que o homem fala ("Você falou que essa saia está feia em mim? Você me chamou de GORDA???").
Ainda que um homem compreenda que a TPM tem embasamento biológico e estatístico estudado há gerações pelos mais confiáveis cientistas e teóricos, não dá pra não desconfiar que as mulheres usem, sabiamente, esta crise hormonal para descontar, de fato, as angústias internas (sejam elas quais forem) de graça no mais próximo. E o melhor (pra mulher, óbvio): daqui a três dias, quando a TPM passar e a mulher voltar ao normal, ela vai se arrepender das cagadas que cometeu, e vai pedir desculpa, que não era a intenção. Logo, a TPM é um passe livre pra que você possa ser revoltada à vontade, com direito a perdão judicial! Conveniente?

Aqui mora a minha opinião: a TPM é, sim, uma disfunção hormonal, ela não é uma frescura, verdade, eu sei, e todo mundo sabe. Mas, na minha opinião, as mulheres usam a TPM como desculpa pra serem irritadas e desagradáveis. Daqui a três dias, elas pedem desculpa, e está tudo certo!
Mas por que a mulher tem que descontar sua fúria nos outros? É o que não entendo! Eu sempre achei errado a história do cara que tem uma vida difícil no trabalho, bebe todas e, quando chega em casa, desconta tudo na esposa e filhos. Esse cara, aliás, quando for pego será punido pelos seus crimes, independente da vida difícil que tinha. Então eu também sou contra a moça que fica infeliz em um dia, e resolve descontar tudo no marido e filhos. Ah, sim, claro, é horrível, é uma merda, é impossível controlar a TPM. Mas, ah meu, avisa pros outros que você está de TPM e não está a fim de gracinha. Que você está nervosa e perigosa. Ou, sei lá, tente compreender que quando você tem uma TPM, a culpa não é de ninguém (especialmente do homem que você estará esculachando), e portanto ninguém deve sofrer com isso. É porque eu já sofri com a TPM alheia, e sei o que falo: tenham piedade dos homens. Ou senão parem de pedir direitos iguais entre homens e mulheres. É muito injusto dar direitos iguais pras mulheres e elas ainda terem a oportunidade de se irritarem de graça.
Puta mundo injusto, meu.

Ouvindo:
Move Your Feet
Junior Senior
D-D-Don't Don't Stop the Beat (2003)

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Guilda dos Camelôs das Américas

Aloha, cidadãos! Depois de um tempo de pequenas férias, o Inominativo está pronto pra ferver! É hora de recolocar o disco na vitrola, de repor os doces na bomboniére, de reerguer o castelo de cartas, de... Ah, vocês entenderam. =D

Sabe, eu tenho tido problemas pra atualizar meu blog recentemente, porque eu nunca sei o que eu posso escrever. Eu tenho alguma idéia, daí eu chego no meio do post e descubro que não estou indo bem. O post não está dando liga, não vai ficar tão legal quanto eu imaginava, sei lá. E eu acho que pra um texto ficar bom, é importante que o autor do texto goste. Senão não dá, né? Então eu fico nessa crise, essa putice aê, e o blog fica às portas da falência. Isso é triste, né? Pois é. Então.

Esforçar-me-ei, entretanto, pra ver o que consigo fazer pra postar aqui pelo menos uma vez por semana, como antes fazia. Tudo isso é porque eu gosto de vocês. Mesmo mesmo. ^^

GUILDA DOS CAMELÔS DAS AMÉRICAS
Satisfação Garantida! Ou seu dinheiro jogado fora!

Ah, a globalização. Nada como viver em Luanda, a capital de Angola, e entrar na internet e mandar comprar um iPod original direto dos Estados Unidos, cuja fabricação foi taiwanesa e que entrou em Los Angeles por um cargueiro japonês depois de comprá-lo em Manila, nas Filipinas! Você pode comprar o que quiser, de onde quiser, quando quiser e como quiser! Não é fantástico? Não parece a solução pra fome e outras mazelas que há milênios afligem e corroem a civilização? Mas parece que o sonho de Adam Smith e outros liberais encontrou alguns obstáculos. Infelizmente, os governos malditos e vis decidem taxar, retaxar e recontrataxar todos os produtos que andam sobre seus solos e embarcam em seus portos e desembarcam em seus portos, e taxam e retaxam e recontrataxam. E as empresas, outras instituições perniciosas e carnívoras, decidem colocar seus logos sobre produtos malfeitos e cobram quase cinco vezes mais caros. Deturpadores do livre capitalismo! Bárbaros mongóis destruidores!
Felizmente, a sociedade em geral não dá a mínima pra teorias econômicas estapafúrdias e absurdas - e, tenho que registrar, isso me preocupa porque eu sou um economista - e as pessoas conseguem se ajustar decentemente seja qual for a crise. Se existe a taxação de imposto, nasce a sonegação! Se impedem o livre movimento de bens, nasce o contrabando! É o anti-capitalismo a favor do capitalismo! Ainda escreverei uma tese sobre isso.

Pense, agora, com os seus respectivos botões, camarada: se as empresas fabricam produtos mequetrefes e cobram caro só porque eles colocaram o nome da empresa no produto, porque não comprar um produto semelhante, só que sem o nome da empresa? Muitas pessoas tiveram essa impressionante idéia. Juntaram-se em comunhão, e fundaram fábricas. Fabricaram, então, bolsas que era muito parecido com uma Gucci legítima. Ou uma camisa que é igualzinha a do Santos, ou um tênis que você jura que já viu uma Nike daquele mesmo modelo... Mas o preço é estupidamente menor! Tudo isso porque a idônea companhia que fez a bolsa decidiu não colocar um nome famoso no produto. E você pode pagar menos!
E então, você vai até a barraca de protudos não-licenciados mais próxima (não-licenciado significa "não pagamos impostos" e, por isso, é ainda mais barato!) e pode comprar bens de consumo com o seu suado salário de escravo - ou sua mesada, depende do seu grau de inutilidade social - e usar seu produto! Melhor ainda, pode usar sem medo de ser roubado por causa da ganância dos outros em ter seus produtos tão queridos. O ladrão pode comprar um pra ele também...

Então, o contrabando de bens cresce. Fábricas clandestinas abrem a torto e a direito na China e em Taiwan, e desembarcam desesperadamente nos países menos abastados, como a nobre nação verde-amarela tupiniquim. E aqui, os produtos fazem imediato sucesso. Tanto que não tardou a nascer vários microempreendimentos em esquinas e em ruas autorizadas, de norte a sul. Barraquinhas que vendiam tudo o que seu dinheiro não compraria em shoppings e em lojas autorizadas. Só que tinha ainda mais coisas! Um mundo inteiro de curiosidades consumistas esperavam aqueles que eram bravos o bastante para desbravar a virgem mata do produto alternativo! Um viva aos bandeirantes da Vinte e Cinco de Março!

O clima de amizade e gastança desapareceu, entretanto, quase tão rápido quanto veio. A facilidade de se fazer dinheiro criou milhares de barracas, que competiam dia após dia alguns metros quadrados de calçada pra vender suas coisas. As pessoas se estapeavam, disputavam lugares, acordavam cada vez mais cedo pra guardar seu ponto de venda. Até que a situação ficou insuportável, e as brigas começaram a estourar pra valer. Socos, pedradas, tiroteiros para ver quem ia manter o maior número de clientes (que, a este momento, fugiam desesperados da confusão). Até que os camelôs decidiram, finalmente, se acordar, e criar maneiras (nada) legais para se organizarem e melhor atender o público brasileiro. Nasceu, assim, a Guilda Brasileira de Camelôs Licenciados!

Nascido em alguma metrópole brasileira no início da grandiosa década de 1990 (São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador disputam o cargo de cidade-mãe da Guilda), a associação de foras-da-lei logo ganhou projeção regional, englobando diversos negócios em diversas frentes em diversos preços, com diversos vendedores qualificados. Radinhos de pilha, camisetas, CDs e DVDs, jogos, bolsas, tocadores de MP3... Com uma ampla variedade, a Guilda se associava e garantia o lucro da classe comerciante mesmo quando uma das vertentes estava má em lucros. E cada vez mais cidades eram abraçadas pela GBC, e cada vez mais produtos eram vendidos: guarda-chuvas, esteira de praia, binóculos, óculos de sol etc. Era um verdadeiro sucesso.
Posteriormente, veio o reconhecimento internacional e o acordo com outros países. Primeiro veio as Guianas, que importavam bens da Guilda. Depois, a Colômbia e a Bolívia. E quando a Guilda Brasileira pareceu que não ia dar conta do tamanho crescimento, se aliou e se fundiu com a Unión Paraguaya de Productos Legítimos. Agora, sim, nascia a Guilda de Camelôs das Américas! Com sede mundial em Asunción, sede nacional em São Paulo e investimento chinês (um grande investidor chinês comprou, recentemente, mais de 35% das ações corporativas da Guilda, e doou o prédio pra sede brasileira da firma), a Guilda dos Camelôs das Américas teve seu acervo rejuvenescido - todos já notaram os iPobres que vendem por aí, originais made in Taiwan, que fazem quase a mesma coisa que o original estadunidense; só falta funcionar! - seus negócios otimizados e sua abrangência expandida. Agora, com ação em mais de dezesseis países na América do Sul e Central, e com negociações para agir no México, no sul dos Estados Unidos e com a primeira loja em Angola, a Guilda está se tornando um dos maiores empreendimentos comerciais do mundo! E a menos de dez reais!

Então, criança, lembre-se: antes de ir às lojas, pagar caro por algo que você sabe que não vai usar direito, que não vai durar, que é só caro e não tem nada de útil, então passe antes em uma loja licenciada da Guilda dos Camelôs das Américas. Converse com nossos agentes autorizados e conclua: mais vale pagar mais barato por algo ruim do que pagar mais caro por algo nem tão bom assim.

Guilda dos Camelôs das Américas: porque original é pra frutinhas.

Ouvindo:
Direct Hit
Art Brut
It's a Bit Complicated (2007)

domingo, 27 de janeiro de 2008

O Complô Feminino pela Dominação Mundial

Olá de novo, gente! Bom estar de volta aqui!

É, eu sei, estou mais do que atrasado. Deve ter sido um recorde, este. Eu estou envergonhado, e peço desculpas. Mas não vou me demorar em inventar uma desculpa razoável, porque eu estou ficando cada vez pior em criar boas desculpas. Quando eu era criança, eu era sublime. Envelheci, though. Isso acontece.

Sem boiolices, vamos mais uma vez deixar a salada de lado e atacar o prato principal. Tá na mesa, pessoal!

O Complô Feminino pela Dominação Mundial

Quando a sociedade começou a se civilizar de vez, pouco depois da famosa Revolução Industrial, o mundo deu uma enveadada lascada. Quer dizer, até antes das máquinas resolverem trabalhar pelos humanos, a nossa raça sapiens sapiens vivia muito masculinamente. Os camponeses aravam terras, cuidavam de bois e porcos e galinhas, e eles ainda tinham que aprender a manejar uma arma, porque ninguém nunca sabia quando seu país seria invadido naquela época. A Europa era um continente em constante TPM, sabe?
Acontece que sempre tem um viadinho que estraga o mundo da masculinidade. Dessa vez, esse reino da testosterona e da exibição muscular foi traído por ninguém menos do que a Inglaterra, um dos países com maior concentração de homossexuais por metro quadrado (sad, but true). Os ingleses achavam que esse machismo era algo completamente irracional e animal, e eles decidiram, então, feminilizar o país deles. Inventaram as máquinas que desfiavam o algodão sozinhas, e que moíam o trigo sozinhas, e que carregavam enormes carros de trens totalmente sozinhas. E enquanto a máquina trabalhava sozinha, os nossos amigos lordes, já completamente enveadados, podiam jogar críquete, caçar raposas e discutir sobre sua mais nova luva de pelica, comprada na famosa loja de tecidos Smith & Smithsons, em Soho. Uma completa homossexualidade reprimida. É de dar pena. =/

Este post não é, entretanto, pra ofender a homossexualidade britânica. Primeiro, porque isso dá cadeia e eu não pretendo viver meus anos atrás das grades. Segundo, porque eu não tenho nada contra homos. Acho que eles são muito legais, porque um homossexual é um cara que nunca vai dar em cima da sua namorada - um amigão.
Este post falava da civilização depois da Era Industrial. Os sapiens sapiens agora são seres urbanos, que vivem em casas de alvenaria e dirigem automóveis. E, ah, eles não precisam colher nada da terra pra comer: os humanos ensinaram as máquinas a plantar, e eles compram as coisas do supermercado prontas, já feitas. A parte masculina do trabalho já estava feita. Só faltava a parte feminina, que era cozinhar e servir. É aqui que o bagulho acontece, guris. Notem os senhores, por favor, a relação que se forma nas entrelinhas da sociedade - pouco a pouco, tooooda a divisão de trabalhos estabelecida entre homens e mulheres por séculos e séculos e séculos (isto é, o homem caça e mata, a mulher prepara) estava se desequilibrando! De repente, a parte do homem masculino não era mais feita por ele mas, sim, por uma máquina! O homem não era mais necessário pra essa sociedade industrial!
Já que os homens não faziam mais a parte que lhes cabia, eles se dedicaram então em gerenciar as máquinas que faziam o que lhes cabiam. Eles iam pras fábricas e pras empresas continuar a ganhar o salário deles, como se eles fossem pra lavoura, com a notável diferença que eles não eram masculinos o suficiente em um escritório comercial em algum lugar no centro de Londres. No máximo, eles podiam ofender a mãe do outro em uma discussão de trânsito, e só. Muito deprimente, em minha opinião. E a masculinidade começa, lentamente, a se atrofiar.
A mulher, enquanto isso, continua sendo mulher. Sendo valorizada como o pilar doméstico da casa, que dá liga, que maneja as coisas, que compra a comida e que prepara ela toda noite. Em nenhum dia na história da humanidade uma mulher precisou deixar de ser mulher - claro, desconsidere as cantoras de MPB dos anos 80 - e elas puderam produzir seus hormônios lentamente, através dos século. E digo-lhes mais! A partir da Revolução Industrial, as mulheres passaram a ter direitos iguais, conseguiram eleger e serem eleitas, conseguiram reconhecimento em pesquisas científicas, conseguiram ser imperadoras e rainhas. Aliás, a mais notável imperadora da história deste glóbulo azul-aguado em que vivemos é a Rainha Vitória, líder da própria Inglaterra. Coincidência, não?

O que estou tentando fazer com que os senhores vejam, senhores, é que existe algo muito esquisito por trás dos panos, não acham? Não lhes parecem muito proveitoso que os homens sejam destituídos de todas as suas funções primordiais, enquanto as mulheres continuem sendo quem sempre foram? Não lhe é razoável imaginar que há algo de mal-cheiroso nisso?
Pois eu lhes digo! Há um complô!! Sim, senhores! Tudo isto é um grande e muito bem-arquitetado complô, uma conspiração das cabeludas, que faria os roteiristas de Hollywood morrerem de inveja, que faria os pêlos do mustache de Josif Stalin ficarem em pé, que deixaria a Ditadura Militar embasbacada. Um completo e minucioso complô, armado e arquitetado pelas mulheres, há quase quatrocentos anos, e que vem, ano a ano, dado cada vez mais certo! Qual é o plano, você me pergunta? Mas é clarividente: desmoralizar o homem a tal ponto que ele reconheça, envergonhado, que a mulher é, afinal, o ser superior do planeta.

E como eu percebi? De repente, atentei para um fato bastante peculiar, mas que dividirei com os senhores: já devem ter notado, os que são atentos, que as mulheres têm ligeiros problemas em pequenos afazeres em suas casas, afazeres estes que ainda precisam de homens. Um dos mais notáveis é o ritual de abrir alguma embalagem. Algo como o pote de palmito, que é só dar uma rosqueada que a tampa sai, ou o molho de tomate e o lacre de borrachinha. Até muito recentemente, era muito natural ver as mulheres tentarem e não conseguir, e estas pediam aos seus maridos.
Apesar de ser um fato corriqueiro, cotidiano, os homens se sentiam muito satisfeitos em serem úteis. O sorriso bobo estampado na cara, seguido de diversas piadas machistas, denotavam o fato, deixava claro que eles estavam se sentindo na crista da onda. Hipócritas. No início, essas intrépidas conspiradoras acharam que não era nada demais, mas depois de algumas décadas começou a ficar irritante. Muito irritante. Elas decidiram dar o troco com uma conspiração ainda mais sofisticada. Acompanhe.

Lembremos que o intuito das feministas é humilhar o homem inescrupulosamente, até que ele reconhece que sua existência no Planeta Terra é um erro da natureza, e ele passe o cetro do planeta para a mulher. Sabendo disso, e sabendo que as mulheres levaram 400 anos pra chegar onde estão e, portanto, não vão desistir tão fácil, fica bastante simples deduzir o que vem depois: elas decidem comprar as fábricas de embalagens! Claro! Com a posse da fábrica da maior vilã dos planos feministas, elas podem inventar mecanismos ainda mais diabólicos para se abrir as vasilhas, mecanismos que o homem, naturalmente, não consegue driblar. Elas inventam embalagens que usam o modelo "não é força, é jeito", porque homens só têm força, nunca têm jeito (sacaram o trocadilho?), pra poder humilhar, pisotear, destroçar o homem. E, finalmente, inventaram o abre-fácil, que o autor deste blog (um ser humano masculino, pra quem ainda não sabe) já teve o desprazer de enfrentar. há! Triunfo!

A partir de agora, a masculinidade dará conta sozinha. Um homem tentará abrir um pote, e não conseguirá, e os outros dirão que ele é um veadinho, um frouxo, um mela-cuecas infeliz. E os outros também tentarão. E falharão. E ficarão envergonhados e diminuídos ante o todo-poderoso poder feminino! Porque a mulher continua fazendo o que sabe fazer. E os frouxos homens não conseguem mais. Agora é só uma questão de décadas até o plano feminista lograr seu último resultado. E então, os homens ficarão em casa, imprestáveis, enquanto as mulheres comandam o mundo e dirigem a sociedade. Os homens não farão nada de útil. E as mulheres serão a raça mais importante. É, verdade, as mulheres armaram um plano e tanto. E por todo esse tempo, fizeram os homens acreditar que mandavam em tudo. Hehe, nunca desconfiaram de nada... Eles realmente acharam que comandaram a Revolução Industrial...

E então, os homens ficarão o resto de suas vidas assistindo futebol na TV, jogando vídeo-game e baixando seriado na internet, enquanto as esposas trabalham, cuidam da casa, das crianças, das contas, dos problemas. Os homens sugarão o PIB que as mulheres produzirão. Os homens não trabalharão mais, aqueles imprestáveis, porque as mulheres farão tudo.

Epa? Quem, afinal, levou vantagem nessa história?

"É, Kingston. Parece que as mulheres conseguiram. O plano que elas montaram há 400 anos deu certo. Somos imprestáveis, somos indesejáveis. Elas merecem o mérito."
"Do que está falando, O'Kelley? Plano delas? Claro que quem montou esse plano foi o homem! A gente queria ficar em casa dormindo enquanto a mulher trabalha, mas elas não podiam achar que foi idéia nossa. Senão não daria certo, entende? Agora, me passa a cerveja, o jogo do Arsenal vai recomeçar".

Ouvindo:
There Goes the Fear
Doves
The Last Broadcast (2002)

domingo, 13 de janeiro de 2008

Lidando com Computadores

Gente boa! Como vão os senhores? As senhoritas? Aqueles que são indecisos? Se você for um indeciso emo, desejo que esteja sofrendo muito. Caso contrário, espero que esteja indo bem, como sempre. ^^

O Rafael que vos fala escreve este post preocupado. Os seres humanos, mais do que nunca (ô lôco, meu!) estão estressados e irritados e, no geral, bastante frustrados com peças fundamentais de seu cotidiano moderno do século XXI. E a culpa disso, na maior parte, envolve um computador. Acontece que, como sabemos, não é correto culpar o pobre computador por tudo de errado. Precisamos rever nossos conceitos! Mas como fazer?
Opa! Se estamos falando sobre 'vida moderna', 'raça humana' e 'como fazer', então...

MANUAL MODERNO DO MANO METROPOLITANO
Lidando com Computadores

Há anos atrás, as pessoas viviam sem computadores. Não usavam o MSN pra falar com os parentes distantes, não orkutavam, não tinham fotologs para expor suas bonitas imagens e nem podiam falar bobagens aleatórias na internet. Eram tempos obscuros.
Agora, todos irão concordar que naquela época, a felicidade geral da população era consideravelmente maior. Oras, é só a gente ouvir uma nostálgica conversa do tipo "Na minha época...", para termos certeza, as pessoas eram mais felizes antes, quando os preços eram menores, os políticos honestos e esse blá-blá-blá todo. Mesmo sem as máquinas computadoras e fazedoras de tudo, o mundo era mais contente naquela época!

Entretanto, se a gente pensar bem, é fácil a gente deduzir o porquê. Oras, ninguém se estressava com o computador nos tempos remotos! Não havia o Windows há dois séculos, ou há cinqüenta anos, right? O computador não fazia birra, não dava pau, você não tinha que entrar em uma guerra para acessar a internet, não havia vírus comedores de tudo, não havia formatação do Cê dois pontos! Vejam que interessante paradoxo! Desde que colocamos um computador em nossa sala (ou quarto, ou cozinha, ou banheiro, ou onde mais você goste de colocar seus muitos PCs), descobrimos que computadores estressam a humanidade. Conforme um graduado engenheiro uma vez disse, os computadores nasceram para resolver problemas que antes não existiam. Temos que perder nossa esportividade e nossa razão para lidar com eles, porque máquinas, ao que parece, foram feitos para atrasar a vida humana! Pra atazaná-la! Pra irritá-la! E, o pior, os computadores têm conseguido êxito, até agora.

Mas não é saudável ficar emperreado com o computador não, meu rapaz. Este pequeno guia foi compilado para ajudar a ti, homem ou mulher de paciência escassa, a lidar melhor com estas infelizes armações de silício e plástico. No Stress!

Antes do começo, antes de ligar o computador, antes de sentar na frente dele, comece mudando seu ponto de vista a respeito do PC (ou Mac. Tudo depende do seu poder aquisitivo e de sua preferência de marca; oh, estou divagando de novo). Se você sentar na frente do seu monitor já estressado, pensando que vai ter mais uma sessão de raiva e ódio, você normalmente acerta. É um mistério o porquê, mas parece que computadores sugam a má energia de uma sala, e usam como combustível. Algum engenheiro que era médium e queria pregar peças nos outros, talvez?
Então, bom homem e boa moça, lembre-se, sempre e sempre: trate as máquinas como suas empregadas. A função delas é ajudar vocês, por mais não pareça. Elas não são inimigas, não são espiãs do governo americano, não são templos de adoração ao Capeta. São grandes complexos eletrônicos formados de silício e plástico, e nada mais. O problema com elas é que elas são burras, tadinhas. Certo, elas sabem calcular coisas totalmente inúteis, como a milionésima casa decimal do pi (lembram-se do pi?) mas elas são retardadas com coisas importantes, como, por exemplo, sua pressa em relação a um trabalho escolar. Então seja compreensivo. Lembre-se que, se ela não está fazendo o melhor possível para te ajudar, é porque ela não sabe como te ajudar! Ela só sabe rodar o Windows. E male-male...
Então não desconte sua fúria na pobre tadinha. Ao contrário, ela é sua aliada, sua ferramenta indispensável. É como uma arma pra um caçador. Ou você acha que um bom caçador põe a culpa na arma? É nada, se o caçador errou o tiro, há uma enorme chance do erro ter saído de algum lugar diferente da arma. E não foi a caça, certo?

Se o seu problema não for sua boa vontade em relação ao computador, seu problema pode ser outro: suas finanças. Você deseja que seu computador consiga rodar perfeitamente a última geração do Photoshop e do Corel DRAW!, e descobriu que seu Windows dá problemas até rodando o Paciência, né? Então não existe nenhuma dose de bom-humor que salve seu dia, rapaz. Dessa vez, parece que a solução é o bom e velho capitalismo. Abra o coração (e a carteira), vá até seu centro de compras de produtos eletrônicos mais próximo (o meu, por exemplo, é a Rua Santa Ifigênia, no centro da cidade paulistana) e vá às compras. Mais memória, um HD novo, um processador potente, um teclado que brilha no escuro (afinal, beleza também é fundamental) e outros badulaques de nerdes, que a maior parte da população precisa, mas não entende. Se você comprou tudo certo e instalou tudo devidamente, seu computador deverá estar pronto para enfrentar as dificuldades do envelhecimento digital.
Os problemas que dificultam aqui, mais uma vez, nada têm a ver com o computador mas, sim, com sua condição sócio-econômico-financeira. O que quer dizer que se você for pobre, ou dedicar pouca atenção financeira ao seu computador, você tenderá a passar muito tempo irritado com ele. E se quer saber minha opinião, isso é bem-feito. Agora, se você dedicar uma parte substantiva do seu orçamento à recauchutagem, aí você verá como seus stresses diminuirão.
Por algumas semanas, talvez. Logo logo você se acostuma com a nova velocidade adquirida e vai querer ainda mais velocidade. A raça humana não consegue se enganar, sabe?
É, também ficou implícito que se você for pobre, você estará destinado a ter um computador atrasado. E viverá sucateado e marginalizado na sociedade capitalista digital. A sua saída é ser um comunista esquerdista analógico - isto é, fazendo propagandas anti-capitalistas-digitais com panfletos feitos à mão. Boa sorte. Quem mandou ser pobre? >D

Agora, chegará, às vezes, o inevitável momento em que você se estressará. Ficará nervoso. O sangue subirá ao seu cérebro como o cheiro de um pum de repolho sobe em uma sala. De repente, tudo fica turvo, seus punhos se cerram, e você explode. AAAAAAARRGHHHH!!! Pronto, você ficou nervoso.
Lembre-se, agora: não agrida o computador. Não pense em atacá-lo, em chutá-lo, em mordê-lo, em dar uma chave de braço ou um mata-leão. Desconte em outra coisa. Você tem um irmão menor, não? Expie seus problemas nele! Ou no seu mascote, ou em alguma comida por perto - dar várias mastigadas repetidas em um pedaço de pão costuma ser muito promissor.
Descontar em seu computador sua raiva tem muitas implicações perigosas. A primeira delas é que, muito provavelmente, não vai adiantar. O computador não sabe que está sendo agredido, e a única reação que ele terá ao ser agredido é não ter qualquer reação. Ele continuará fazendo o que quer que ele estava fazendo que te irritou. A não ser, é claro, que você arranje uma marreta, e desça com tudo na torre do computador. Aí, bom, ele não fará mais o que fazia. E não fará mais nada, provavelmente.
Por mais que você não o destrua perpetuamente, você pode danificar o computador. Quebrar o mouse, o teclado, sua webcam, o monitor, you name it. E vai lá você, ogro espertão, gastar mais dinheiro comprando coisas que você já comprou. As empresas de fabrico de peças de computador agradecem imensamente.

Pelo contrário, existem implicações com o esmurro de um computador que transcendem a razão e a lógica, e acho justo comentar. Primeiro, você pode estar considerando uma possível vendeta entre homens e máquinas, e pode acreditar que, eventualmente, máquinas tomarão o poder e escravizarão a raça humana (os irmãos Wachowski que o diga), e você pode decidir agredir o computador enquanto você tem tempo. Ou, talvez, você acredite, no fundo no fundo, que os computadores sabem, sim, que a gente fica irritado, e que eles ajam desse modo só para nos sacanear. É, confesso que tem horas que todo mundo acredita. E você quer penalizá-lo pelo comportamento deliberado. Então nada mais justo que agredi-lo, como punição.
Punições serão, nestes e em quaisquer outros casos, maneiras de mostras a máquina que você tem algo que elas não tem: capacidade de agressão desnecessária. Você é um ser humano, cazzo! É o que você sabe fazer! Ficar nervoso, agredir com murros e urrar! Não negue suas raízes primatas, seu parentesco com gorilas e chimpanzés! Urre! Uh! Uh! Mostre ao computador que ele não passa de um ábaco de madeira bastante frágil, nas mãos de uma criança que não sabe brincar. É um ábaco cheio de badulaques legais, é verdade. Mas é só um ábaco. E você não sabe brincar.

Para concluir, cito Steve "Woz" Wozniak, co-fundador da gigante da indústria digital, a Apple. Disse Wozniak: "Nunca confie em um computador que você não possa jogar pela janela".
O que me faz lembrar do simpático senhor alemão de Hamburg, norte da Alemanha, que jogou seu computador do sétimo andar, depois de ficar realmente revoltado. Chamaram a polícia e tudo, mas o senhor de 71 anos não foi preso. Felizmente, ele não acertou ninguém passando na rua, e pôde sair ileso. Só teve que pagar os danos causados, e recolher os cacos do computador da rua.
Se eu tivesse lançado esse manual antes do ocorrido, é provável que o simpático senhor tivesse aprendido a lição, não ficasse irritado com o seu computador e nunca o jogasse 7 andares abaixo. Mas, ah, a gente tem, no fundo, a certeza de que hoje ele é mais feliz pelo que ele fez.

Então, sei lá, maltrate seu computador, chute-o, amasse-o, esmague-o, incinere-o. Ou não, faça como o sugerido pelo Manual de hoje. Mas lembre-se, sem estresse. Deixe o estresse pra outra hora. Pro horário político, talvez. Especialmente quando você vir a cara do Presidente Lula. :P

Ouvindo:
Clocks
Coldplay
A Rush of Blood to the Head (2002)

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Feliz 2008

Buenas, galera! Começando o amável ano de 2008, mais um ano nos nossos calendários e rotinas, eh? Não é fantástico?
Eu também acho que não. :P

Continuemos nossa saga infindável: achar um tema para postar no meu blog! Aê! Interessante que recentemente parece que não vem nada de aproveitável. Até tive algumas idéias, mas, sei lá, não consegui desenvolvê-las. Seria uma crise? Oh, noes!
Não, nada de crises. Crise é coisa de emo. E eu acho que já clarifiquei - não sou emo, right? Ótimo.
Sem mais atrasos, vamos ao prato principal.

FELIZ 2008
Típico Post de Início de Ano
Com um atraso de uma semana, ele finalmente chega. :D

O ano de 2008 chegou, pessoal! Festa! Felicidade! Torta na Cara!! Cara, sinto saudades do Passa ou Repassa.
Com o ano por aí, é hora de sentar e calcular o que haverá de novo na vida. Tem essa crendice que "ano novo, vida nova" que rola solta, então todo mundo acha que tem a desculpa de poder começar tudo só porque o calendário resetou, só porque estamos em Janeiro, e ainda tem tempo suficiente até Dezembro. É a mesma história do regime que sempre começa na segunda que vem. E você lá, engordando, e come mais um pedaço enorme de pudim, porque segunda que vem é dia de começar um regime. Dos brabos.
Então, porque o ano é novo, a sua atitude vai ser completamente renovada. Vai brigar menos, vai xingar menos, vai ser um estorvo bem menor, vai se dedicar à coleta seletiva do lixo, vai abraçar a causa ambiental, vai votar em um político decente, vai aprender salsa e nunca mais vai mascar chiclete. Se possível, vai tentar acreditar de verdade em Deus e no que o padre fala. Agora vai!

Só não entendo porque o desespero em se rejuvenescer todo ano. Só por que o ano é novo, a mentalidade é nova? Eu troco de cuecas todo dia e nem por isso renovo minhas idéias. Aliás, se você tem acompanhado minha saga de escritor, notará que "renovar" e "idéias" não costumam se juntar quando é algo a meu respeito (e, que fique claro, isso não quer dizer que não troco as cuecas, hein?).
Na verdade, é raríssimo encontrar um cara que realmente consiga mudar as resoluções dele para a vida, o universo e tudo o mais só porque deu meia-noite do dia primeiro de Janeiro. A não ser que o cara ganhe na Mega Sena na primeira semana do ano, ele acabará amolecendo, e vai descobrir que o ano x+1 vai ser no mesmo ritmo do ano x.
Tá, tá bom, tem algumas exceções, é verdade. O cara que passou esse ano no vestibular, com certeza terá rotina alterada. O cara que arranjou um emprego em qualquer lugar da Eurozona também estará com o ano prometendo tremendas mudanças. E assim sucessivamente. Como estes são casos isolados na nossa esfera azulóide, é muito provável que você se encontre como o cara que vos fala: fazendo várias promessas de melhorias para o ano 2008, e descobrindo, em algumas semanas (alguns meses para quem é tapado) que não adianta, rapaz, você é você e não vai mudar.

Mas que fique explícito aqui: não vá deixar de comemorar o ano-novo só por causa disso. Vai, cara! Compre rojões! Compre bebidas! Compre pacotes de turismo e vá pra Guarujá! Compre roupas e sapatos! Movimente a economia!
No fundo, no fundo, é tudo um golpe do capitalismo: fazer da gente feliz pra gente gastar dinheiro e alimentar o monstro capitalista. Sim! É tudo uma maneira do capitalismo pra fazer a gente gastar mais e mais dinheiro, só pra gente ficar feliz. Quem quer ficar feliz, afinal? Queremos mais é que o Capitalismo morra! Mooooorra!!

Bom, falava eu da mentalidade rejuvenescedora, que eu não entendo. Pra que prometer mundos e fundos (uma expressão que eu acho fantástica, embora em desuso) por uma causa perdida? Pra que prometer fazer um regime, se nunca vai sair? Pra que prometer que o Corinthians vai sair da crise? Não, não vai dar certo, não tente enganar os outros. Você é um peso morto, um ameba sem força de vontade que não conseguiria levantar para soltar um pum. Seu bosta.
Agora, acompanhe comigo: você é um bosta, certo? Não tem força de vontade, não tem futuro, não tem jeito. Vai tentar e não vai conseguir. Vai prometer tirar boas notas e não vai dar certo. Vai prometer arranjar um emprego e uma namorada e não vai conseguir. Vai largar a internet e os doces, e vai falhar. Então, pra que tentar? Pra que se esforçar com as resoluções de ano novo? Why bother?
E já que você não vai conseguir abandonar o vídeo-game, mesmo, já que não vai tirar boas notas, abandonar o carteado, deixar de comer chocolate, sugiro que você desista de lutar com você mesmo! Isso aí! Veja, por exemplo, um cara que conheço, que não sou eu e não tem nada a ver comigo, é só um amigo de um amigo meu. Enfim, este amigo de um amigo meu adora video-game. Viciadão mesmo. Há alguns anos atrás, prometeu que ia largar o vício por causa do ano novo. O que aconteceu? O cara não conseguiu, ficou deprimido, chateado, desmotivado, sem vontade de cantar uma bela canção. Pobre dele. Mó fossa, mesmo (fala a verdade, Pammy, não é uma palavra divertida?). Passou um ano em crise, nem conseguiu passar na faculdade. No fim desse ano, não prometeu nada. Prometeu somente que iria trocar as cuecas regularmente.
Mas ele teve uma idéia, no fim de um dos anos: já que ele prometia e não rolava, decidiu prometer algo que ele daria conta! Ele prometeu que iria se esforçar para jogar ainda mais vídeo-game! Agora sim!! Ele prometeu algo que ele tinha certeza que cumpriria! Agora, esse amigo de um amigo, que não tem nada a ver comigo, vive feliz, jogando vídeo-game, com a sensação de dever cumprido e de bem com ele mesmo. Bonita história, não?

Que lição tiramos dessa bonita história? Não faça nenhuma promessa que você não vai cumprir, cabeção. O universo é injusto e joga roubando contra você, então roube você também! Arranje um objetivo bastante fácil e se agarre a ele! Coma doces feito louco! Continue desempregado e sem namorada!Não arranje um amigo! Não abrace a questão ambiental! Lembra-se do WAR? Então, em vez de 24 territórios à sua escolha, pegue um objetido do gênero "Conquistar a Oceania ou a América do Sul, ou somente um dos territórios deste continente". Agora você tem chances grandes de ganhar, certeza.
E se alguém estranhar, lembre-se de repetir: é resolução de ano-novo. Dá azar se você não cumprir. Não diz depois que você não foi avisado. Porque eu avisei. Dá um azar dos infernos :P

Ano que vem vocês me contam como foi. Estarão com menos saúde, menos amigos, menos dinheiro e, no geral, bastante acabados. Mas estarão felizes. O importante é isso! Feliz 2008!

Ouvindo:
Here Comes Your Man
Pixies
Doolitle (1989)